Imigração e Revolução: Lituanos, Poloneses e Russo sob Vigilância do DEOPS

Erick Reis Godliauskas Zen

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo, cuja dissertação originou este livro. Doutorado também pela História Social da USP, cuja tese, defendida em 2012, tem o título Identidade em Conflito: os imigrantes lituanos na Argentina, Brasil e Uruguai (1920-1955). Ambas as pesquisas foram orientadas por Maria Luiza Tucci Carneiro.

O livro Imigração e Revolução: Lituanos, Poloneses e Russos sob Vigilância do DEOPS, de Erick Reis Godliauskas Zen, coloca em cena um grupo especial de imigrantes. Distintos por suas atividades políticas e culturais, eles estiveram sob vigilância da Polícia Política, o DEOPS do Estado de São Paulo, entre 1924 e 1950. Fichados como "subversivos da ordem" distinguiam-se por suas ideologias cujas diferenças instigavam conflitos no interior das suas comunidades. Tratados como imigrantes indesejáveis, foram perseguidos, presos e até mesmo expulsos do Brasil, por não corresponderem ao ideário do Estado brasileiro, autoritário e nacionalista na sua essência. Através dos documentos produzidos pelo DEOPS, o autor reconstitui a lógica policial movida pela desconfiança e os atos da repressão institucionalizada. A grande quantidade de impressos em idiomas lituano, polonês e russo anexados aos prontuários policiais permitiram a reconstituição de uma rede de relações cuja trama comprova os contatos entre as várias comunidades radicadas no Brasil e no exterior.
Através da infiltração de agentes do DEOPS e da cooptação de colaboracionistas junto aos imigrantes, as autoridade da repressão eram movidas pela ideia de que os lituanos, poloneses e russos eram "revolucionários por tradição". Ao analisar o discurso dos agentes da ordem, Erick Godliauskas recupera as marcas da intolerância étnica, religiosa e política sustentadas por um Estado que defendia a homogeneização de ideias e atitudes em nome da segurança nacional. A proibição de falar o idioma de origem em público, o fechamento de escolas e de associações culturais, o confisco de documentos pessoais, a prisão e o ato de expulsão de estrangeiros serviam como medidas profiláticas para inibir as propostas ditas "revolucionárias" e garantir o controle social. No seu conjunto, o cruzamento das fontes policiais com os documentos confiscados dos cidadãos sob suspeita permite o resgate da história e da memória dos imigrantes no Brasil sob o viés da repressão e da resistência políticas. Esta é a grande contribuição do livro de Godliauskas, pesquisador do módulo "Migrações" do LEER-USP e dos inventários sobre os imigrantes do Leste Europeu junto ao PROIN-USP.

Coleção: História das Migrações

São Paulo
Edusp / Fapesp
2010
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