por Talita Abrantes
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Foto crédito: Francisco Emolo

 

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De acordo com a coordenadora do Núcleo de Energias Renováveis do Departamento de Energia e Automação Elétrica da Escola Politécnica, Eliane Aparecida Faria Amaral Fadigas, a economia pode chegar a 70%


Energia Solar é ótima alternativa para quem quer economizar dinheiro e ainda ficar de bem com o meio ambiente

O inverno chegou. E com ele os deliciosos (e demorados) banhos ultra quentes. No entanto é preciso estar atento. Apesar de fonte de conforto nestes dias gélidos, o chuveiro elétrico pode se tornar o grande vilão do seu bolso nestas férias de julho. Na opinião de especialistas, uma boa alternativa para isso é a instalação de aquecedores solares. Segundo a coordenadora do Núcleo de Energias Renováveis do Departamento de Energia e Automação Elétrica da Escola Politécnica, Eliane Aparecida Faria Amaral Fadigas, com esses equipamentos o consumo de energia elétrica do chuveiro pode cair entre 70% e 100%.

“No Brasil, o aquecimento de água é a principal aplicação do coletor solar, mas ele também pode ser utilizado para aquecimento de ar, dessalinização de água, e várias outras aplicações”, diz a pesquisadora. E o país tem potencial para isso. Marco Saidel, coordenador do Pure (Programa para Uso Eficiente de Energia na USP), aponta a extensão do nosso território e a grande incidência de radiação solar como condições propícias para a utilização da energia que vem do Sol.

No entanto, essa fonte alternativa ainda é tabu no Brasil. Estima-se que das cerca de 54,7 milhões de residências no país, apenas 750 mil possuam um coletor solar. Afinal, “enquanto no supermercado um chuveiro elétrico custa cerca de R$ 30, um aquecedor solar para uma residência de 4 pessoas vale de R$ 1.500 a R$ 2.000”, compara Eliane. “O problema é que as pessoas não fazem aquela conta para perceber que se você investe no coletor solar você vai economizar energia elétrica.” O professor do Departamento de Mecânica da Escola Politécnica José Simões complementa: “O custo é basicamente instalação e manutenção.”

 

 

 

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O professor José Roberto Simões pondera que o atual sistema de complementação de energia utilizado não é inteligente. Para ele, o ideal seria instalar uma resistência fora do tanque

 

 


De acordo com Simões, é preciso apenas ter cuidado com o sistema de complementação de energia. Em dias de baixa insolação, o aquecimento da água fica por conta, geralmente, de uma resistência instalada no interior do tanque ou boiler. “E isso não é uma alternativa inteligente, pois você acaba aquecendo toda a água”, explica o professor. “O ideal seria ter uma resistência fora do tanque para que só fosse aquecida a água que será utilizada.”

Apesar desse sistema ainda não estar disponível no mercado, a economia de energia elétrica já é notável na maioria dos locais que utiliza o equipamento. Em 2005, os 63 chuveiros elétricos do conjunto residencial da Esalq foram substituídos por um sistema de coletor solar. Antes da instalação o consumo mensal de energia elétrica era de 400kWh. Hoje, este valor foi reduzido em 70%.

“O custo de instalação foi de R$ 55 mil, mas porque a edificação já tinha um sistema de aquecimento central. No Brasil, a maioria das casas só tem tubulações de água fria. Então, há ainda um custo adicional para a instalação da tubulação de água quente, necessária para o funcionamento do aquecedor”, explica Eliane.

Coletores solares também foram instalados na Casa das Caldeiras do Restaurante Central do campus da capital. Apesar de a energia solar ser utilizada apenas para pré-aquecer a água, a economia de gás liquefeito (GLP), ou gás de cozinha, é de duas toneladas. Na época em que o aquecedor foi instalado, “a USP pagava R$ 2,34 o quilo de GLP. Então, estimamos que a economia seria de R$ 4.600 por mês, R$ 55 mil por ano”, aponta Simões. Se esta conta estiver correta, em menos de dois anos a redução do consumo de gás alcançaria o valor investido no projeto, R$ 95 mil.

Diante de vantagens como estas, em 2007 foi sancionada lei de nº 313/2006 que obriga que as novas edificações da cidade de São Paulo, com quatro ou mais banheiros, sejam planejadas com coletores solares e aquelas com menos de três, têm de ser construídas com tubulações de água quente. “Apesar de algumas brechas, esta é uma boa iniciativa”, analisa Eliane.

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Mais que substituição de tecnologias, o comportamento adequado do usuário é, na visão de Marco Saidel, de suma importância para um bom uso da energia


No entanto, para Saidel, coordenador do Pure, a gestão de energia não se restringe apenas à instalação de equipamentos alternativos como aquecedores solares, mas demanda três vetores: administrativo, tecnológico e comportamental. Ele utiliza a experiência do Pure como exemplo. “Na vertente administrativa, nós observamos a maneira como contratamos a energia: checamos faturas, contabilizamos nossos gastos”, aponta. O viés tecnológico, segundo ele, passa pela substituição de lâmpadas, instalação de aquecedores solares, entre outros. E o último, mas não menos importante, é o comportamento dos usuários. “O movente de tudo é o ser humano. Se ele não decidir economizar, não adianta você trocar o equipamento, criar projetos”, opina.

Com essa visão, o Pure já conseguiu economizar cerca de R$ 37,3 milhões em mais de dez anos de trabalho para aumentar a eficiência energética da USP. “A Universidade tem o compromisso de estar à frente em comportamento, em pesquisa”, acredita Saidel. “E os projetos dos aquecedores solares são um bom exemplo disso.”

 

 


 
 
 
 
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