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O físico José Goldemberg terá um importante papel na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, em agosto e setembro, em Johannesburgo, não só como o secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo mas também como especialista em recursos energéticos renováveis. Pesquisador e professor no Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, onde atua mesmo aposentado, Goldemberg recentemente obteve o apoio de todos os ministros ambientais da América Latina para um projeto de sua autoria, que prevê que, nos próximos dez anos, 10% da matriz energética mundial venha de fontes de energia renováveis, como o sol, o vento e a biomassa — os restos de culturas agrícolas, entre eles o bagaço de cana-de-açúcar. Esse projeto será uma das propostas que a delegação brasileira levará à África do Sul, na Rio+10.
A necessidade da utilizar energia renovável e segura foi justamente o tema de pesquisas que Goldemberg realizou, na década de 80, com mais três cientistas reunidos na Universidade de Princeton — o sueco Thomas Johansson, o indiano Amulya Reddy e o norte-americano Robert Williams. O trabalho desses quatro cientistas — que resultou no livro teresses. Eles querem manter sua forma tradicional de utilização energética e padrão de consumo e irão lutar para defender isso.

JUSP — Mas esses padrões, baseados em recursos como petróleo e carvão, são muito poluentes...

Goldemberg — São. Mas quisera todas as nações tivessem os mesmos níveis de consumo e padrão de vida.

JUSP — Os países pobres possuem 75% da população mundial e consomem 25% da energia produzida no planeta. Na sua opinião, é a pobreza ou o “consumo predatório” o principal vilão do meio ambiente?

Goldemberg — São os países ricos, ou o “consumo predatório”, os maiores vilões.

JUSP — Cerca de 65% das internações no Brasil são decorrentes da falta de saneamento básico. Mais de 80% dos esgotos no País não recebem tratamento e são jogados diretamente nos rios e mares. O senhor acha que números como esses são suficientes para sensibilizar os governos e sociedades do planeta?

Goldemberg — Quem é que pode dizer? De dez anos para cá, quando se realizou a Rio-92, os resultados estão aí. Quanto ao governo do Estado de São Paulo, posso dizer que muito tem sido feito e os dados estão disponíveis a qualquer um que quiser saber.

 




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