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Aurélia Schwarzenega era o título inicial do filme, por causa da personagem da mulata Aurélia, que adora homens musculosos e tem como ídolo o ator Arnold Schwarzenegger. Ela é operária de uma tecelagem no ABC paulista e namora um rapaz branco e forte, envolvido com uma gangue racista que comete atentados contra negros, nordestinos e homossexuais. Quando deixou de se centralizar somente na personagem Aurélia para entrar também no cotidiano das outras operárias da fábrica, é que o filme passou a se chamar Garotas do ABC.

O décimo terceiro longa-metragem de Carlos Reichenbach, diretor de Anjos do arrabalde e Dois córregos, é dividido em duas partes, o trabalho e o lazer das operárias. Ele se passa na tecelagem Mazini, cujo dono é interpretado pelo próprio cineasta, aparecendo apenas por sua silhueta ou por closes de suas mãos; no Clube Democrático, casa noturna onde as operárias “botam a libido para fora” e se sentem especiais; e no bar de sinuca freqüentado por jovens neonazistas, liderados por um rico advogado, dono de pedreira, que discursa textos do integralista Plínio Salgado.

Para escrever o roteiro do filme, aplaudido pelo público do Festival de Brasília, Reichenbach percorreu os cenários que filmaria, conversou com operárias e andou muito de ônibus. Daí provavelmente vêm a propriedade e a intimidade com que foi filmada a vida dessas personagens, brancas, negras, japonesas, crioulas, que se mesclam sem distinções de raça, mas se segregam em alas e grupos de trabalho. Fãs de um tal músico Sam Ray – criação de Reichenbach, Nelson Ayres e Marcos Levy para a trilha sonora, inspirada em Marvin Gaye –, as meninas estampam em suas paredes e armários as fotografias do artista junto às de atores hollywoodianos. Além de retratar as operárias por seus sonhos, paixões, trabalho e diversão, Garotas do ABC mostra suas ideologias sendo construídas com ingenuidade e coragem, para se postarem diante da realidade da periferia.

Outra estréia – e de outro renomado e experiente diretor brasileiro, Maurice Capovilla, é a do longa Harmada, também premiado em Brasília, pela atuação do ator Paulo César Pereio. O filme mostra a trajetória nada previsível de um ator, que, diante de provações, encontra forças no teatro e nos acasos da vida. Harmada tem pré-estréia na quinta, às 17h e às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil, seguida de conversa com o diretor (ingressos a R$ 4,00 e R$ 2,00).

 

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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