texto: Circe Bonatelli
Fotos: Cecília Bastos e Circe Bonatelli

Crédito: Circe Bonatelli
Uma vez por semana, o ex-politécnico Carlos sai do trabalho e vai escalar. “É sagrado, esqueço até o happy hour ”.

 

Crédito: Cecília Bastos
O analista de sistemas Luiz Massonari escala há oito anos. No indoor, ele se prepara para encarar a rocha.


O equipamento completo é obrigatório e garante a segurança do praticante. Sapatilhas (dão mais aderência e sensibilidade de tato aos pés), cadeirinha, mosquetão, corda (para suporte) e saco de magnésio (diminui a umidade das mãos) são indispensáveis. Com R$ 400,00 é possível comprar todos esses itens. Quem optar por não gastar tudo isso, pode ir aos ginásios, onde o equipamento é disponibilizado para uso nos cursos ou diárias.

Dentro da escalada indoor, há diferentes opções para subida. Pode-se escolher as paredes altas, onde o acesso só é permitido com o equipamento e auxílio de um amigo que segura a outra extremidade da corda. Outra opção é as escalada em superfícies mais baixas e tortuosas, em que o chão é coberto por colchões. Crianças a partir dos 12 anos podem participar. As contra-indicações valem apenas para indivíduos com problemas na articulação, coração, alto grau de obesidade, ou medo excessivo de altura.

Filosofia e xadrez

Praticante do esporte há quase 20 anos, Paulo Gil é proprietário de um dos dois amplos ginásios existentes em São Paulo. Ele entende a escalada como uma modalidade ligada à satisfação em vencer desafios e ao divertimento da subida, não determinada pela exigência da superação física. “A escalada indoor é uma atividade essencialmente mental. O corpo só vai atrás”, diz. “E não tem muito desse lado radical como se fala por aí. Fazer uma travessia com alto grau de dificuldade é como resolver uma equação matemática ou jogar xadrez. Precisa ter paciência e atenção.”

O grau de dificuldade é medido pela inclinação da parede, que pode ser chamada positiva – inclinada para frente do praticante – ou negativa – para trás, chegando a tirar o apoio para os pés. E também existe o desafio das vias específicas. Separadas por cores, as agarras determinam onde é permitido se segurar, deixando mais fácil ou difícil o caminho. Isso garante um vasto leque de oportunidades para uma única parede.

O ex-aluno da Escola Politécnica, Paulo Yamaguchi, conta os motivos que o levam para a escalada. “Primeiro, porque libera o estresse. Além disso, é um esporte que me diverte. E ainda tem o círculo social, a gente faz e encontra vários amigos.”

O analista de sistemas da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP Luiz Eduardo Massonari conheceu o esporte em 1998. “Tem mesmo essa coisa de ser uma grande família, mas cada um procura seu foco – treino, exercício, diversão, etc. O comum para todos é a grande experiência corporal e a oportunidade do auto conhecimento pelo uso da mobilidade, concentração, centro de gravidade e relação de confiança. Depois, a gente percebe que o importante da viagem não é a chegada, mas sim o caminho.”

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