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“O bom diálogo é aquele em que você compreende e é compreendido”. Tatiana Ricciardi Prado
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“Conseguir a cerveja de sexta e o futebol de sábado é um jogo de troca”. Reginaldo Grenzi da Silva
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Além disso, como explica o professor Amélio, as emoções humanas podem comprometer qualquer possibilidade de conversação. “Sentimentos fortes são capazes de mexer com a fisiologia das pessoas, deixá-las alteradas, sem domínio sobre si mesmas, o que desencadeia vários processos, como o indivíduo disparar a falar descontroladamente ou ficar totalmente inibido”. Tatiana Prado é um exemplo disso: “Se alguém fala dos meus filhos eu fico muito brava, viro um bicho”.
Tanto quanto as habilidades e motivações
dos interlocutores no momento do diálogo,
o contexto e o ambiente em que ele ocorre
também são determinantes.
Iluminação, som, cores, influenciam
mais do que podemos imaginar. “Há lojas
de fast food, por exemplo, que
são projetadas para que as pessoas
não fiquem lá paradas muito
tempo, conversando. Na balada, as pessoas
'ficam' com base na aparência
e até o som obriga que seja assim,
porque não dá para dialogar,
porque você não ouve o outro”,
argumenta Amélio.
No entanto, pior do que um mau diálogo é a ausência dele, principalmente nos relacionamentos conjugais ou entre pais e filhos. Mariana (nome fictício), funcionária da FEA, atribui o fim do seu casamento à falta de diálogo: “Em vez de diálogos, tínhamos monólogos. Se você está falando e a pessoa não dá um retorno, o casamento fica inviável”.
Em contrapartida, no relacionamento com
a filha de 16 anos, Mariana sente-se bem-sucedida. “Defendo
o meu lado e ela defende o dela, no momento
adequado e com muito respeito. Nem sempre
concordamos. Quando percebo que seu comportamento
pode ser prejudicial, uso minha autoridade
de mãe”, esclarece. Amélio
corrobora essa atitude. Ele explica que
há momentos, principalmente na relação
pais e filhos, em que a autoridade tem
que prevalecer. Da mesma forma, no ambiente
de trabalho, é normal que, após
uma boa conversa, o chefe tome a decisão,
pois essa é sua responsabilidade.
Reginaldo Grenzi da Silva, chefe do Serviço de Estágios da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, vê nos diálogos uma boa maneira de amadurecer e tomar decisões: “Para promover mudanças, realizar inovações, o que é muito complicado, nada melhor que uma boa conversa”. Casado, ele ressalta a importância do diálogo também no relacionamento conjugal. “Conseguir a cerveja de sexta e o futebol de sábado é um jogo de troca.”
Como os diálogos fazem parte da vida de todas as pessoas, o professor Amélio acha que elas deveriam aprender mais sobre o assunto. Por isso, ele organizou duas palestras com os temas “Habilidades verbais e não-verbais para dialogar” e “Motivadores e inibidores do diálogo”. A primeira foi realizada em março e a segunda ocorre no dia 13 de abril. Ademais, o psicólogo pretende criar um curso de pós-graduação explorando essas questões, mas faz questão de ressaltar: “Não tenho a fantasia de que o diálogo é tudo. Ele é uma parte maravilhosa, mas há outros fatores. Só o diálogo não basta, é preciso ação”. |