texto: Marcela Delphino
Fotos: Francisco Emolo/ Cecília Bastos/ Reprodução

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Crédito: Franisco Emolo

Eu não faço nada direito, preciso emagrecer, ninguém gosta de mim... Cuidado! A baixa auto-estima pode dar uma rasteira nos seus planos de sucesso, inclusive na vida profissional. “Não importa se você é patrão ou funcionário, a auto-estima afeta consideravelmente a execução das tarefas e o relacionamento no trabalho. Sem ela, não há carreira bem-sucedida ou empreendimento que tenha êxito”, garante o pesquisador do Instituto de Psicologia (IP) Thiago de Almeida. A auto-estima é um fluxo, resgatá-la deve ser um processo contínuo.

“Pessoas com baixa auto-estima podem gerenciar mal suas tarefas e responsabilidades, comprometendo seus empreendimentos.” Thiago de Almeida

Francisco Emolo
“Acredito que uma palavra de conforto de alguém que trabalha com você ajuda o baixo-astral a ir embora.” Eraildo Reges Rocha Jr.
 

“Muitas vezes, uma palavra de conforto de alguém que trabalha com você ajuda bastante a elevar a auto-estima e colabora para que o baixo-astral vá embora”, acredita Eraildo Reges Rocha Jr., secretário na Escola Politécnica. “Normalmente a pessoa que está com a auto-estima rebaixada quer ficar sozinha, mas eu acho que devemos nos aproximar e tentar compartilhar o problema. Mesmo que a solução não esteja ao nosso alcance, conversar às vezes é um alívio.”

A pessoa com a auto-estima prejudicada tem uma constante sensação de incapacidade, de insegurança e sente necessidade de agradar sempre. Essa busca de aprovação alheia e a supervalorização do lado negativo das situações fazem com que ela boicote sua felicidade e todos os obstáculos pareçam maiores do que realmente são. “A nossa auto-estima é bastante afetada pela percepção que temos da realidade. Não controlamos o que pode nos acontecer, mas controlamos como lidar com aquilo que nos acontece, e isso é importante”, afirma o psicólogo.

Segundo um estudo do Centro Internacional para Saúde e Sociedade de Londres, a baixa auto-estima favorece, ainda, o aparecimento de problemas de saúde. “Pesquisas mostram que pessoas deprimidas ficam com o sistema imunológico abatido, o que pode aumentar a probabilidade de ataques cardíacos ou de morte precoce”, afirma Almeida.

 

Cecília Bastos
“A autoconfiança está relacionada ao enfrentamento dos problemas diários, tornando o ser humano mais criativo e com iniciativa própria para resolvê-los.” Thiago de Almeida
 

A cada dia devemos buscar formas alternativas de superar nossos problemas, o importante é sair da rotina e ter sempre um plano B que não dependa de ninguém, além de você mesmo, para ser executado. “Devemos sair da nossa zona de conforto, esse espaço psicológico no qual nos sentimos à vontade, e explorar novas possibilidades”, aconselha o psicólogo. Podemos assim, ampliar essa zona, nos tornando pessoas menos preconceituosas e otimizando as oportunidades.

Esse desafio para enfrentar novas situações pode começar com um final de semana em que todos os amigos estão ocupados. A escolha é: “ficar em casa decidindo que pizza pedir, final de semana para o qual eu daria uma nota cinco, ou ir ao shopping, ao cinema, pegar um filme. Se tiver coragem de assumir esse final de semana alternativo, a nota pode subir para seis, mas pelo menos é melhor que cinco”. Este é um exercício proposto pelo psicólogo.

Os programas podem variar, seja ir a uma boite ou visitar um amigo que não vê há bastante tempo. Almeida lembra que São Paulo possui muitas atividades de qualidades a baixo custo ou gratuitas. “Não podemos falar que faltam opções em nossa vida e muito menos que falta companhia, porque somos boas companhias para nós mesmos.”

“A auto-estima se eleva sempre que a pessoa alcança algo que deseja, pode ser um relacionamento afetivo, uma viagem, etc.”, diz uma funcionária do Instituto Oceanográfico. Para ela, uma boa dica para manter a auto-estima elevada é praticar esportes regularmente ou dançar. Porém, “nem sempre nossa força de vontade para melhorar supera o baixo-astral, em situação como essa já procurei ajuda psicológica”.

Reconhecer as próprias qualidades e não somente os defeitos, se ver como parte do amor que tanto procuramos no outro, aprender com as experiências passadas, acreditar que merece ser amado, sair da rotina e fazer diariamente coisas boas por si mesmo. Essas são as dicas do pesquisador do IP para a manutenção da auto-estima positiva.

Ao perceber que um colega de trabalho está de baixo-astral, pode-se oferecer suporte emocional para suas inquietações. Porém, “quando estas dúvidas superarem os nossos esforços por ver nossos colegas de trabalhos em uma situação diferente, o melhor é incentivá-los a procurar uma ajuda especializada, médica ou psicológica”, afirma Almeida. “É sempre bom lembrar: cada um é responsável por sua felicidade, portanto, cuidemos da nossa o quanto antes. Que tal começarmos agora?”

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