Caça às suásticas: o Partido Nazista em São Paulo sob a mira da polícia política

Ana Maria Dietrich

Ana Maria Dietrich é doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Participou da equipe pioneira do PROIN – Projeto Integrado Arquivo Público do Estado/USP, trabalho que resultou na publicação do Inventário DEOPS – Módulo Alemanha, em co-autoria com Priscila Ferreira Perazzo e Eliane Bisan Alves (Imprensa Oficial; Arquivo do Estado, 1997). Foi pesquisadora convidada do Centro de Estudos de Anti-Semitismo da Universidade Técnica de Berlim. Realizou pesquisas em arquivos no Brasil, Alemanha e Áustria com bolsa DAAD/CNPq/CAPES. Desenvolveu Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em História Social/FFLCH-USP com a dissertação Caça às Suásticas e é co-autora, com Ricardo Mendes, do livro Imagens de São Paulo – Gaensly no Acervo da Light. Dietrich é hoje professora de História Contemporânea da Universidade Federal de Viçosa, historiadora, jornalista e estuda o tema do nazismo no Brasil, pela USP, há 13 anos.

Lançado pela Imprensa Oficial, Editora Humanitas (USP) e PROIN (USP) com auxílio da FAPESP, Caça às Suásticas é uma adaptação da dissertação de Mestrado da autora defendida pelo Departamento de História da USP com orientação de Maria Luiza Tucci Carneiro. Dietrich participou do Proin entre 1995 e 2003. O livro enfoca a história da repressão ao Partido Nazista no Estado de São Paulo, estado que possuía o maior número de filiados a este partido. Suas fontes são os arquivos do DEOPS/SP, revelando mecanismos e subterfúgios da polícia. Relatórios de inquérito, fichas de qualificação, ordem de prisões e fotografias e jornais são as fontes da autora para recuperar este capítulo pouco estudado da História do Brasil. A caça às suásticas aconteceu a partir de 1938 quando o estado varguista estabeleceu decretos contra estrangeiros que restringiram as atividades políticas do partido. Quatro anos depois, em 1942, a repressão se acerra com a entrada do Brasil na II Guerra ao lado dos Aliados. O período de repressão ao partido (1938-45) acaba por datar também quando este desenvolveu livremente suas atividades. Legalmente, o Partido Nazista funcionou no Brasil de 1928 a 1938 com as ações autorizadas pelo Estado. Há documentos que se referem à presença de representantes do governo Vargas (1930-1945) às festividades do Partido nesse período. Até 1933, quando o Partido era embrionário, os objetivos do partido em território brasileiro eram o combate ao comunismo e o favorecimento das eleições de Hitler. Após, outros fins foram se agregando: a propaganda das idéias nazistas; a formação da juventude hitlerista; a criação da Volksgemeinschaft (Grande Comunidade Nacional) de alemães residentes além da fronteira do Reich e, finalmente, o repatriamento dos alemães que aqui moravam, através de trocas de câmbio favoráveis.

Coleção: Histórias da Repressão e da Resistência

Sobre a coleção: A coleção Histórias da Repressão e da Resistência nos permite avaliar as ações de instituições brasileiras que tem como função a seleção e o controle do cidadão. Por meio desses estudos temos a oportunidade de conhecer o mundo da repressão e também de reconstruir o mundo fantástico da resistência, que, felizmente, não se calou durante os momentos de autoritarismo. 

Esta coleção resulta do inventário do Fundo DEOPS/SP desenvolvido pela equipe de pesquisadores do PROIN, que desde 1996, tem contribuído para construção do conhecimento histórico acerca do exercício moderno do poder por meio das instituições públicas. representa uma conquista que diz respeito ao direito à memória. Expressa o retorno ao estado de direito que restabelece as garantias individuais e as liberdades públicas, entre as quais o direito à informação e à livre circulação de idéias.

São Paulo
Humanitas / Fapesp / Imesp
2008
ISBN-13 : 978-8577320028
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