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por Circe Bonatelli
Fotos por Cecília Bastos e Francisco Emolo

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foto crédito: Cecília Bastos
"Se não forem criadas condições de infra-estrutura material e pedagógica, não vai funcionar" César Augusto Minto, FE/USP

 


E o que dizem os especialistas sobre:

Diminuir a reprovação

O governo planeja reduzir pela metade o número de alunos reprovados ao final da 8ª série do ciclo fundamental e durante todos os anos do ensino médio. Hoje, as reprovações nesses níveis estão em 16,2% e 22%, respectivamente.

Uma pesquisa conjunta entre USP e Unicamp publicada pela Apeosp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) revela que os docentes paulistas não estão satisfeitos com o mecanismo da progressão continuada. Dos 10 mil entrevistados, 91,9% apontaram a passagem dos alunos de uma série para outra sem domínio dos conteúdos ministrados, 95,5% não verificaram uma diminuição dos problemas de indisciplina na escola e 91,2% consideram que este processo vem resultando em frustração dos professores.

Apesar da polêmica, a maioria dos educadores ao redor do mundo defende a aprovação continuada como jeito de garantir a permanência da criança na escola, respeitando a sua evolução natural em companhia da turma.

"Eu diria que os professores no Brasil são formados pela crença de que o melhor profissional é o que mais reprova", interpreta Lisete Regina Gomes, docente da FE/USP e ex-secretária municipal de educação em Diadema. "Essa é uma questão muito complicada: se você reprova por deficiência em uma ou duas disciplinas, a criança tem que refazer tudo. As aulas são idênticas, até as piadinhas dos professores são as mesmas. É muito desestimulante. Mas se você aprova, corre-se o risco da criança seguir em frente com pressupostos que não dominou."

Segundo Lisete, o ideal seria um modelo flexível de escola que oferecesse acompanhamento pedagógico ao aluno. "É uma espécie de recuperação paralela. Bem mais honesta que essa mágica da aprovação automática."

Alfabetização aos oito anos

De acordo com o plano do governador José Serra, todas as crianças com oito anos de idade deverão estar plenamente alfabetizadas até 2010. A justificativa está sedimentada na visão do aprendizado como um processo acumulativo, ou seja, se a criança for bem alfabetizada cedo, terá melhor desempenho escolar no futuro.

"Na minha opinião, não dá para colocar isso como meta", discorda César Augusto Minto, professor da FE/USP com ênfase em gestão escolar. "O aprendizado é uma coisa muito individual e depende da estrutura que a criança carrega em sua vivência cotidiana. Portanto, não existe uma idade-padrão."

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