Até
o dia 20 de dezembro, os funcionários da USP devem
receber a segunda parte do 13o salário. O abono, que
beneficia cerca de 54 milhões de brasileiros e que
segundo o Dieese (Departanmento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos) injeta 40,2 bilhões
na economia, não poderia chegar num momento melhor,
os meses de novembro e dezembro, período em que se
gasta muito com compras de Natal e quando as pessoas costumam
elaborar planos pessoais para o novo ano que está por
vir.
É
exatamente em planos para 2005 que o funcionário da
biblioteca da Esalq Carlos Eduardo Otoni pretende destinar
seu 13o salário. Aos 21 anos de idade e morando com
os pais, Otoni tem poucos gastos e seu salário é
aplicado na formação educacional. "Uso
a maior parte do dinheiro que recebo ao longo do ano para
pagar a faculdade", explica. Mas nesse início
de 2005, o estudante pretende usar o abono para tirar a carta
de motorista, algo que ele já quer fazer desde os 18
anos. "Já passou da hora", brinca.
Mas
é preciso tomar muito cuidado no fim de ano. O
dinheiro a mais que chega nesse período, aliado
à febre de consumo do Natal, pode formar uma combinação
perigosa. Aí, é preciso se policiar, pois
dezembro é uma época de muitos gastos extras
e não há nada pior que entrar em 2005 já
endividado. Na maioria das famílias, por exemplo,
é comum gastar um bom dinheiro na preparação
das ceias de Natal e Ano-Novo. Para Ricardo |
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Humberto da Rocha, doutorando em finanças na FEA
(Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da USP) e professor da FIA (Fundação
Instituto de Administração), uma das maneiras
para não entrar em 2005 com a conta no vermelho
é saber administrar seus gastos. "Todo ano
nós temos Natal e Ano-Novo, ainda assim, ninguém
abre uma conta em abril ou maio para colocar um dinheirinho
todo mês para esses gastos", afirma o professor.
"É preciso ter mais disciplina." |
Em
dezembro, a criançada também é uma fonte
de despesas a ser considerada. E o pior é que, por
mais comportados que eles sejam durante o ano, o Papai Noel
nunca chega para os pais. E ai de quem falar para os filhos
que nesse ano o bom velhinho não vai chegar. A solução
é limitar o preço dos presentes para não
frustrar as expectativas dos pequenos e, principalmente, avisa
Rocha, "evitar as compras com cartão de crédito
ou entrar no cheque especial". Segundo ele, essa opção
de crédito dos bancos acaba se tornando uma armadilha
se não for usada da maneira correta. "O indivíduo
que ganha 2 mil reais por mês, por exemplo, e recebe
um limite de mais 2 mil acredita que tem 4 mil reais na conta.
Na verdade, essa outra metade é um dinheiro para ser
usado para uma emergência", explica o professor.
"Alguns bancos cobram até 12% de juros ao mês
no cheque especial", alerta.
Esse
desejo consumista de fim de ano está relacionado
com o modo de pensar do trabalhador que, assim que consegue
um emprego formal e ganha alguma renda fixa, passa também
a gastar mais. "Nós temos o hábito
de atrelar o consumo ao ganho: se eu ganho mais, vou gastar
mais. A gente não costuma atrelar a poupança
ao ganho: se eu ganho mais, vou poupar mais." |
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Mas
o destino do 13o salário não se limita apenas
aos gastos de Natal e Ano-Novo. Nem bem o trabalhador digeriu
a ceia de fim de ano, já é hora de se desdobrar
para pagar as contas de janeiro e fevereiro. Sair para as
merecidas férias na praia ou, para quem tem automóvel,
é hora de acertar as contas com o IPVA (Imposto sobre
a Propriedade de Veículos Automotores) e renovar o
seguro do carro. Pais com filhos em escola particular nessa
época do ano já estão pensando na matrícula
e na famosa lista de material escolar. Tudo isso sem contar
os gastos constantes como aluguel, conta de telefone, luz
e o carnaval que está chegando.
A
matrícula dos filhos no colégio não
é um problema que atinja André Luís
Barnabé. Com as crianças estudando em escola
pública, o 13º salário do auxiliar
de administração da Química de Ribeirão
Preto vai ter outra finalidade. "Vou aproveitar esse
dinheiro extra para quitar algumas dívidas, como
a do condomínio", conta. Para Rocha, usar
o abono para se livrar das dívidas deve ser uma
prioridade. |
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"É interessante para quem estiver com dificuldadesde
pagar uma dívida conversar com o gerente do banco,
verificar se não tem como renegociar esse valor
para pagar em prestações durante três
anos, ou algo do tipo", aconselha. |
Situação
semelhante vive Aline Macedo, auxiliar acadêmico da
Escola Politécnica e que desde o começo do ano
está financiando a sua casa própria. Parte do
abono de final de ano vai ser usado para saldar algumas prestações
atrasadas, "Esse é o preço da liberdade",
comenta. O que sobrar desse dinheiro, Aline pretende colocar
numa poupança. Segundo Rocha, esse pode ser um ótimo
destino para o 13º salário. "Se a pessoa
não tem muito conhecimento sobre investimentos, a melhor
alternativa é mesmo a caderneta de poupança
por ser mais segura que outros fundos", recomenda.
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