Outra identidade para idosos

Créditos: Cecília Bastos
“É uma medida que vai na contramão da história”, diz Jacob.

Créditos: Cecília Bastos
“Pessoas de idade tem um longo histórico que esquecem de contar”, diz a geriatra Liz, do HU.

 

Contraponto

Ainda é cedo para afirmar se a iniciativa do governo vai dar certo. No entanto, o médico Wilson Jacob, diretor do serviço de geriatria do Hospital das Clínicas, ressalta alguns pontos que considera extremamente falhos.

“Só quem acompanha pacientes do SUS sabe o quanto é difícil a nossa população preservar e portar documentos, exames clínicos, carteira de vacinação, etc. O caminho correto é informatizar as informações e fornecer uma senha. Assim, o paciente e/ou seu responsável legal poderá abrir um prontuário eletrônico via internet onde constarão todos os dados fundamentais ao atendimento do paciente.”

Jacob também acha que a caderneta deixa vulneráveis informações pessoais que deveriam ser sigilosas. “ Como garantir que os idosos terão condições de discernir quem pode acessar sua caderneta de saúde?”

Idade frágil

Segundo informa a assessoria do Ministério da Saúde, a caderneta pretende abranger a possibilidade de cuidados com os idosos frágeis. São considerados frágeis aqueles com doenças causadoras de incapacidades funcionais, os hospitalizados recentemente por quaisquer razões, os que passam a maior parte do tempo na cama, e os maiores de 75 anos. São consideradas autônomas as pessoas capazes de tomar banho, alimentar-se, pegar transportes, organizar medicamentos e cuidar de outras necessidades básicas sozinhas.

A geriatra Liz Yoshihara, do Hospital Universitário, lembra que uma das dificuldades que pacientes idosos apresentam é explicar todas as suas fragilidades na saúde. Por isso, deixa algumas recomendações (veja abaixo) para quem toma conta de pessoas de idade avançada.

 

Certifique-se que o idoso não está impedido de se alimentar corretamente por causa de problemas com a prótese dentária.

Incentive medidas profiláticas como a vacinação. No caso da gripe, a vacinação foi prejudicada pelo boato de que ela serviria “para matar velhinhos”.

Preste atenção às condições de visão e audição. Com essas percepções afetadas, o idoso participa menos do círculo social.

Evite ao máximo as quedas. Fraturas e cirurgias são responsáveis por um alto índice de óbitos nos meses seguintes. Mesmo na recuperação, a experiência da queda deixa a insegurança de uma nova queda.

Organize os medicamentos: deixe bem indicado os horários e quantidade a ser tomada. Se necessário, pinte os frascos com cores diferentes para facilitar a identificação.

 

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