Um
prego, mas líquido. Esse é o mais novo produto da
Adespec, empresa do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas
(Cietec). “São todas as colas em uma só”,
garante Wang Shu Chen, pesquisadora responsável pelo lançamento.
Segundo ela, toda a tecnologia utilizada para produzir a cola é
nacional. Além disso, “o Prego Líquido é
um adesivo ecológico porque não emana nenhum gás
tóxico e nem possui solventes”. Adesivo semelhante
é muito utilizado em países europeus e nos Estados
Unidos, mas nunca foi produzido no Brasil. Propagandas à
parte, esse é mais um produto que chegou ao público
graças ao Cietec, organização que conta com
apenas cinco anos de vida.
Fruto
de uma parceria entre a USP, Sebrae, Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares (Ipen), Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia,
Ministério de Ciência e Tecnologia e Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, o Cietec
conta hoje com 94 empresas incubadas, que geram 330 postos de trabalho.
Esses números fazem dele o maior pólo incubador da
América Latina. Sediada dentro do Ipen, na Cidade Universitária,
o centro garante o crescimento das empresas e a geração
de empregos. Além disso, contribui para a diminuição
da taxa de mortalidade das microempresas. “Já
graduamos dez empresas e elas hoje estão bem consolidadas.
A nossa meta é colocar no mercado 15 empresas por ano”,
comenta o advogado Sérgio Risola, gerente da organizaçào.
A gestação
do Cietec durou um ano e meio. Em abril de 1998, quando começou
suas atividades, abrigava apenas sete empresas. Em 2001, esse número
pulou para 50. Hoje, com quase o dobro, o centro encontra-se em
uma fase de estabilidade. Ao longo do tempo, o Cietec conseguiu
se consolidar como um grande incentivador do microempresariado brasileiro.
Para este ano, prevê-se que o faturamento total das empresas
incubadas seja de R$ 13 milhões. No ano passado, esse número
bateu na casa dos R$ 8,2 milhões.
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O
gerente Sérgio Risola: geração de empregos
e benefícios para o Brasil |
Planejamento
– As cifras mostram o cuidado do Cietec em prover condições
físicas e estruturais necessárias para o funcionamento
das empresas. Mas não só isso. Ele também oferece
consultoria empresarial, cursos de planejamento estratégico,
ações internacionais, aproximação com
grandes clientes e participação em feiras dentro e
fora do Brasil. No ano passado, houve participação
em 11 feiras e eventos diferentes. Neste ano, a meta é ir
a 15.
A BGE
Biomedicina, por exemplo, acabou de voltar do 10º Teoria e Prática
de Anestesia Geral e Controle da Dor (Lasra), evento que aconteceu
no fim de agosto em um hotel em São Paulo. Foi lá
que a empresa apresentou aos profissionais da área o neuroestimulador,
sua mais nova criação. “Foi muito bom participarmos
da Lasra levando nosso produto”, comemora Wilma Regina Vasconcelos
Borges, sócia da BGE. Na última edição
da Comdex – o mais importante evento de Tecnologia da Informação
da América Latina –, em São Paulo, em agosto
passado, três empresas incubadas expuseram seus produtos:
a Adespec, a CNZ e a Eletrocell. Esta última é famosa
pela criação da célula-combustível,
capaz de gerar 50 kW de potência combinando oxigênio
e hidrogênio, sem deixar resíduos tóxicos.
“Aqui
dentro a empresa conta com uma grande marca. Além disso,
como não há projetos concorrentes, há grande
sinergia entre os incubados e muita troca de informações”,
afirma Risola. A disponibilização de mais de 400 laboratórios
da USP, Ipen e IPT – diz ele – é fundamental
para garantir que as empresas pesquisem novas tecnologias e criem
conceitos inovadores. Hoje são cerca de 170 produtos em desenvolvimento
ou já no mercado, como é o caso do Prego Líquido,
primeiro produto da Adespec a entrar no varejo.
O centro
incubador também se preocupa com questões jurídicas
e administrativas. A última bandeira levantada e abraçada
por Risola é a de que os escritórios de propriedade
intelectual (patente) do País “adotem” um grupo
de microempresas para ajudá-las a dar os passos iniciais
em busca de registro e patente de seus produtos. “Apenas 12%
das patentes concedidas no País são de propriedade
de brasileiros”, ressalta.
