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![Foto crédito: Francisco Emolo](ilustras/perfil02.jpg)
“Quando entrei na faculdade minha grande dúvida era se eu seria escritor ou músico. Saí da faculdade nem escritor, nem músico, mas professor de literatura”, conta José Miguel Wisnik |
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A canção Primavera traz: A primavera é quando do escuro da terra/ Ascende a música da paixão. Wisnik comenta que a fez para a companhia de teatro dirigida por Zé Celsior: “E essa música é da época em que Teatro Oficina foi reaberto depois de 20 anos fechado. É de certo modo a primavera daquele teatro que renascia, mas ao mesmo tempo é uma canção que eu posso tocar em qualquer parte, porque se refere às coisas que estão sempre renascendo”. O professor terminou a faculdade em 1970 e suas teses de mestrado e doutorado centraram-se na área de Teoria Literária, relacionando música e literatura. Até 1985 ele conta que não fazia música, mas que a partir desse ano “renasceu” para a canção popular. Em 1993 gravou o primeiro CD, que leva seu nome, e hoje já são mais dois álbuns: São Paulo Rio (2002) e Pérola aos Poucos (2003).
Desde então seu entrosamento com a música foi grande. O compositor fez música com Tom Zé para a companhia de dança Grupo Corpo, além da trilha sonora do filme de Walter Salles e Daniela Thomas Terra Estrangeira. Mas ele enfatiza: “De lá para cá eu não passei um semestre sabático sem dar aula. Só me entendo dando aula”.
Ligação clara entre música e literatura se faz em Presente , uma das músicas mais antigas de Wisnik, que surgiu quando ele preparava um projeto para musicar poemas de Mário de Andrade. “É uma conversa minha com a Paulicéia Desvairada e confirma aquilo que nós comentávamos sobre a relação da canção com a literatura, mesmo quando não está evidente”.
Hoje em dia, Wisnik escreve e dá cursos sobre Guimarães Rosa, escritor cujas “narrativas são movidas a canção”. O professor destaca que a história de “‘A hora e Vez de Augusto Matraga’– conto presente em Sagarana – é toda pontuada por canções e estribilhos, como se a canção fosse contando a história o tempo todo”. Ainda salienta: “Em Grande Sertão: Veredas a canção de Siruiz é importantíssima. Todo o romance está condensado efetivamente nessa música”.
As melodias também embalam a vida pessoal do compositor. A música DNA foi feita em homenagem a Daniela, filha que Wisnik conheceu “moça-mulher” quando tinha seus 17 anos. Hoje Wisnik brinca e diz: “Eu tenho uma prole”. Casado com a artista plástica Laura Vinci, é pai de quatro filhos – Guilherme, Marina, Iara e Daniela – e já avô de um neto de um ano e oito meses. |