O anti-semitismo nas Américas

Capa do livro O anti-semitismo nas Américas

Maria Luiza Tucci Carneiro

Maria Luiza Tucci Carneiro é historiadora, graduada e pós-graduada em História pela Universidade de São Paulo. Tanto no Mestrado como no Doutorado tem o racismo e o antissemitismo como objeto de estudo, ambos publicados no formato livro. Em 2001 apresentou sua Tese de Livre Docência intitulada Cidadão do Mundo: O Brasil diante da questão dos refugiados judeus, 1933-1948. Atualmente é professora Livre Docente dos seguintes programas de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo: História Social do Departamento de História/FFLCH; Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas do Departamento de Letras Orientais/FFLCH; e Direitos Humanos da Faculdade Direito São Francisco. Coordenadora do LEER- Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação/USP, do Departamento de História/USP.

Poucos temas são tão persistentes e centrais na cena política das nações quanto o do anti-semitismo. Ele sobreviveu aos dois últimos séculos e, no século XXI, parece não enfraquecer, muito pelo contrário. Podemos pensar que este anti-semitismo é a contraparte de um modo de pensar tradicional, filho de um determinado cristianismo, que se renovaria e se adaptaria ao longo do tempo. Mas não é apenas disto que se trata. Antes, este volume aponta para uma constante recriação do anti-semitismo.
Como aponta a prefaciadora, Pilar Rahola, estamos diante do desafio de encarar o novo anti0semitismo, que se alimenta de antigos modelos do judeu, fartamente explorados na primeira metade do século XX, e acrescenta a eles elementos de "anti-americanismo". O "judeu" permanece assim no centro de um sistema social que exige sempre bodes-expiatórios para suas frustrações (como a provocada pela "queda do muro"). Ele é primeiro modelado como sendo o "principal culpado" (de tudo), depois condenado. Aqui e ali esta condenação assume ares de condenação à morte: pois se os judeus são sistematicamente, hoje, igualados aos nazistas é porque se exige um tribunal de Nuremberg contra eles. Neste discurso, Israel é demonizado e, em seguida, todos os judeus. Categorias nacionais, raciais e religiosas são misturadas de modo nada inocente.
A urgência de estudos mais aprofundados sobre a questão do anti-semitismo é patente. Com este importante volume vamos que este trabalho está sendo feito. Cobrindo diferentes épocas, da América colonial até hoje, e diversos países das Américas (do Canadá à Argentina, sem deixar o Caribe de lado), acompanhamos como esta ideologia modelas do preconceito aí se instalou e se desenvolveu. A nossa esperança é que este volume sirva de inspiração e desperte o interesse de mais pesquisadores por esta atualíssima área de estudos.

São Paulo
Edusp / Fapesp
2007
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