![créditos: João Neves](ilustras/comportamento03.jpg)
Sandra precisa organizar a vida dos três filhos. Para evitar aulas extras,
procurou uma escola com período estendido e mais atividades. Quem não
pode pagar, precisa de outra solução.
![créditos: João Neves](ilustras/comportamento01.jpg)
“Melhor deixar a correria para os adultos. Senão, quando elas vão
poder ser criança?” Clélia Cardoso.
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O resultado
do afastamento são crianças
com agenda completa para compensar essa ausência.
Então, de maneira natural e impensada,
os pequenos procuram estratégias forçadas
para conseguir algum tempo livre. É aí que
surgem as birras, manhas e fingimentos, além
dos sintomas do estresse como falta de concentração,
irritabilidade e carência.
A funcionária Clélia Camargo
Cardoso, do Centro de Informática
do campus de Ribeirão Preto (Cirp),
testemunhou esses casos durante um período
em que trabalhou como professora antes
de chegar à Universidade. “Eu via
muitos alunos com tempo contado. Depois
da aula eles já tinham outras coisas
marcadas, viviam numa correria igual a
de adultos.”
O professor Lino de Macedo, do IP, ressalta
que a tendência é exatamente
essa: crianças imitando adultos. “Eu
entendo a preocupação dos
pais em organizar a agenda dos filhos.
Mas, a agenda cheia na infância provoca
hábitos idênticos aos dos
mais velhos: chegar em casa e deitar no
sofá, ficar assistindo à TV,
ir dormir, etc. Enfim, a criança
fica passiva.”
De acordo com o psicopedagogo, o recomendado é que
meninos e meninas de até 12 anos
não fiquem mais que seis horas do
dia ocupados. “São quatro horas
de escola e mais duas com atividades programadas.
Esse valor é variável, há crianças
mais tranqüilas e outras mais excitadas.
O importante é que tenham tempo
livre em um ambiente familiar, com companhia
e brinquedos, podendo exercitar, sem compromissos,
a própria realidade.”
A funcionária da seção
de eventos do IAG (Instituto de Astronomia
e Geofísica), Sandra Nava, procurou
um modo de amenizar a distância dos
três filhos, um com sete anos, e
os gêmeos, com quatro. “Eu sei que
eles sentem minha falta, e eu não
confio em babás ou empregadas para
cuidar deles.” A solução
de Sandra foi procurar uma escola em período
semi-integral, onde já são
oferecidas todas as aulas que costumam
ser complementadas em cursos particulares,
como inglês, informática e
natação. “Eu fico aliviada
ao deixa-los sob cuidados de adultos bem
orientados. Já em casa, para suprir
nosso afastamento, eu e meu marido pensamos
em atividades para fazer os filhos participarem
da nossa vida. Eles me ajudam a preparar
a mesa do jantar, lavar uma salada, e eu
os ajudo com lição de casa
ou brincamos de desenhar. Quando estão
mais cansados, eu leio uma história
ou rezamos.” |