Amargo na Língua (versão dois)

É no contratempo da contramão contra o vento e a ilusão. Amargo na língua como anestesia para amenizar o nó da garganta e evitar o desespero. É no contrapé, na encruzilhada e as placas sem direção e sem mensagem. Amargo na língua se necessário, já que o doce não satisfaz o incômodo.
Para aqueles que nunca sentiram rasgar a garganta depois de um gole de realidade. Uma vida sem saber como é sentir a carne no vivo. Amargo na língua para chegar até os ossos.
Pelo menos ainda não sucumbi a tirania do fetiche e do valor que não me valha.
Amargo na língua dos novos poetas e poetisas que sucumbem a superficialidade da alma como se fosse uma surpresa, o doce sabor do amor ou azedo gosto da solidão.
Daqueles que caíram nas armadilhas da eticidade e moralidade, nas garras da esperança e no mal comum de sentir medo da vida. Amargo da língua acompanhado com limão rosa.
Na contrapartida entre o contragolpe e o acerto crítico, assim como sempre, no a
gora, no antes e depois. Na esquina ou no topo do pico das araras. O amargo na língua é inevitável para quem já se aventurou além dos véus da desilusão.

 

* Pasqualin é escritor e ativista cultural