Controle dos corpos e das mentes

Organizadoras: Maria Elizabeth Brêa, Maria Luiza Tucci Carneiro

LIVRO DISPONÍVEL GRATUITAMENTE EM:
https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/arquivos%20pdf/lancamentos-1/Controle_dos_corpos_e_das_mentes.pdf

Esta coletânea reúne os estudos apresentados durante o Colóquio Internacional O Controle dos Corpos e das Mentes – Estratégias de Dominação dos Regimes Fascistas e Autoritários, realizado entre os dias 21 e 23 de outubro de 2015, na sede do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER), do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP). Participaram desse encontro 14 pesquisadores, estrangeiros e brasileiros, dedicados aos estudos sobre fascismo, autoritarismo e democracia. Essa rede de estudos, que entre 2005 e 2015 foi sendo fortalecida com novos nomes ligados a instituições distintas, teve como mentores os professores Alberto De Bernardi (Universidade de Bolonha, Itália), Luís Reis Torgal (Universidade de Coimbra, Portugal), Alberto Pena-Rodríguez (Universidade de Vigo, Espanha) e Maria Luiza Tucci Carneiro (Universidade de São Paulo, Brasil).

Para a realização do colóquio, formou-se uma comissão organizadora liderada pelo professor Jaime Antunes, então diretor-geral do Arquivo Nacional que,
gentilmente, endossou a proposta de sediar o encontro realizado em meio a uma
extensa greve de funcionários públicos e bancários. A comissão científica responsável pela produção do programa acadêmico e atividades culturais foi composta por Jaime Antunes, Claudia Beatriz Heynemann e Vivien Ishaq. A professora Maria
Luiza Tucci Carneiro, integrante do grupo fundador da rede, posicionou-se como representante do LEER.

Esse encontro, riquíssimo pela diversidade de abordagens sobre o(s) fascismo(s), fechou o círculo de uma primeira etapa de estudos multidisciplinares
que, desde 2005, reuniu especialistas dos países aqui citados. Além da produção de novos conhecimentos acerca do tema, o grupo reafirmou a importância de institucionalização dessa rede que, entre 2005 e 2018, marcou espaço na historiografia italiana, portuguesa, espanhola e brasileira. Ainda que de difícil definição, o fascismo é entendido como um movimento político, econômico e social, que se desenvolveu em alguns países europeus após a Primeira Guerra Mundial, tendo Alemanha e Itália como modelos referenciais para outros países, como ocorreu em Portugal durante o governo de Antônio Oliveira Salazar (1932- 1968), na Espanha, com Francisco Franco (1939-1976), e no Brasil de Getúlio Vargas (1930-1945). Com algumas características comuns, ainda que expressivas de experiências distintas, o fascismo vem sendo interpretado por seu espectro ideológico. Portanto, é um tema oportuno que serve de alerta para os dias atuais, 8 - o controle dos corpos e das mentes quando a palavra fascismo vem sendo empregada indevidamente, principalmente durante esse período de transição política vivenciado pelo Brasil.

Assim como sugeriu Foucault, devemos assumir a tarefa filosófica de diagnosticar o presente, atentos “para as diversificadas formas de dominação e do
exercício do poder na contemporaneidade, no Ocidente e no Oriente, como também para as práticas da liberdade que despontam coletivamente [...]”.10 Importante, sempre: não devemos perder o direito de estranhar, de resistir e de desobedecer diante das constatações de injustiças e abusos de poder. Que as lições deixadas pelo fascismo sejam lembradas para uma crítica política dos direitos; que os discursos “inventados de verdade” sejam desmitificados, servindo de alerta para a identificação das fissuras que provocam recuos nas democracias; que as ruas continuem sendo do povo que, em nenhum momento, deve perder o seu direito à indignação.

Maria Elizabeth Brêa Monteiro
Arquivo Nacional

Maria Luiza Tucci Carneiro
LEER/Universidade de São Paulo

Rio de Janeiro
Arquivo Nacional e USP
2021
978-85-7233-002-2
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