texto: Circe Bonatelli
fotos: reprodução/ AVOHC

arte sobre foto de Jorge Maruta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

©: Cecília Bastos
O Coral do HC esteve presente na cerimônia de comemoração dos 50 anos da Avoch

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

©: Cecília Bastos


Ajudar. De graça e de bom humor. Esse é o perfil do trabalho realizado pela Associação dos Voluntários do Hospital das Clínicas, Avohc. Em 2007, a instituição sem fins lucrativos chegou aos 50 anos de atuação dentro do complexo hospitalar da USP, na região de Pinheiros, em São Paulo.

Seus números impressionam: segundo relatório de prestação de contas da própria associação, a quantidade de atendidos em 2006 foi de 4.132 pacientes. Esse número representa 100% dos requerimentos enviados pelos servidores da assistência social do HC.

Para dar conta da demanda a que se propôs, a Avohc tem 380 voluntários na equipe. “Mas para nós é muito pouco ainda”, diz Márcia Siqueira, membro da diretoria. “Queremos triplicar esse número nos próximos anos e oferecer apoio a mais pessoas”, avisa, demonstrando a mentalidade do grupo, interessado em aumentar o raio de cobertura.

A maioria dos voluntários são senhoras aposentadas, com filhos já criados. Os homens começaram a participar há apenas três anos, o que levou a Avohc a mudar o nome. Antes era Associação das Voluntárias do Hospital das Clínicas. O grupo nasceu em 1956, com a iniciativa das esposas de médicos, que resolveram auxiliar informalmente os necessitados nos corredores brancos. No ano seguinte, as colaboradoras oficializaram a equipe e montaram uma diretoria organizadora das atividades.

Para se associar, o novato assina um termo comprometendo-se a cumprir as tarefas combinadas, sem receber pagamento em troca. Em seguida, vai para o setor onde mais houver necessidade (Instituto da Criança, Coração, Psiquiatria, entre outros), podendo escolher de acordo com suas afinidades. A presidente Maria Amélia Salermo cita uma frase de Madre Teresa de Calcutá para ilustrar a direção desse trabalho: “Qual é o lugar do homem? Onde seus irmãos precisarem dele”.

O voluntário aparece na orientação de filas, preenchimento de formulários e recepção de visitantes, averiguando se precisam de alguma coisa. Também organiza atividades recreativas como oficina de artesanato, tricô e brincadeiras infantis. Nas datas comemorativas, como em maio, os filhos recebem um presente para darem às suas mães.

O segundo tipo de ajuda acontece por doações. É bastante comum os pacientes interromperem um tratamento por não terem recursos para comprar remédios, próteses ou mesmo bancar a passagem de ônibus, seja circular ou intermunicipal.

O registro da associação indica que 35 mil itens foram doados em 2006. Os mais procurados são os pertences de higiene: sabonete, pasta e escova de dentes. Cadeiras de rodas, bengalas e próteses, muitas vezes caras, também enchem a lista.

Sem receber verbas do Estado, o jeito é levantar recursos por conta. Na sede da Avohc ( 2º andar do Prédio da Administração do HC) a principal fonte de renda é um bazar resultante de doações. As roupas são vendidas após receberem um trato das voluntárias costureiras. Eventos como bingos, chás e bazares fora do hospital completam o orçamento, junto com contribuições de empresas e particulares.

Bodas de Ouro e a festa

Aos poucos, sem pressa, em meio a reencontros e prosas entusiasmadas, uma legião de senhoras vestindo uniformes cor-de-rosa muito bem alinhados ocupou o auditório do Centro de Convenções Rebouças, prédio anexo ao Complexo do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Entre elas, uma dúzia de homens trajando branco compunha a parte masculina do grupo. O ponto comum a todos era o símbolo da Avohc presente na manga direita dos uniformes.

Sob um clima muito amistoso, a Associação dos Voluntários do HC reuniu os atuais e antigos membros da grande equipe, além de convidados e autoridades, para celebrar o aniversário de 50 anos. Na cerimônia do dia 16 de abril, foram homenageadas voluntárias ativas há mais de vinte anos, lançado o vídeo oficial da Avohc (depoimentos e imagens dos voluntários em ação), seguido por uma benção especial concedida por um padre, um rabino e um pastor.

Profissionais também precisam de apoio

Compareceram à cerimônia o professor e diretor da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Marcos Boulos, o superintendente do Hospital das Clínicas, José Manoel Teixeira, e, representando a secretária municipal de Saúde Maria Aparecida Orsini, estava o coordenador municipal de gerência hospitalar, Paulo Kron.

As autoridades convidadas lembraram a importância da associação não só para os pacientes e familiares, mas também para as próprias instituições e profissionais da saúde. Os 380 participantes da Avohc, por exemplo, equivalem ao número total de voluntários presentes nos 17 hospitais municipais juntos.

Agradecimentos à Avohc: “Trabalhar na área da saúde é difícil para todos, e os profissionais do setor também precisam de apoio”.
Teixeira, superintendente do HC.

   

“O HC representa, em termos de voluntariado, um número igual a soma de todos os hospitais da prefeitura”, enfatiza o coordenador Paulo Kron, ex-aluno da FM. “Quando o voluntário contribui, ele está ali por uma causa solidária. O trabalhador que está todos os dias no hospital percebe esse esforço e também procura melhorar a qualidade de seu atendimento. Assim, o voluntariado é responsável por um incremento do perfil dentro das instituições. Acontece uma transformação social”, argumenta.

O superintendente Teixeira complementa: “Nós entendemos que a Avohc faz parte da nossa equipe. Pelo exemplo do voluntariado, os profissionais podem repensar o seu propósito de serviço social e melhorar as suas funções”.

Para expressar a gratidão do hospital e da Universidade, o diretor Boulos finalizou citando o pensamento do grego Péricles (século V a.C.): “O que se deixa para trás não são as marcas gravadas em monumentos de pedra, mas o que é tecido na vida dos outros”.


 
 
 
 
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