“Até
o final do ano”, comenta o gerente, “o Cietec pretende
abrigar cem empresas.” Os projetos do centro, no entanto,
não se limitam apenas a aumentar o número de empresas
incubadas. Na semana passada, ele assinou convênio com a Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep) e com a Secretaria Estadual de Ciência
e Tecnologia para a criação do núcleo do Parque
Tecnológico de São Paulo. Cada entidade investirá
R$ 1,3 milhão no projeto, que tem como principal objetivo
atrair investimentos, estimular a ocupação e incrementar
a interação com a comunidade científica da
Cidade Universitária. O investimento total será de
cerca de R$ 3,2 milhões e contará também com
verba da iniciativa privada.
Entenda
o Cietec
Como
entrar para a incubadora?
Existe um processo seletivo que avalia o empreendimento
tecnológico da empresa. O público-alvo são
pesquisadores e empresários que detenham conhecimento
tecnológico ou já desenvolvam produtos em fase
de prateleira. Ao ser aceito, o empreendedor deve pagar uma
mensalidade de cerca de R$ 450, uma espécie de “condomínio”.
As empresas devem ser, preferencialmente, das áreas
de instrumentação, biomedicina e biotecnologia,
laser, química, novos materiais, informática,
mecânica, ambiente e aplicações técnicas
nucleares.
Benefícios
Além do espaço físico e da disponibilização
de laboratórios de ponta, o Cietec proporciona assessoria
na elaboração dos planos de negócio,
capacitação em gestão tecnológica
e empresarial, em marketing e comunicação (estratégia,
venda, comercialização e assessoria de imprensa),
design, apoio jurídico empresarial e em propriedade
intelectual e captação de recursos financeiros.
Quais
os tipos de incubadoras?
Existem quatro tipos. A de Empresas Residentes tem
como objetivo apoiar empreendedores para criação
ou continuidade de novos negócios de base tecnológica.
Destina-se a empreendedores ou empresas constituídas,
que já tenham dominado a tecnologia e que possam dar
início à operação e
ao faturamento em até doze meses após a instalação
no Cietec, prorrogáveis por até 24. A incubadora
de Software apóia empreendedores para a criação
ou continuidade de novos negócios na área de
softwares especiais. Os empreendedores têm o prazo de
um ano, prorrogável
por mais um.
O
Hotel de Projetos (Pré-incubação) visa
a dar apoio para criação de novos negócios
de base tecnológica que ainda não tenham condições
suficientes para o início imediato do empreendimento.
O prazo de incubação para empresas do Hotel
é de 12 meses. Esse prazo pode ser prorrogado por seis,
sendo o período máximo de incubação
para essa modalidade de 18 meses.
A
incubadora de Empresas Associadas apóia empreendedores
ou empresas de negócios de base tecnológica
já constituídas e que não precisam de
espaço físico para se instalar, mas que necessitam
de todo o apoio fornecido pelo Cietec para alavancar seu negócio.
O prazo é de 12 meses, prorrogáveis por mais
24.
As
empresas graduadas geralmente se tornam associadas.
Mais
informações podem ser obtidas na página
eletrônica do Cietec (www.cietec.org.br).
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Da
academia para a sociedade
A
seguir, alguns projetos desenvolvidos por empresas
do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas
(Cietec), que já estão no mercado
ou encontram-se em fase de conclusão.
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Prego
Líquido |
Desenvolvido
pela Adespec, o Prego Líquido é um adesivo
sem solventes e serve para fixar e unir materiais de
construção, decoração e
artesanato sem a necessidade de furar, parafusar ou
pregar. Ele pode ser aplicado em gesso, espelho, fórmica,
cerâmica, PVC, isopor, cortiça, metais,
madeiras, carpete, vinil e tijolos vazados, além
de preencher folgas de até 10 milímetros.
De acordo com sua criadora, Wang Shu Chen, “ele
é perfeito para paredes de gesso e divisórias,
muito usadas na construção civil”.
Segundo ela, todo o processo de pesquisa e teste durou
apenas um ano e meio.
Países
da Europa e os Estados Unidos utilizam um produto muito
semelhante. Com tecnologia 100% nacional, o Prego Líquido
tem como atrativo, além de ser um cola-tudo,
o fato de ser um adesivo ecológico. Por esse
motivo não tem cheiro e não é tóxico.
Sua capacidade é de 70 quilos por centímetro
quadrado. É resistente a temperaturas superiores
a 90ºC, à umidade, ao impacto e à vibração.
