A reestruturação da Escola de Samba Juventude Alegre
Gabrielle Yumi*
Quando se passam as festividades do ano novo, o brasileiro só consegue pensar no carnaval – e na Estância Turística de Piraju não seria diferente. Tradicionalmente um dos carros-chefes do turismo local, o carnaval pirajuense atrai uma média de sete mil pessoas para o município, segundo a diretora do Departamento do Turismo da Estância Turística de Piraju, Maria Luiza de Freitas. Com esse grande público, o evento não só contém os já tradicionais blocos de rua como também os desfiles das Escolas de Samba locais. Nesse contexto, com 46 anos de história, a Escola de Samba Juventude Alegre (J.A.) recentemente sofreu uma desestabilização em sua administração, o que comprometeu sua existência. Mas agora está caminhando para uma reconstrução.
Esta história tem relação com a falta de competitividade no Carnaval do município, como disse o atual presidente da Escola, Wendel Suelio. “O setor público deixou de investir na competitividade das Escolas de Samba, e isso acabou desmotivando alguns integrantes. Além disso, alguns integrantes mais velhos foram afastados, o que deixou a Escola muito machucada”, conta o presidente. m contato com a J.A. desde 2009, Wendel, bailarino contemporâneo ligado à brasilidade do samba, decidiu assumir o comando por não querer que sua história e a da velha guarda se perdessem.
Assim, a Escola está se reerguendo por meio do constante contato entre seus integrantes (como conversas via WhatsApp e reuniões) e das resoluções em suas burocracias, como documentação e regularização.
Toda essa reestruturação serve para reerguer a J.A e também deixá-la já organizada para os futuros carnavais pirajuenses, já que o processo até chegar ao dia do desfile não é fácil. Afinal, muito antes do desfile, é necessário reunir seus integrantes, principalmente da diretoria, para chegar em um tema a ser desenvolvido artisticamente. Após isso, precisa-se elaborar eventos para arrecadar os valores que somarão na construção da apresentação. “Há um tempo, o carnaval de Piraju deixou de ser competitivo. Com isso, a verba que a Prefeitura nos repassa não é um valor muito alto para que consigamos alcançar os resultados almejados artisticamente, por isso realizamos esses eventos que somam na verba final”, conta o presidente.
Mas para além de qualquer que seja o tema escolhido para o desfile, Wendel ressalta que a Juventude Alegre sempre tenta trazer a relação dos pirajuenses com o ‘Panema’, parte muito importante para a Estância Turística. “Nossa relação com o rio é gigantesca. Primeiro porque somos do Rio Paranapanema. Temos ele em nossa história. Então é impossível dizer que a Escola Juventude Alegre não tem relação, porque vivemos isso diariamente. Essa é a história de Piraju e essa é a história do Carnaval de Piraju”, finaliza.
*Gabrielle Yumi é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS