A coleção
A classificação das espécies de teleósteos foi realizada segundo Figueiredo and Menezes (1978, 1980, 2000), Menezes and Figueiredo (1980, 1985) Figueiredo et.al (2002), Menezes et al. (2003), Bernardes et al. (2005) e Nelson (2006).
O otólito esquerdo de cada par foi usado para as medidas e fotografias. Sempre que disponíveis na coleção foram selecionados para desenho e fotos três otólitos representativos do menor, intermediário/médio e máximo comprimento dos peixes, visando descrever variações ontogênicas. Para realçar as feições, os otólitos foram cobertos com grafite em pó, sendo preparados desenhos das faces interna externa e perfil da região ventral dos mesmos.
Os desenhos foram realizados com o auxílio de câmara clara, sob luz incidente, em papel vegetal e posteriormente passados a nanquim através da técnica do pontilhismo. Posteriormente tais desenhos foram digitalizados e pranchas foram organizadas para cada espécie.
As imagens fotográficas foram tomadas dos mesmos otólitos desenhados anteriormente, nas mesmas posições, em equipamento Discovery V12 Carl Zeiss.
Para a análise morfológica foram selecionados ao acaso, de cada espécie, sempre que existentes na coleção, 10 otólitos por classe de comprimento total (Ct), abrangendo toda a amplitude de tamanhos dos peixes disponíveis. Quando o número de otólitos da classe de comprimento era inferior a 10, foram analisados todos os exemplares existentes na coleção.
Os caracteres morfológicos analisados e a terminologia adotada seguiram Assis (2004) e Tuset et al. (2008) com modificações e constam, em parte, da figura abaixo, referente a espécie Selene setapinnis:
Cada otólito foi examinado por três (3) pesquisadores, sob estereomicroscópio, sendo analisadas as seguintes feições: 1) formato do otólito; 2) formato da região anterior; 3) formato da região posterior; 4) bordas dorsal e ventral; 5) posição do sulcus acusticus; 6) orientação do sulcus acusticus; 7) abertura do sulcus acusticus; 8) morfologia do sulcus acusticus; 9) morfologia do colliculum; 10) morfologia do ostium; 11) morfologia da cauda; 12) perfil do otólito; 13) relação do rostrum e antirostrum; 14) desenvolvimento do rostrum e antirostrum; 15) desenvolvimento do pseudorostrum e do pseudoantirostrum. Após avaliação conjunta pelos três analisadores, os resultados obtidos para cada característica, de todos os otólitos analisados, foram organizados em tabelas e gráficos. Para cada um dos 15 caracteres foram calculadas as frequências de ocorrência dentro de cada classe de comprimento e entre as classes de comprimento, aplicando-se, posteriormente, teste de X² múltiplo para evidenciar possíveis diferenças estruturais dentro das classes de comprimento e ao longo do desenvolvimento da espécie e/ou a nível específico (nível de significância igual a 0,05) (Zar 2010).
Para a analise morfométrica dos sagittae, dos mesmos otólitos analisados para a morfologia, foram obtidos dados do comprimento (Co - maior distância no eixo anteroposterior), da altura (Ao - maior distância no eixo dorsoventral), da espessura (Eo - medida variável de acordo com a concavidade do otólito), do perímetro e da área, com auxilio do software AxioVision 4.8 disponível no equipamento Discovery V12 Carl Zeiss, a partir de fotos da face interna e fotos do perfil ventral das estruturas. A análise das medidas obtidas para cada espécie foi realizada segundo proposta de Tuset et al. (2006, 2008).
A partir dos dados de perímetro e área, foram calculados os índices de circularidade (Ci) e/ou retangularidade (Re): Ci=P²/A (onde, Ci=circularidade; P=perímetro; A=área); Re=A/(CoxAo) (onde, Re=retangularidade; A=área; Co=comprimento do otólito; Ao=altura do otólito).
Índices de forma foram calculados utilizando-se razões entre as medidas dos otólitos e entre o comprimento dos otólitos e o comprimento do peixe, a saber: Co vs Ct (onde, Co=comprimento do otólito; Ct=comprimento total do peixe); Co vs Ao (onde, Ao=altura do otólito); Co vs Eo (onde, Eo=espessura do otólito); e Ao vs Eo.