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DDD 11 AQUI: então, toca mandelão

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

DEPARTAMENTO DE JORNALISMO E EDITORAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) de graduação em Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo, apresentado ao Departamento de Jornalismo e Editoração.

DDD 11 AQUI: então, toca mandelão: Um podcast sobre funk mandelão, subgênero do funk que ganha cada vez mais relevância entre os jovens paulistas e no mundo

AUTORA: MARA MENDES DE MATOS

São Paulo – SP – Primeiro Semestre de 2024

BANCA:

* Nome: Luciano Victor Barros Maluly  (Orientador)

Instituição: Universidade de São Paulo

* Nome: Dennis de Oliveira

Instituição: Universidade de São Paulo

* Nome: Renata Prado

Instituição: Frente Nacional de Mulheres no Funk

EPÍGRAFE

Ao funk mandelão que compõe a identidade da juventude paulista e que, enquanto arte, é uma força transformadora da realidade.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe, Cleide, que me deu a vida e muitas vezes ao longo dela não foi só meu apoio, mas minha coluna vertebral, mãos e pernas.

Ao meu pai, Raimundo, com quem compartilho o gênio e muito da minha personalidade, que sempre esteve comigo nos dias bons e ruins e não permite que eu me sinta só, porque tenho com quem contar.

Ao meu irmão, Pê, que é a pessoa que mais me entende e acredita em mim neste mundo.

À Nossa Senhora de Conceição Aparecida, Santa Rita de Cássia e São Jorge, pela proteção que mantém meu corpo fechado.

Agradeço à toda minha família, pelos pedaços que me deram para que eu me construísse como sou. À minha prima Ka, que sempre foi um espelho para mim.

À minha tia Lika, que me ensinou a lutar para ser quem eu sou. Aos meus padrinhos, Branca, Nesto, Bela e Fernando – que descansa em paz. À minha tia Regina, que me constitui de uma forma irreparável. À minha vó Diva, que sobreviveu.

Aos meus amigos todos, que ao estarem junto comigo fazem minha vida valer a pena. Ao Time, ao Clube, ao Apocalipse, ao Narrativas do Fuxico, à Kau, ao Thiago, ao Tobia, às Beatrizes, à Luma, à Jaque, à Sofia, à Larissa, à Mariana, ao Fábio, ao Keff, ao Dré, ao Edson, ao Gui Castro, ao Bento, ao Caio, ao Patrick, ao João.

Às Mães, que deram sentido à minha entrada neste curso. Só por tê-las conhecido já valeu a pena. À Isabella, pela cumplicidade; à Beatriz Sardinha, por dividir comigo um lar; à Natasha, por me manter viva.

Ao Mateus Dias, que me ensina a fazer festa com o melhor e o pior de mim e sempre me acompanha na dança. Com a gente não tem tempo ruim.

Ao Pedro Guilherme, que partiu tão cedo e deixou um rombo no meu peito, mas que continua cravado em mim e me acompanha mesmo da vida eterna.

Ao Geleca e ao Piaba, que me permitem conhecer uma alegria genuína diariamente só por existirem.

À ETESP e à cidade de São Paulo, que me deram o mundo, me deram tudo que eu preciso e que me levaram ao que eu sempre sonhei.

Ao meu companheiro, César Augusto, que me faz acreditar novamente que o amor é possível de ser vivido, com intensidade e segurança.

Ao Canil, coletivo que me abraçou e abriu portas para que eu pudesse me expressar como sempre sonhei. Sem eles, não haveria DJ Mist, e se não fosse também por eles eu não teria ganhado o ânimo e coragem para conclusão deste curso. Ao Bruno Oliveira, que se manteve ao meu lado da primeira vez em que toquei numa CDJ.

Ao meu psiquiatra, Dr. Silvio José de Oliveira, que salvou minha vida e me permite viver com mais dignidade.

Às fontes do meu trabalho: DJ K, DJ Bonekinha Iraquiana e Thiagson, que foram essenciais para essa produção. À Renata Prado, por ter me ensinado tanto sobre a História do funk.

