O novo campus de São Carlos
em construção: expansão contínua
O primeiro dia de aula para os calouros de 2005, previsto
para 28 de fevereiro, será também um marco para a
USP em São Carlos. Nesse dia, terão início
as atividades acadêmicas no Campus 2 da USP na cidade, um
projeto que começou a ter os rascunhos iniciais há
quatro anos, para atender ao crescimento de cursos e vagas que o
Campus 1 já não comportava mais.
Localizado na região noroeste de São Carlos, com área
de 97 hectares, o novo campus inicialmente abrigará os cursos
de Engenharia de Computação, Engenharia Aeronáutica
e Engenharia Ambiental, implantados entre os anos de 2002 e 2003.
Nesse período, as atividades desses cursos foram desenvolvidas
no Campus 1 sem prejuízos, mas com superutilização
da infra-estrutura, explica o diretor da Escola de Engenharia
de São Carlos (EESC), Francisco Antonio Rocco Lahr. Como
nenhuma turma se formou, ainda estamos tendo um aumento real de
230 alunos ao ano (considerando as demais unidades, o aumento é
de 330). Sem o novo campus, não seria possível suportar
essa demanda porque o problema não se resume apenas a novos
laboratórios e salas de aula, mas também à
parte de serviços, que está perto do limite.
Segundo o diretor, a Comissão de Graduação
da unidade vem realizando reuniões para definir a transferência.
O prédio construído para o curso de Engenharia de
Computação ministrado em parceria com o Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação
(ICMC) foi o primeiro concluído e inaugurado no dia
14 de janeiro passado, com a presença do governador do Estado,
Geraldo Alckmin, e do reitor da USP, Adolpho José Melfi.
Hoje o capital mais importante é o recurso humano,
e essa é uma característica de São Carlos.
Com esta inauguração, isso se solidifica cada vez
mais, disse Alckmin.
Em fase de finalização, que inclui a mobília,
estão os prédios das Engenharias Ambiental e Aeronáutica.
Somente nesta primeira etapa, são mais de 12 mil metros quadrados
de construção destinados diretamente ao ensino e à
pesquisa. Outras obras já concluídas são: Centro
de Apoio Técnico, sistema viário com 5 mil
metros de ruas pavimentadas , poço profundo, rede de
água e esgoto e posto de segurança. Em andamento estão:
o Núcleo Inicial Didático, o restaurante, os estacionamentos
e as portarias de controle de acesso. Para as obras foram utilizados,
até o momento, recursos da ordem de R$ 18 milhões,
parte da própria Universidade e parte vinda do governo do
Estado, através do Programa de Ampliação de
Vagas e Criação de Novos Cursos.
De acordo com a Comissão de Implantação, presidida
pelo vice-reitor da USP, professor Hélio Nogueira da Cruz,
alguns serviços externos foram prejudicados pelas chuvas,
como é o caso da construção de calçadas.
São pequenos ajustes. Estamos bastante satisfeitos
com o ritmo de trabalho, afinal é uma obra de grandes proporções.
Receberemos os alunos dentro dos prazos normais, comentou
Cruz. Os alunos contarão com transporte interligando os dois
campi e, embora o restaurante não esteja pronto, as refeições
serão servidas em um local provisoriamente adaptado.
Ambiente
Distante apenas quatro quilômetros do Campus 1, o novo campus
será também, para os estudantes de Engenharia Ambiental,
um laboratório a céu aberto. Três córregos
cortam os 97 hectares do terreno e em torno de 30% são áreas
de preservação permanente e reserva legal. De acordo
com a engenheira Cilene de Cássia Garcia, uma das responsáveis
pelo acompanhamento das obras, parte dessa área, que sofria
com a degradação, está sendo recuperada com
o plantio de milhares de mudas.
O privilégio de se ter uma ampla extensão verde é,
no entanto, a preocupação do chefe de segurança
Antenor Alves de Souza. Diferente do anterior, este é
um campus que, além de grande, possui muitas áreas
abertas, o que vai exigir um esquema diferente de trabalho para
garantir a segurança no local. Estamos estudando isso,
explica Souza. Até o momento, 26 profissionais efetivos realizam
o serviço de vigilância 24 horas por dia.
