por Maria Clara Matos
foto por Cecília Bastos


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Lançada recentemente, a Ritu – Rede de Intercâmbio de Televisão Universitária – busca a integração entre canais e a expansão de seus conteúdos

Para enviar uma fita ou DVD pelo correio, via Sedex, para a Paraíba leva-se, com muito boa sorte, em média 3 dias. Com a implementação da nova rede de TV universitária Ritu, esse conteúdo pode chegar quase que simultaneamente a seu destinatário. Essa diminuição virtual de distâncias e otimização temporal é uma das características do projeto que visa a integrar e a expandir as produções dos canais universitários brasileiros.

Lançada em junho de 2008, a Ritu tem como proposta compor uma rede de compartilhamento dos vídeos produzidos pelas televisões universitárias do país, o que permitirá a troca de conteúdo para a construção de uma grade de produção local e 100% universitária. Assim, vídeos produzidos no Rio de Janeiro, por exemplo, poderão fazer parte da programação de um canal universitário da Bahia, e essa troca será realizada totalmente via internet.

O software utilizado nesse processo foi criado pelo Laboratório de Aplicações e Vídeo Digital da Universidade Federal da Paraíba (Lavid/UFPB) em um projeto financiado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), órgão criado em 1989 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com o objetivo de construir uma infra-estrutura de rede internet nacional para a comunidade acadêmica. O gerenciamento da rede é de responsabilidade da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU).


 

 

 

Foto crédito: Cecília Bastos
Referindo-se à nova rede de intercâmbio, Franco Maria Lajolo destacou: “Em um mundo tão permeado pela ciência e tecnologia é essencial que a ciência passe a fazer parte da bagagem cultural do cidadão comum.”


A Ritu irá utilizar a infra-estrutura da RNP, por isso todas as universidades devem estar conectadas a essa rede. Adriano Adoryan, coordenador da Ritu, explica que a Ritu 1.0 é a ferramenta que usa os servidores de vídeo da rede para trafegar os vídeos via internet, em formato Mpeg2, que apesar da alta compressão mantém sua qualidade. Ele ainda ressalta que as vantagens dessa tecnologia também se relacionam ao custo e à rapidez. O tráfego de fitas levaria a um aumento do tempo de espera da programação, e a utilização de satélites aumentaria vertiginosamente os custos do processo.

“Essa modalidade de comunicação que se inaugura será certamente fonte de produção de conteúdos educacionais, diversificação de grade de programações, permitindo maior abrangência da informação, viabilizando cada vez mais a integração nacional e mesmo internacional”, salienta o vice-reitor da USP Franco Maria Lajolo.

Pedro Ortiz, diretor-geral do Canal Universitário de São Paulo (CNU) e diretor da TV USP, conta que as TVs universitárias hoje em dia contam com equipes pequenas que não conseguem ter uma produção grande em termos de volume. Ele faz a comparação: “Aqui em São Paulo são dez universidades que formam o canal e colocamos de sete a oito horas de programação inédita por dia. Outros canais, compostos por um menor número de universidades, conseguem colocar no máximo duas horas de programação inédita”. Dessa maneira, um dos pontos positivos é poder oferecer um conteúdo diversificado às televisões universitárias de todo o país, diminuindo a quantidade de reprises.

Ortiz conta que atualmente o Brasil possui em torno de 50 canais universitários e mais de cem instituições de ensino superior – entre elas universidades, faculdades e centros universitários – com uma produção regular de conteúdo televisivo. A possibilidade de criação dos canais universitários surgiu em 1995, quando a Lei de TV a cabo determinou que nos municípios em que há uma política de concessão de TV, a operadora responsável deve tornar disponíveis canais básicos de utilização gratuita, ou canais de acesso gratuito.


 

 

 

Foto crédito: Cecília Bastos
Pedro Ortiz revela que a idéia da Ritu surgiu há certo tempo, mesmo antes da criação da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), em 2002


A partir de então foi criado em 1997 o CNU, que foi ao ar já no final do mesmo ano, contando com a participação de nove universidades: USP, Mackenzie, Unifesp, Unisa, Unicsul, São Judas, Uniban e Unip. Atualmente também compõem o rol das participantes a Universidade São Marcos. Ortiz comenta que o canal conta com um conselho gestor e uma diretoria executiva que possuem representantes em todas as instituições para que “tudo seja decidido de comum acordo”. “Seguimos o princípio da igualdade, todas as dez TVs têm ao longo da semana a mesma quantidade de horas de programação na grade”, salienta.

O CNU é transmitido apenas no que chamamos de TV fechada, ou seja, faz parte da programação da NET e TVA. No entanto, Ortiz revela que “a questão de ir para a TV aberta é um desejo antigo do canal e das TVs universitárias, mas aqui em São Paulo a dificuldade está em conseguir uma freqüência de TV educativa aberta, uma vez que esse canal é a TV Cultura”.

Entretanto a TV digital poderá ampliar esse horizonte. O diretor do CNU explica que com a nova configuração do sistema de TV pública no Brasil e a transição para a TV digital serão criados alguns outros canais públicos. “Nós estamos conversando com o MEC. Isso porque quando ele tiver condições de criar esse canal da educação, vai poder colocar no ar quatro subcanais, em que um deles seria da universidade aberta do Brasil.”

Enquanto esse canal nacional direcionado à universidade não surge, o CNU vem buscando parcerias com a TV Brasil e com a própria TV Cultura, driblando as limitações da TV a cabo.

Quando o foco é a USP, adaptações também estão sendo realizadas para contribuir para uma maior diversificação e democratização da informação. A TV USP vem estreitando relações com os campi do interior desde 2002, buscando criar a Rede USP de TV. Ortiz explica que a intenção é montar núcleos de produção da TV USP, com equipes pequenas para preparar algumas reportagens e matérias locais. Ele ressalta que o objetivo é que sempre haja um trabalho em rede com troca de programações. Os trabalhos estão mais avançados em Bauru e Ribeirão Preto, mas se pretende estendê-los para outras regiões como Piracicaba.

Ortiz ainda explica que o processo de transmissão de informação será muito semelhante ao da Ritu, isto é, assim como na Ritu, a Rede USP está conectada a uma rede da RNP e poderá trafegar a produção por essa via.

 
 
 
 
 
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