À tia Idelma, que me alfabetizou. À professora Glória, que me ensinou que a História é um processo. Ao professor Rogério, que, muito além de lógica e programação, me ensinou a confiar em mim mesma. À professora Mônica de Fátima Rodrigues, um fragmento tão grande de calor.

Ao meu orientador Luciano Maluly, o professor mais vivaz e que mais incentiva os alunos no Departamento. Agradeço pela amizade, fundamento e suporte. Não poderia ter escolhido nenhum outro para dar fim a esta jornada.

Aos amigos jornalistas, Mateus de Souza Dias e Carlos Eduardo Everton, por terem me emprestado vossas vozes que eu tanto amo para vinheta desta produção, e Beatriz Sardinha, por ter concedido seu dom à arte do programa no Spotify. Ao Gabriel Guerra, que me ensinou a editar áudio.

A mim, que não desisti.

Por fim, adapto uma citação de Henfil, para traduzir um sentimento caríssimo destinado aos meus queridos com quem cruzo cotidianamente e podem não imaginar o quanto exercem sobre mim: por terem gostado muito de mim, me deram confiança para viver e segurança para me exibir. Não tenho mais medo de ser ridícula, não tenho mais medo de morrer. Porque sou amada.

RESUMO

Desde sua chegada no Brasil, por volta dos anos 1970, o funk já teve diversas caras. Uma de suas mais recentes chega com o nome, ou “vulgo”, de funk mandelão ou funk bruxaria. O subgênero mistura sons criados por equipamentos e instrumentos eletrônicos às batidas tradicionais do funk e se populariza cada vez mais no país e no mundo. Ao explodir graves, com uma batida pesada e repetições marcantes, as composições demonstram sua grandiosidade e excepcionalidade. Não à toa, o estilo vem conquistando espaços respeitados na celebração da cultura, como o famoso website e revista virtual estadunidense Pitchfork e já chegou a tocar até no Festival de Cannes. Este trabalho é o episódio piloto de uma produção em formato de podcast, dividida em três episódios, dedicado a esse subgênero que é uma peça importante da rotina e cultura de jovens paulistas, além de uma possibilidade de entrada em novos espaços, principalmente os mais elitizados, e como caminho para cumprimento de sonhos que antes pareciam distantes. O que é o funk mandelão e como ele faz parte da identidade do funk paulista é o que se propõe a desbravar este trabalho.

Palavras-chave: funk, mandelão, bruxaria, cultura, identidade, São Paulo.

ABSTRACT

Since its arrival in Brazil around the 1970s, funk music has taken on various forms. One of its most recent incarnations comes with the name “mandelão funk” or “witchcraft funk”. This subgenre blends sounds created by electronic equipment and instruments with the traditional beats of funk, gaining popularity in Brazil and around the world. By exploding bass, with a heavy beat and striking repetitions, the compositions demonstrate their grandeur and uniqueness. Not surprisingly, the style has been gaining respected spaces in the celebration of culture, such as the famous American website and virtual magazine Pitchfork, and has even reached the Cannes Film Festival. This work is the pilot episode of a podcast production, divided into three episodes, dedicated to this subgenre, which is an important piece of the routine and culture of young people from São Paulo, as well as a gateway to new spaces, especially more elitist ones, and as a path to fulfilling dreams that once seemed distant. Exploring what mandelão funk is and how it is part of the identity of São Paulo funk is what this work sets out to do.

Keywords: funk, mandelão, witchcraft, culture, identity, São Paulo.

INTRODUÇÃO

O funk é um dos gêneros musicais mais populares no Brasil. Em 2023, o Wrapped, tradicional retrospectiva de final de ano do Spotify, streaming de música mais consumido no mundo, apontou registrou o ritmo em quarto lugar entre os mais ouvidos no país.

O ritmo foi trazido para o Brasil diretamente dos Estados Unidos, no final dos anos 1970, como uma variação da soul music. Os anos se passaram e as músicas sofreram diversas transformações técnicas e culturais.

Aos poucos, os sons que antes eram consumidos quase exclusivamente nos bailes de rua começam a ganhar espaço também nas casas noturnas, academias e tantos outros lugares. Mais importante, cada parte do país começa a ter um funk próprio. O gênero ganha uma identidade própria em cada localização geográfica e, em São Paulo, também se caracteriza de forma excepcional.

Seja na forma de funk ostentação, consciente ou mandelão, fato é que ele faz parte da identidade de São Paulo, em especial de seus jovens. Além disso, enquanto expressão artística, a música impacta não só a constituição individual, como a socialização e a realidade material de seus ouvintes.

O funk mandelão já se consolidou como um subgênero relevante não somente nas terras paulistas, mas também pelo país afora. Mais presente do que em outros estados do Brasil, esse nicho que se debruça bastante sobre a música eletrônica cada vez mais se associa diretamente à identidade cultural paulista.

Este trabalho busca abordar a definição do funk mandelão de São Paulo, seus aspectos técnicos e culturais, apresentar alguns dos responsáveis pela produção desse estilo de música, trazer relatos dos bastidores, fazer um mapa temporal e geográfico dos acontecimentos e coletar o máximo de informações possíveis sobre os artistas e ouvintes.

Ainda que muito estigmatizado, o funk mandelão cumpre, a meu ver, um papel importante na disseminação de lazer e cultura. Há grande importância em contar a história do ritmo e de seus ouvintes sem tabus e preconceitos.

Poucas ou quase inexistentes são as produções sobre o valor musical e cultural do mandelão ou sobre seu papel na identidade dos jovens paulistas e a crescente repercussão do gênero recuperação em uma plataforma de áudio.

Por isso, esta produção foi feita em formato de um podcast e será apresentado o episódio piloto de uma série idealizada em três episódios para o programa Universidade 93,7 da Rádio USP.

O programa dá voz também aos artistas que iniciaram suas trajetórias na música de forma independente e hoje conseguem viver do fruto de suas produções artísticas. Os DJS brasileiros têm conquistado seu espaço com mérito não somente em seu próprio país, como no exterior, onde a música experimental salta os olhos.

A ascensão do subgênero pode não ser uma esperança somente para os produtores das músicas, mas também para os ouvintes. Mais distante das influências mercadológicas, o funk mandelão é para aqueles que escolhem ousar, no que fazem e no que consomem.

OBJETIVO

Destacar o valor musical e cultural do mandelão, seu papel na identidade do funk paulista e a crescente repercussão do gênero. Além disso, busca-se uma definição para o subgênero e também contar a história do ritmo, dos artistas envolvidos e de seus ouvintes sem tabus e preconceitos.

O episódio tem cerca de 29 minutos.

METODOLOGIA

Primeiramente, sou ouvinte assídua de funk e, em especial, de funk mandelão. O ritmo fez e faz parte da minha vida e construção de identidade. Consumi notícias sobre artistas importantes do subgênero e produtos audiovisuais, para referência.

A principal forma de captar as informações será por meio de entrevistas. Eu mesma realizei todas as entrevistas utilizadas no programa.

As fontes foram escolhidas considerando sua familiaridade e relevância para com o subgênero. Os artistas são duas referências, uma masculina e outra feminina. Há ainda um estudioso de funk e os depoimentos de ouvintes do funk mandelão.

Considerando que o gênero ainda é pouco documentado, os depoimentos das personalidades envolvidas com sua origem são de suma importância. Além disso, fui em busca de arquivos sonoros ou escritos que pudessem embasar o conteúdo.

Depois disso, transcrevi as entrevistas, fiz o roteiro do programa e gravei minhas sonoras. Ao fim, fiz a edição de áudio e adicionei os respectivos efeitos sonoros e músicas, prezando por um produto final com qualidade em termos de técnica e de conteúdo.

Também foi de suma importância conceitual para minha produção a realização do curso História do funk no Brasil, no Centro de Formação e Pesquisa do Sesc São Paulo. A funkeira e pesquisadora Renata Prado é responsável pela formação de boa parte do panorama histórico que dá base ao meu trabalho.

As músicas foram escolhidas para ambientar o ouvinte da produção, que deve localizar-se quanto ao gênero e sentir suas peculiaridades.

Os jornalistas Mateus Dias e Carlos Eduardo Everton contribuíram com a produção da vinheta deste programa, emprestando vossas vozes. Beatriz Sardinha foi a responsável pela capa do programa para veiculação no Spotify.

A escolha do título da série “DDD 11 aqui: então, toca mandelão” é uma referência ao código de área de São Paulo, ambiente que gestou o funk mandelão.

São referências para minha criação podcasts como o “Rádio Novelo Apresenta”, realizado pela Rádio Novelo; o “O Ateliê”, produzido pelo Chico Felitti; o “É nóia minha?”, da Camila Fremder.

PERSONAGENS

Para este trabalho, foram escutadas seis pessoas relacionadas com o funk mandelão:

* Caique Silva, 22 anos, morador de São Caetano do Sul, São Paulo (SP).

* Gabriel de Luca, 21 anos, morador de São Bernardo do Campo, São Paulo (SP), estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade de São Paulo.

* Kaique Alves Vieira, o DJ K, 23 anos, morador de Diadema, São Paulo (SP), é DJ e produtor musical.

* Leticia, a DJ Bonekinha Iraquiana, 22 anos, moradora de Santos, São Paulo (SP), é DJ e produtora musical.

* Maria Helena Martins, 22 anos, moradora da Zona Sul de São Paulo, é DJ residente da Ralachão e da BlackHop.

* Thiago Barbosa, o Thiagson, morador de Santo André, São Paulo (SP), é formado em música clássica e fez doutorado em funk na Universidade de São Paulo.

O PROGRAMA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi fruto, primeiramente, de fortes motivações pessoais. Particularmente, me identifico muito com assuntos do universo musical e cultural, em especial com o funk paulista, que fez e faz parte da minha vida e construção de identidade.

Também gosto do trabalho de pesquisa documental unido à prática jornalística. Além disso, a produção foi pensada para ser um produto em áudio, formato com que me identifiquei ao longo da graduação. Não há como falar do Mandelão, sem mostrar suas particularidades sonoras.

Para mim, é uma realização muito grande finalizar o curso de Jornalismo falando de uma manifestação artística que faz parte do meu cotidiano. Não só como indivíduo, mas também na minha atuação como DJ.

Creio que a escolha pelo formato de podcast foi certeira, já que é notável o poder que o formato de rádio tem em delinear emoções e possibilitar um aspecto mais palpável para as pautas, em especial às relacionadas com a música.

São poucos os registros relacionados ao funk mandelão, sua definição e aspectos técnicos. Se feito em texto, o trabalho não teria o dinamismo pelo qual lutei desde o início e a possibilidade de levar adiante os sons para quem não conhece.

Para mim foi uma honra entrevistar minhas referências na música, DJ K e DJ Bonekinha Iraquiana, e uma grande referência intelectual, como o Thiagson. Iniciei o curso com a ideia de dar voz a quem não possui a partir do meu trabalho. Me frustrei, no caminho, mas essa produção me deixa com a sensação de dever cumprido e esperança.

Esperança, principalmente, de que a arte seja levada à sério, de que a arte experimental tenha seu valor reconhecido, de que a cultura periférica e negra ganhe seu espaço e que os agentes envolvidos em sua criação possam contar suas histórias.

REFERÊNCIAS

BALBINO, Jéssica.  A CULTURA DO FUNK. Splash UOL, 2021. Disponível em: <https://www.uol.com.br/splash/reportagens-especiais/funk-estetica-do-caos/#cover>

CHAGAS, Inara.  Como o funk surgiu no Brasil e quais são suas principais polêmicas?. Politize, 2018. Disponível em: <https://www.politize.com.br/funk-no-brasil-e-polemicas/>

DAYRELL, J.. (2002). O rap e o funk na socialização da juventude. Educação E Pesquisa, 28(1), 117–136. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1517-97022002000100009>

IBARRA, Pedro.  Saiba como o funk brasileiro tem conquistado os ouvidos dos gringos. Correio Braziliense, 2024. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-arte/2024/01/6782423-saiba-como-o-funk-brasileiro-tem-conquistado-os-ouvidos-dos-gringos.html>

REDAÇÃO. Spotify Wrapped 2023: Ana Castela é artista mais ouvida do Brasil. Estadão, 2023. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/cultura/musica/spotify-wrapped-ana-castela-e-artista-mais-ouvida-do-brasil-veja-ranking-nprec/>

SMITH, Nadine. The São Paulo producer pushes Brazilian funk to horrorcore extremes, coliding Lil Uzi Vert and Halloween samples into a dizzying metalic symphony. Pitchfork, 2023. Disponível em: <https://pitchfork.com/reviews/albums/dj-k-panico-no-submundo/>

SOLOS. Direção de Pedro Vargas. São Paulo: Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), 2023. Digital.

TYRONE, AhTyrone. Respondendo a @tutuba01. [@ahtyrone_]. 27 mar. 2024. [Vídeo]. TikTok. Disponível em: <https://vm.tiktok.com/ZMrR8Y7n5/>

TYRONE, AhTyrone. Sem título. [@ahtyrone_]. 22 mar. 2024. [Vídeo]. TikTok. Disponível em: <https://vm.tiktok.com/ZMrR8RSx4/>

VELOSO, Vinícius.  Funk paulista vira sucesso na Europa com sonoridade mais eletrônica. Metrópoles, 2024. Disponível em: <https://www.metropoles.com/entretenimento/musica/funk-paulista-vira-sucesso-na-europa-com-sonoridade-mais-eletronica>

APÊNDICES

APÊNDICE A – Lista de imagens

Imagem 1 – Entrevista com o DJ K, realizada no dia 18 de abril de 2024

Imagem 2 – Capa do álbum “PÂNICO NO SUBMUNDO”, de DJ K (Créditos: Reprodução)

Imagem 3 – Avaliação da Pitchfork para o álbum do DJ K (Créditos: Reprodução/Pitchfork)

Imagem 4 – DJ Bonekinha Iraquiana (Créditos: Reprodução/Instagram)

Imagem 5 – Página de vendas de ingressos da Frenesia, festa em que conheci a DJ Bonequinha e em que estávamos juntas na mesma line up (Créditos: Reprodução/Cheers)

Imagem 6 – Eu, DJ Mist, durante meu set na Frenesia (Créditos: Luana Franzão)

Imagem 7 – Cena do filme “Solos”, de Pedro Vargas, que representou a América Latina no Festival de Cannes em 2023 e tem “Set de Final de Ano”, do DJ Blakes, como trilha sonora (Créditos: Reprodução/Pedro Vargas)

Imagem 8 – Artigo alemão de entrevista com Thiagson (Créditos: Reprodução/Instagram)

Imagem 9 – Curso de História do funk no Brasil, oferecido pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo, com Renata Prado (Créditos: Mara Matos)

Imagem 10 – Capa do podcast para veiculação no Spotify (Créditos: Beatriz Sardinha)

APÊNDICE B – Roteiro Episódio Piloto

A que se propõe o funk mandelão?

TEC VINHETA INÍCIO UNIVERSIDADE 93,7

TEC VINHETA DDD 11 AQUI

LOC 

+ (?) Ouvindo funk por aí, será que você já chegou a ouvir o funk mandelão?

TEC MÚSICA “SET DE FINAL DE ANO – DJ BLAKES”

LOC

+ Este estilo de funk com graves pesados, agudos estridentes espancando seus ouvidos e letras muito mais que explícitas é conhecido como funk mandelão ou funk bruxaria e vem ganhando cada vez mais popularidade entre os ouvintes do gênero. 

TEC ENTREVISTA MARIA HELENA 

TEC ENTREVISTA CAIQUE 

TEC ENTREVISTA MARIA HELENA 

TEC ENTREVISTA CAIQUE 

TEC ENTREVISTA MARIA HELENA 

LOC

+ A experiência do Caique e da Maria Helena ilustram a experiência de diversos outros jovens paulistas que tiveram contato com o funk mandelão.

+ Podem ter gostado logo de cara, podem ter não gostado logo de cara, mas hoje consomem este estilo de música.

TEC MÚSICA “CORNETA DE MAFIOSO – DJ PABLO RB”

LOC

+ Para além dos bailes funks, onde nasceu o som, festas diversas destinam agora momentos de sua pista somente para esse subgênero ensurdecedor e tão sinestésico. 

+ Eu sou Mara Matos, estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP, e este é o primeiro episódio do “DDD 11 aqui: então, toca mandelão”.

