![Crédito: Cecília Bastos](ilustras/perfil06.jpg)
Segundo Pavan, qualquer lado de observação é válido
para suas obras, “você escolhe o que acha mais gostoso”.
![Crédito: Cecília Bastos](ilustras/perfil02.jpg)
Nas horas vagas, o professor faz esculturas com raízes de árvores.
Um dos destaques na sala de sua casa é a Mulher Perfeita. O nome é uma
brincadeira de Pavan, pois “ela tem três pernas, três
braços e uma cabeça pequenininha”.
![Crédito: Cecília Bastos](ilustras/perfil03.jpg)
Pavan com o troféu Guerreiro da Educação.
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![](img_internas/teste.gif) |
![](img_internas/teste.gif)
Assim que retornou dos Estados Unidos,
em 1946, Pavan casou-se com a namorada
que deixara no Brasil e ex-aluna Maria
de Lourdes de Oliveira Pavan. Quando
terminou o curso de História Natural,
o professor se prontificou a dar aulas
gratuitas de preparação
para o vestibular. “Dentre os alunos
apareceu uma que me impressionou.” Da
união, que durou até 1988,
quando Maria de Lourdes faleceu, resultaram
três filhos e cinco netos.
Em 49, durante uma excursão
ao litoral, Pavan trouxe algumas larvas
que encontrou. “Dois dias depois
estava no laboratório, às
23h, quando vejo as larvas querendo sair
do vidro, tiro uma delas, faço
uma lâmina e pela primeira vez
vi o maior cromossomo politênico
da minha vida.” Essas moscas, Rhynchosciara angelae,
têm algumas características
extraordinárias que já renderam
mais de 50 teses.
Em 53, os pesquisadores Watson e Creek
descobriram que os cromossomos são
feitos essencialmente de DNA. Foi, então,
criado o dogma da genética mundial
de que todas as células de um
mesmo organismo têm os mesmos gens
e a mesma quantidade de DNA. “Analisando
o desenvolvimento dessas larvas, verifiquei
que durante o desenvolvimento da Rhynchosciara acontecia
o aumento de DNA no cromossomo. Isso
era um absurdo genético.” Pavan
levou oito anos para que a comunidade
científica aceitasse sua hipótese.
O incansável professor teve
tempo ainda de entrar na política
para defender a ciência, de 86
a 90 foi presidente do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq). "No
1º semestre em Brasília,
passava a maior parte do tempo discutindo
com os políticos o número
e o valor das bolsas de mestrado e doutorado.” O
resultado foi que nos três primeiros
anos de Pavan à frente do CNPq
foram concedidas mais bolsas do que nos
31 anos anteriores da instituição.
Hoje, como pesquisador voluntário
no ICB, Pavan estuda as bactérias
presentes em ovos de aves, principalmente
galinha, e sementes de plantas. Segundo
o pesquisador, um terço do peso
da gema são bactérias benéficas
relacionadas à regeneração
das células. “Quero colocar
células-tronco de camundongo no
ovo e ver o que acontece. Se a célula
se desenvolver com a goma produzida pelas
bactérias, vai dar muito pano
para mangas”, prevê.
O pesquisador recebeu recentemente
o Prêmio Professor Emérito
2006 – Troféu Guerreiro
da Educação, concedido
anualmente pelo Centro de Integração
Empresa-Escola (Ciee) e pelo jornal O
Estado de S. Paulo. O que fez brotar
a reconhecida paixão do biólogo
pelo conhecimento não se pode
determinar, mas com certeza a temporada
de um ano na casa da avó em São
Paulo colaborou. “Essa é uma
história interessante que marcou
minha vida.” A família ainda
morava em Mogi das Cruzes, quando Pavan,
aos dez anos, veio para São Paulo
morar com a avó para tratar do
amarelão.
O português, língua que
a avó falava muito bem, era proibido,
pois queria que o neto aprendesse italiano. “Ela
me disse uma coisa fantástica: ‘Fazendo
isso você vai aprender italiano
e tudo que a gente coloca na cabeça
como aprendizado ninguém tira
de nós.’”. Além
disso, o menino gostava muito de consertar
coisas, como fechaduras, cortinas, e
a avó o incentivava. “Ela
nunca reclamou quando eu quebrava alguma
coisa e sempre dizia: ‘Só não
quebra quem não faz nada.’”. |