A bisnaga de 85 gramas pode ser encontrada em lojas
por um preço entre R$ 9,00 e R$ 10,00. |
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![](ilustras/ilustra0711.jpg) |
Máquina
de Alisamento de Roupa |
Uma
aeromoça percebeu que suas roupas, amarrotadas
por ficarem muito tempo na mala, ficavam “passadas”
se penduradas enquanto o chuveiro estivesse ligado na
hora do banho. Segundo Célia Jaber de Oliveira,
agora aeromoça aposentada, o vapor que saía
da água quente alisava suas roupas. Depois de
anos desamassando roupas dessa maneira, ela decidiu
criar a primeira alisadora de roupa automática
a vapor do mundo. Isso representa um alívio para
grande parte das mulheres brasileiras. Uma pesquisa
feita pela Coll, empresa que desenvolveu o equipamento,
mostrou que 84% das mulheres questionadas se interessaram
pelo produto e provavelmente o comprariam.
Sua
invenção, que tem as medidas de uma geladeira,
é um produto que consome pouca energia. Na máquina
cabem 12 cabides e a roupa deve ficar entre 30 e 45
minutos para ser alisada. A empresária estima
que, no comércio, sua invenção
custará entre R$ 600,00 e R$ 1.200,00. Neste
momento, o projedo da Coll se encontra em fase de mudança
no design do produto, para ficar o mais leve e moderno. |
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![](ilustras/ilustra0712.jpg) |
Aquecedor
Solar
de Baixo Custo |
A
empresa Sunpower desenvolveu o Aquecedor Solar de Baixo
Custo (ASBC). Em 2001, ela se transformou na ONG Sociedade
do Sol por atuar sem fins lucrativos e com função
social. O que o criador do ASBC, Augustin Woelz, pretende
é conscientizar a população para
o problema do gasto de energia elétrica. Ainda
como incubada do Cietec, a organização
distribui gratuitamente kits educativos para escolas
públicas. De acordo com Woelz, o alvo são
as 200 mil escolas de ensino fundamental e médio
do Brasil.
O
ASBC é um projeto do tipo “faça
você mesmo”. Com materiais simples e de
fácil aquisição, pode-se montar
um aquecedor com cerca de R$ 100,00. A ONG oferece um
manual de construção e dúvidas.
“O projeto é motivacional. Famílias
carentes podem diminuir em cerca de 30% o consumo de
energia elétrica com o ASBC”, comenta Woelz.
Para a montagem são necessários um misturador
e um dimer, algumas peças, como canos, duas ou
três peças de forro de PVC, isopor, fitas
e adesivos. Mais informações podem ser
obtidas na página eletrônica http://www.sociedadedosol.org.br. |
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![](ilustras/ilustra0713.jpg) |
Célula
combustível |
A
célula combustível produz energia a partir
da combinação de oxigênio e hidrogênio,
gerando como resíduo apenas vapor d’água.
Desenvolvido pela Eletrocell, o novo sistema pode ser
aplicado em iluminação pública
e residencial e como combustível de veículos
aéreos e terrestres.
Uma
célula, segundo o engenheiro Gilberto Janólio,
é capaz de gerar 50 kW de potência e permite
utilização em larga escala. Só
para se ter uma idéia da importância dessa
inovação, um quilo de hidrogênio
libera a mesma quantidade de energia de 3,5 litros de
petróleo, 4 litros de gasolina ou 3,7 metros
cúbicos de gás natural.
A
tecnologia foi encomendada pela Eletropaulo como protótipo
para iluminação de prédios residenciais,
centrais telefônicas, hospitais e escolas. Para
viabilizar o projeto, a Eletropaulo investiu cerca de
R$ 1,7 milhão. |
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![](ilustras/ilustra0714.jpg) |
Mamute |
A
Mamute Mídia é uma empresa de criação
de sistemas interativos, como CD-ROMs e web sites, e-learning
e comunidades on-line. Está no Cietec desde março
de 2002, mas existe há seis anos. Desde que entrou
para o centro incubador, tem amadurecido como empresa.
“Éramos insustentáveis do ponto
de vista de gestão. Hoje a Mamute não
é mais um mero prestador de serviço”,
comenta Gian Zelada, diretor de produção.
Muitos trabalhos da incubada já ganharam prêmios
e indicações em festivais, entre eles
o Vidarte 2002, na Cidade do México, na categoria
de multimídia, e o Ucon 2001, em Nova York, na
categoria e-learning.
Neste
ano, a Prefeitura de São Paulo aprovou o projeto
de passeio virtual pelo centro da cidade como parte
do cronograma oficial de comemorações
dos 450 anos da capital paulista, em 2004. A empresa,
no entanto, ainda busca patrocínio. Outro projeto
em desenvolvimento é uma parceria com o Inpe,
que cria alas interativas para alunos de ensino médio
e técnico em CD-ROM e página eletrônica. |
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