
O Coral do HC esteve presente na cerimônia de comemoração
dos 50 anos da Avoch

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Ajudar. De graça
e de bom humor. Esse é o perfil do trabalho
realizado pela Associação dos Voluntários
do Hospital das Clínicas, Avohc. Em 2007, a
instituição sem fins lucrativos chegou
aos 50 anos de atuação dentro do complexo
hospitalar da USP, na região de Pinheiros, em
São Paulo.
Seus números impressionam: segundo relatório
de prestação de contas da própria
associação, a quantidade de atendidos em
2006 foi de 4.132 pacientes. Esse número representa
100% dos requerimentos enviados pelos servidores da assistência
social do HC.
Para dar conta da demanda a que se propôs, a Avohc
tem 380 voluntários na equipe. “Mas para nós é muito
pouco ainda”, diz Márcia Siqueira, membro da diretoria. “Queremos
triplicar esse número nos próximos anos
e oferecer apoio a mais pessoas”, avisa, demonstrando
a mentalidade do grupo, interessado em aumentar o raio
de cobertura.
A maioria dos voluntários são senhoras
aposentadas, com filhos já criados. Os homens
começaram a participar há apenas três
anos, o que levou a Avohc a mudar o nome. Antes era Associação
das Voluntárias do Hospital das Clínicas.
O grupo nasceu em 1956, com a iniciativa das esposas
de médicos, que resolveram auxiliar informalmente
os necessitados nos corredores brancos. No ano seguinte,
as colaboradoras oficializaram a equipe e montaram uma
diretoria organizadora das atividades.
Para se associar, o novato assina um termo comprometendo-se
a cumprir as tarefas combinadas, sem receber pagamento
em troca. Em seguida, vai para o setor onde mais houver
necessidade (Instituto da Criança, Coração,
Psiquiatria, entre outros), podendo escolher de acordo
com suas afinidades. A presidente Maria Amélia
Salermo cita uma frase de Madre Teresa de Calcutá para
ilustrar a direção desse trabalho: “Qual é o
lugar do homem? Onde seus irmãos precisarem dele”.
O voluntário aparece na orientação
de filas, preenchimento de formulários e recepção
de visitantes, averiguando se precisam de alguma coisa.
Também organiza atividades recreativas como oficina
de artesanato, tricô e brincadeiras infantis. Nas
datas comemorativas, como em maio, os filhos recebem
um presente para darem às suas mães.
O segundo tipo de ajuda acontece por doações. É bastante
comum os pacientes interromperem um tratamento por não
terem recursos para comprar remédios, próteses
ou mesmo bancar a passagem de ônibus, seja circular
ou intermunicipal.
O registro da associação indica que 35
mil itens foram doados em 2006. Os mais procurados são
os pertences de higiene: sabonete, pasta e escova de
dentes. Cadeiras de rodas, bengalas e próteses,
muitas vezes caras, também enchem a lista.
Sem receber verbas do Estado, o jeito é levantar
recursos por conta. Na sede da Avohc ( 2º andar
do Prédio da Administração do HC)
a principal fonte de renda é um bazar resultante
de doações. As roupas são vendidas
após receberem um trato das voluntárias
costureiras. Eventos como bingos, chás e bazares
fora do hospital completam o orçamento, junto
com contribuições de empresas e particulares.
Bodas de Ouro e a festa
Aos poucos, sem pressa, em meio a reencontros e prosas
entusiasmadas, uma legião de senhoras vestindo
uniformes cor-de-rosa muito bem alinhados ocupou o auditório
do Centro de Convenções Rebouças,
prédio anexo ao Complexo do Hospital das Clínicas,
em São Paulo. Entre elas, uma dúzia de
homens trajando branco compunha a parte masculina do
grupo. O ponto comum a todos era o símbolo da
Avohc presente na manga direita dos uniformes.
Sob um clima muito amistoso, a Associação
dos Voluntários do HC reuniu os atuais e antigos
membros da grande equipe, além de convidados e
autoridades, para celebrar o aniversário de 50
anos. Na cerimônia do dia 16 de abril, foram homenageadas
voluntárias ativas há mais de vinte anos,
lançado o vídeo oficial da Avohc (depoimentos
e imagens dos voluntários em ação),
seguido por uma benção especial concedida
por um padre, um rabino e um pastor.
Profissionais também precisam de apoio
Compareceram à cerimônia o professor e
diretor da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Marcos
Boulos, o superintendente do Hospital das Clínicas,
José Manoel Teixeira, e, representando a secretária
municipal de Saúde Maria Aparecida Orsini, estava
o coordenador municipal de gerência hospitalar,
Paulo Kron.
As autoridades convidadas lembraram a importância
da associação não só para
os pacientes e familiares, mas também para as
próprias instituições e profissionais
da saúde. Os 380 participantes da Avohc, por exemplo,
equivalem ao número total de voluntários
presentes nos 17 hospitais municipais juntos. |
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“O HC representa, em
termos de voluntariado, um número igual a soma de
todos os hospitais da prefeitura”, enfatiza o coordenador
Paulo Kron, ex-aluno da FM. “Quando o voluntário
contribui, ele está ali por uma causa solidária.
O trabalhador que está todos os dias no hospital
percebe esse esforço e também procura melhorar
a qualidade de seu atendimento. Assim, o voluntariado é responsável
por um incremento do perfil dentro das instituições.
Acontece uma transformação social”, argumenta.
O superintendente Teixeira complementa: “Nós
entendemos que a Avohc faz parte da nossa equipe. Pelo
exemplo do voluntariado, os profissionais podem repensar
o seu propósito de serviço social e melhorar
as suas funções”.
Para expressar a gratidão do hospital e da Universidade,
o diretor Boulos finalizou citando o pensamento do grego
Péricles (século V a.C.): “O que se deixa
para trás não são as marcas gravadas
em monumentos de pedra, mas o que é tecido na
vida dos outros”. |