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Comportamento
por Maria Clara Matos
fotos por Cecília Bastos

 

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Foto crédito: Cecília Bastos
As drogas podem ser estimulantes ou depressoras do sistema nervoso, mas Malbergier afirma que mesmo tendo efeitos diferentes elas atuam no cérebro por meio da dopamina

 


Se a propensão à dependência é relativa, a maneira que ela ocorre em nosso cérebro é a mesma em todos nós. Malbergier se refere ao circuito de recompensa ou circuito do prazer. “Esse sistema vai mediar nossa relação com o ambiente no que toca ao prazer. Quando temos prazer há a liberação de um neurotransmissor chamado dopamina, que promove a sensação agradável. Quando ocorre a utilização da droga, uma substância é liberada e atua diretamente no circuito do prazer de forma imensamente maior do que quando nos relacionamos aos prazeres do cotidiano”, esclarece.

Assim, “existe uma tendência do organismo de querer repetir as boas sensações e então surgem as fissuras”. O médico explica que esse sistema passa a ser “hiperusado” até que extenua, começa a não dar mais conta do processo e o organismo irá buscar a droga a qualquer custo.  “O desconforto é ligado à falta de droga e o desbalanço em relação ao sistema nervoso é grande.” Segundo Malbergier essa é a chamada fisiopatologia da dependência.

Quanto ao tratamento, o especialista lamenta: “A resposta a ele não satisfaz completamente a nós médicos”. Isso significa dizer que apenas 30% das pessoas estarão abstinentes no final de seis meses a um ano de tratamento”. Entre essas medidas de atuação contra a dependência, o psiquiatra afirma que existem desde tratamentos médicos farmacológicos, psicoterápicos até auto-ajuda. Ele salienta a importância de se fazer um diagnóstico para promover a combinação de tratamentos.

“Considera-se hoje que as terapias cognitivo-comportamentais têm maior chance de sucesso. O modelo baseia-se em obter um panorama do uso de drogas do paciente e associá-las a situações e a hábitos cotidianos.” Dessa maneira incentiva-se o paciente a mapear seu consumo. A segunda parte é “treinar a habilidade”.

O psiquiatra explica: “Se o paciente brigar com sua esposa, o que ele pode fazer, pensando que não pode procurar a droga? Claro que isso é uma explicação simples, mas seria baseado nesse modelo de mapeamento, de abordagem e de treinamento de habilidades que podemos auxiliar um paciente”.

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