Através de uma parceria com a Polícia Militar, uma
base foi construída pela Universidade no Campus 2 e entrará
em operação nos próximos dias. Estamos
transferindo uma Base Comunitária para o local e vamos atender
a toda aquela região da cidade. Ela estava instalada em um
bairro próximo, mas as condições do prédio
eram ruins, disse o tenente-coronel do 38º Batalhão
de Polícia do Interior, João Donizeti Scozzafave.
É uma parceria muito positiva. Também vamos
contar com a efetivação da Guarda Municipal, que é
uma maneira de integrar a população e aumentar a atividade
policial.
Crescimento
O presidente da Comissão Acadêmica, professor Roberto
Mendonça Faria, afirma que o início das atividades
no Campus 2 é uma grande vitória porque houve pouco
tempo para as obras, considerando todos os trâmites necessários.
Sobre a implantação de novos cursos, ele complementa:
Acredito que a idéia é de continuar a expansão.
Nós já temos dois cursos aprovados e outros estão
em discussão. Em 2004 o Conselho Universitário
da USP aprovou a criação de Bacharelado em Física
Computacional (30 vagas) e Bacharelado em Ciências Físicas
e Biomoleculares (40 vagas), ambos ligados ao Instituto de Física
de São Carlos (IFSC). Segundo o reitor da USP, Adolpho Melfi,
as carreiras dependiam de liberação de recursos extra-orçamentários.
Para o ano que vem, nós certamente implantaremos esses
dois novos cursos, destacou Melfi.
O reitor disse ainda que o aumento de vagas, uma meta de sua gestão,
continua. Quando assumimos, nossa intenção era
chegar a 10 mil vagas no vestibular. Hoje já estamos com
mais de 9.500 e a possibilidade de implementação de
novas vagas, inclusive com a incorporação da Faculdade
de Engenharia Química de Lorena, a Faenquil.
Para Melfi, o número de vagas oferecidas ainda é pequeno,
se considerada a quantidade crescente de alunos que deixam o ensino
médio e buscam a continuidade em uma universidade pública.
Para o vestibular deste ano, mais de 150 mil candidatos disputaram
vagas na USP. Desde 2001, nós ampliamos 30% das nossas
vagas e grande parte delas em cursos noturnos, que têm um
impacto social muito grande. Essa é uma maneira de mostrarmos
que estamos tentando desenvolver adequadamente nosso compromisso
social, finalizou Melfi.
Obras no Campus 2: educação é
a vocação da cidade
Uma
conquista histórica
No
final dos anos 90, o campus da USP em São Carlos começou
a sofrer os primeiros reflexos com a falta de espaço
físico, sem possibilidade de expansão por estar
na região central da cidade. A idéia de encontrar
um terreno próximo para o qual pudessem ser transferidos
alguns serviços foi deixada de lado com a aprovação
do curso de Engenharia Aeronáutica, no início
de 2001, e a possibilidade de implantação de
outras carreiras.
Um grupo designado pela Reitoria iniciou o estudo de áreas
que pudessem abrigar a expansão e não representassem
custos à Universidade. Em novembro daquele ano, o então
reitor Jacques Marcovitch anunciou a área melhor classificada,
de um total de 14 ofertas. Ela foi doada pela empresa Novo
Tema Empreendimentos Ltda., através da Prefeitura Municipal
de São Carlos.
Para acompanhar a implantação do novo campus,
em janeiro de 2002 a Reitoria criou duas comissões:
uma com o objetivo de cuidar do projeto acadêmico e
outra com a função de elaborar o plano diretor
e desenvolver a estrutura administrativa.
No dia 8 de agosto de 2002 tiveram início as primeiras
obras, com a perfuração para estacas do Centro
de Apoio Técnico. Depois passaram a ser executados
outros serviços, como a sondagem do solo para
definição de sua formação geológica
, a terraplenagem de algumas vias de acesso e o cercamento
da área. Paralelamente passou a ser desenvolvido o
projeto dos primeiros prédios para fins acadêmicos.
Em fevereiro de 2003 o Campus 2 ficou maior, com a doação
de 5,8 hectares feita pelas empresas Faber Castell e Sobloco.
Em 2004, outro terreno foi agregado, totalizado a área
atual de 97 hectares.
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