![Créditos: Francisco Emolo](ilustras/conheca02.jpg)
A mata muito densa atrapalha o funcionamento do GPS
![Créditos: Francisco Emolo](ilustras/conheca003.jpg)
“Temos aproveitado as grandes obras para conhecer um pouco mais sobre a pré-história
da região de São Paulo”, diz o professor Di Blasis
|
|
As ferramentas
do dia-a-dia são
os aparelhos de localização
(bússola e GPS) e os objetos para
escavar e peneirar a terra. A força,
quem dá, são os funcionários
de serviços gerais do museu. A
cada 50 metros na mata, um buraco de
80 centímetros é aberto
para os olhares treinados identificarem
peças que possam indicar ocupação
de populações anteriores.
A expectativa para a Grande São
Paulo é encontrar sinais de povos
indígenas, como pontas de flecha,
cerâmica ou restos de pedras usadas
na fabricação de artefatos
do gênero. A partir disso, as características
de nossos ancestrais são estudadas.
O roteiro analisado pela USP ainda não
revelou nenhum sítio de grande
significância, pois a área
de morros (ou “pirambeiras”, como preferem
os arqueólogos) não favorecia
a ocupação humana. O palpite é que
os antigos moradores estivessem concentrados
no vale hoje alagado pela Represa Billings.
“Em São Paulo, a porção entre os rios Tietê e Pinheiros são as privilegiadas para se encontrar vestígios”, garante Paulo Di Blasis, professor do MAE e coordenador do projeto de buscas no Rodoanel. “Mas na área urbana, com a grande ocupação, a maior parte dos vestígios já foi destruído.”
O material arqueológico é patrimônio
público e protegido por lei. Grandes
obras com potencial para impactar o ambiente
são obrigadas a fazer um levantamento
que examine a área e, se houver
indícios, iniciam-se as escavações
para estudar os achados. As buscas no
futuro trecho do Rodoanel são
resultantes de uma parceria entre a USP
e a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário
S.A.), empresa responsável pelas
obras. |
![divulgação](ilustras/conheca04.jpg)
“O
nosso museu é o centro com maior
concentração de arqueólogos
no País.”
|
|
Já as pesquisas
arqueológicas de cunho acadêmico
são financiadas por órgãos
públicos como a Fapesp (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo) e CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico), além de outros
contribuintes esporádicos. Os gastos
com logística e recursos humanos
não são baratos, e o trabalho
de busca, coleta e exame laboratorial de
peças consomem tempo. Assim, 600
mil reais e dez anos são um preço
razoável na área.
A USP tem projetos em São Paulo,
Rio de Janeiro, Paraná, Minas
Gerais, Goiás e Rio Grande do
Sul, mas os principais estão em
Santa Catarina e Amazonas. “A maioria
da população acha que arqueologia é coisa
da Grécia ou do Egito, e não
sabe que existe uma pesquisa intensa
aqui no Brasil”, afirma o professor
do MAE Eduardo Góes, que coordena
trabalhos há 16 anos no Amazonas.
O Museu de Arqueologia e Etnologia da
USP surgiu em 1989 e reuniu, ao longo
desses anos, um acervo com mais de 120
mil peças. Essas coleções
servem, ao mesmo tempo, como produto
o objeto de pesquisa sobre o Mediterrâneo,
Oriente Médio e América,
com ênfase no estudo de caso brasileiro.
Segundo o professor Paulo Di Blasis, “a
arqueologia revela os diferentes jeitos
de ser gente, de ser humano, ao estudar
o comportamento de povos em várias épocas.
São culturas estranhas em tempos
estranhos. Esse aprendizado sobre diferenças
nos ensina a tolerância e a humildade”.
Museu
de Arqueologia e Etnologia – MAE
Local: Avenida Professor Almeida Prado, 1.466 – Cidade
Universitária
Horários: de terças a sextas, das 9h30 às
12h, e das 13h às 17h
Fone: (11) 3091-4905
Ingressos: Entrada franca
Veja mais sobre arqueologia em:
Itaú Cultural
Ampla apresentação da arqueologia e suas atividades.
Arqueologia
Americana
Mais específico sobre pesquisas na América.
Tem artigos, reportagens, diários e fotos.
Sociedade
Brasileira de Arqueologia
Notícias, fóruns e eventos.
MAE
da Universidade Federal da Bahia
Atividades e acervo do museu, além de projetos de
pesquisa.
|