+ O que eu quero é justamente falar sobre o que é o funk mandelão, ou funk bruxaria para alguns, e apresentar quem está por trás da produção desse subgênero. 

+ Mas, ninguém melhor para nos dar uma definição para o funk mandelão do que um doutorando em funk. 

+ (?) Doutorado em funk? Isso existe? Na verdade, sim. 

+ Por mais renegado que seja o funk e que seus ouvintes sejam constantemente marginalizados, o gênero tem, sim, um enorme valor cultural e intelectual. Isso é parte do que desbravaremos ao longo deste programa.

TEC APRESENTAÇÃO THIAGSON

TEC ENTREVISTA THIAGSON (AÚDIO 1)

LOC

+ O surgimento de um funk paulista com identidade própria é datado por volta da metade dos anos 1990. 

+ A força criativa se concentrava não só na região metropolitana do estado, mas também na baixada, mais especificamente na baixada santista. 

+ À princípio, era uma mistura do funk do Rio de Janeiro com o rap, que estava em alta na época, com destaque para nomes como Racionais MCs e RZO. 

+ De lá para cá, o funk paulista já teve diversas facetas.

TEC ENTREVISTA THIAGSON (AÚDIO 2)

LOC

+ Mas, seja na forma de funk ostentação, consciente ou mandelão, fato é que ele faz parte da identidade de São Paulo, principalmente da juventude paulista.

+ O funk mandelão, que recebe este nome em homenagem ao Mandela ou Baile do Mandela, famoso baile funk paulista, popularizado pelo MC Kekel naquela música… fui partiu aonde é o mandela, conhece?

+ Então, o funk mandelão reúne as diversas caras que o funk paulista já teve e junta todas essas referências com outras, criando um estilo único, em que a experimentação é a lei. 

TEC ENTREVISTA THIAGSON (AÚDIO 3)

LOC

+ Não é à toa que o subgênero também é conhecido como funk bruxaria. 

+ Ao misturar diversas referências e aplicar timbres, sons de sintetizador e de percussão agressivos, muito distorcidos e bem barulhentos, cria-se essa atmosfera encantada e propositalmente amedrontadora. 

+ O DJ e produtor Tyrone, publicou recentemente um conteúdo bem explicativo sobre essa parte mais técnica do subgênero em sua conta do TikTok

TEC ÁUDIO AHTYRONE

LOC

+ E ao falar em funk bruxaria ou mandelão é impossível não pensar imediatamente em um nome específico. 

+ Ele, que ganhou o título de bruxo, e sabe mais do que ninguém como produzir a bruxaria tão característica do subgênero, DJ K. 

TEC MÚSICA “RENK RENK: OLHA O BARULHINHO DA CAMA”

TEC APRESENTAÇÃO DJ K

TEC ENTREVISTA DJ K (10:31-11:02)

LOC

+ Nascido em Diadema, periferia de São Paulo, seu disco “PANICO NO SUBMUNDO” vem sendo muito bem cotado desde seu lançamento, em julho de 2023. 

+ Para surpresa de alguns, o primeiro contato de Kaique com produção de música foi dentro da igreja. 

TEC ENTREVISTA DJ K (11:25-11:51)

LOC

+ O pai foi quem deu a ele muitas de suas referências musicais.

+ Mas, foi seu tio o responsável por inserir Kaique no universo musical efetivamente. 

+ Como acompanhante do tio nos shows em que ele trabalhava, começou observando tudo dos bastidores, tanto nos estúdios quanto no palco. 

TEC ENTREVISTA DJ K (12:15-12:49)

LOC

+ Mas, mesmo depois de inserido no universo do funk, como DJ e produtor, ele não escolheu o funk mandelão. O funk bruxaria lhe foi dado, na verdade. 

TEC ENTREVISTA DJ K (13:18-14:04)

LOC

+ Como ele mesmo já adiantou, muitas das suas referências para produção vieram de um ritmo que é colocado constantemente em contraposição, disputa e antítese ao funk: o rock. E por que não usar dessa ironia?

TEC ENTREVISTA DJ K (14:42-15:53)

LOC

+ Todo esse arcabouço do DJ K foi sendo aprimorado até chegar em seu resultado mais refinado. 

