tyîuka pirá îub

Diz uma lenda que os poetas desaparecidos, daqueles que nunca mais se ouve falar, descansam suas cinzas nas águas de um rio, povoado de peixes – tyîuka pirá îub – para ser de um tupi guarani mais sincero.
Em noites de breu se escuta nas brumas destas ruas, as falas estranhas desses indígenas, facilitando comunicações com flores, montanhas, estradas, riachos e insetos. Eles estão sempre à busca de um cipó que os leve aos céus, por vezes viajam de galho em galho nas asas dos sagüis, bebem o dialeto das vogais que jorram das cachoeiras e trazem, à luz das bibliotecas, pedras de brilhos filosofais.
Agradeço a minha mãe que fecundou seu óvulo por aqui e aos poetas que de pólen alimentam as arquiteturas do meu pensamento.

HOMENAGEM AOS 145 ANOS DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE PIRAJU (SP)

* Carlos Alberto Muzille é escritor e ativista ambiental e cultural