+ Não no sentido de etiqueta, essa nem é a ideia. 

+ Mas, no sentido de aperfeiçoamento. 

+ Seu álbum de maior repercussão, que eu citei anteriormente, foi produzido despretensiosamente em três dias. 

+ Como era de se esperar, cada faixa com um som mais denso que o outro, uma letra provocativa daqui e outra acolá… E assim nasceu.

TEC ENTREVISTA DJ K (16:10-17:24)

LOC

+ E se engana quem pensa que só homem produz e toca funk. 

+ Se no funk “tradicional” por assim dizer o lugar das DJs e produtoras já é restrito, em um estilo mais pesado imagine só se o espaço é dedicado facilmente a elas. 

+ Mas, tem mulher tocando funk mandelão, sim.

TEC MÚSICA “BOLHA X AUTOMOTIVO OF STARS – DJ JHEFFH & DJ BONEKINHA IRAQUIANA

TEC APRESENTAÇÃO DJ BONEKINHA IRAQUIANA

TEC ENTREVISTA DJ BONEKINHA IRAQUIANA (ÁUDIO 1) (00:13-02:34)

LOC

+ Eu, Mara, conheci a DJ Bonekinha Iraquiana em uma festa de uma das empresas juniores da minha faculdade em que nós duas tocamos, a Frenesia. 

+ Opa, esqueci de mencionar, eu também sou DJ nas horas vagas e toco funk mandelão.

+ Talvez agora faça ainda mais sentido a escolha da discussão do nosso programa. 

+ Mas, voltando ao assunto, quando ouvi a Leticia tocando na Frenesia fiquei encantada não só pela sua desenvoltura, pela minha afinidade pré existente com o funk mandelão, mas também por ver uma mulher como headliner da festa tocando funk e tocando funk pesado.

+ Estando inserida nesse universo, a gente sabe que a experiência não foge muito do que é o mundo afora, completamente diferente para homens e mulheres. 

TEC ENTREVISTA DJ BONEKINHA IRAQUIANA (ÁUDIO 6) 

TEC ENTREVISTA DJ BONEKINHA IRAQUIANA (ÁUDIO 7) 

LOC

+ Mas, uma coisa comum que acredito que qualquer DJ de funk mandelão já passou é receber pedidos por alguma coisa “mais soft” ou por funks hits do momento. 

+ Eu, particularmente, acredito que tocar músicas conhecidas no TikTok é muito mais fácil e mais palatável para qualquer público. 

+ Só não é o nosso propósito. 

+ Mesmo assim, como vemos, o funk mandelão ganha cada vez mais espaço dentro do funk, nas lines das festas por aí, entre o público e _spoiler_ até internacionalmente. 

TEC ENTREVISTA DJ BONEKINHA IRAQUIANA (ÁUDIO 5)

LOC

+ (?) E ao longo de todo esse programa você pode ter se perguntado quem é o público deste tal funk mandelão, funk bruxaria?

+ E, já que a Letícia falou em sentir a música, entender a “brisa” de cada um, vamos tentar descobrir o que esses ouvintes sentem quando estão ouvindo o funk mandelão. 

TEC ENTREVISTA GABRIEL DE LUCA

LOC

+ Você ouviu agora um depoimento do Gabriel de Luca, um colega da faculdade, estudante do curso de Publicidade e Propaganda, na ECA também.

+ E isso foi só uma palinha da discussão que a gente vai ter no próximo episódio, dedicado especialmente aos ouvintes de funk.

+ Vamos descobrir, para além de quem eles são, onde vivem, o que eles fazem… Como o subgênero faz parte de sua identidade ou não… Qual é sua percepção dos artistas… e do próprio gênero.

+ Nos vemos logo menos, não saia daí. 

+ Um forte abraço e vejá só, mais um dia todo seu (referência à Sou + Você – Racionais MC’s), para curtir o bom e novo mandelão original.

TEC MÚSICA “ASSOBIO DERRUBA HELIOPOLIS – DJ KS 011, DJ LUKINHAS 07”

TEC VINHETA DDD 11 AQUI

TEC VINHETA FIM UNIVERSIDADE 93,7