coordenado pelo prof. dr. John Cowart Dawsey, é um dos grupos de estudo e pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP. Conta atualmente com a participação da antropóloga Regina Muller e de seus orientandos do Instituto de Arte (IA), da Unicamp. Nessa interface, onde encontram-se pesquisadores do IA (Unicamp), que aprofundam o seu diálogo com a antropologia, e os do PPGAS (USP), que buscam conhecimentos em estudos de performance, configurou-se uma proposta de projeto temático.
Cremos que o processo interdisciplinar de elaboração deste projeto temático evoca o próprio surgimento da antropologia da performance, nos anos de 1960 e 1970, quando Richard Schechner, um diretor de teatro virando antropólogo, faz a sua aprendizagem antropológica com Victor Turner, um antropólogo que, na sua relação com Schechner, torna-se aprendiz do teatro. De início, pois, observa-se uma afinidade entre o grupo do IA e os membros originários do Napedra: a elaboração de uma constelação bibliográfica em torno dos estudos de performance de Victor Turner e Richard Schechner.
O Napedra surgiu em 2001, no final do primeiro semestre. Alunos de uma das disciplinas optativas do PPGAS/USP, “Paradigmas do Teatro na Antropologia”, interessados em dar continuidade às discussões e leituras realizadas ao longo do semestre, procuraram o Prof. John C. Dawsey com a idéia de criar-se um grupo de estudos e pesquisas. A referida disciplina havia surgido como um desdobramento das pesquisas realizadas por este professor para a sua tese de livre-docência, defendida em 1999, e intitulada “De que Riem os Bóias-Frias? Walter Benjamin e o Teatro Épico de Brecht em Carrocerias de Caminhões”.
A primeira parte da disciplina “Paradigmas do Teatro na Antropologia” consiste de um exercício de repensar os usos das metáforas do teatro na antropologia, com destaque aos estudos de Marcel Mauss, Erving Goffman, Victor Turner, Clifford Geertz, e Michael Taussig. Se nesta parte da disciplina tende-se a focar os modos como metáforas do teatro são elaboradas para fins de se pensar a vida social, na segunda parte procura-se focar a própria elaboração de uma antropologia da performance. O exercício de se pensar os modos como o teatro se apresenta na antropologia transforma-se num esforço de analisar a formação de um campo de estudos que inclui também a inserção da antropologia no pensamento teatral. O esboço de uma antropologia inspirada por Brecht, no trabalho de Taussig, apresenta-se como uma
Cremos que o processo interdisciplinar de elaboração deste projeto temático evoca o próprio surgimento da antropologia da performance, nos anos de 1960 e 1970, quando Richard Schechner, um diretor de teatro virando antropólogo, faz a sua aprendizagem antropológica com Victor Turner, um antropólogo que, na sua relação com Schechner, torna-se aprendiz do teatro. De início, pois, observa-se uma afinidade entre o grupo do IA e os membros originários do Napedra: a elaboração de uma constelação bibliográfica em torno dos estudos de performance de Victor Turner e Richard Schechner.
O Napedra surgiu em 2001, no final do primeiro semestre. Alunos de uma das disciplinas optativas do PPGAS/USP, “Paradigmas do Teatro na Antropologia”, interessados em dar continuidade às discussões e leituras realizadas ao longo do semestre, procuraram o Prof. John C. Dawsey com a idéia de criar-se um grupo de estudos e pesquisas. A referida disciplina havia surgido como um desdobramento das pesquisas realizadas por este professor para a sua tese de livre-docência, defendida em 1999, e intitulada “De que Riem os Bóias-Frias? Walter Benjamin e o Teatro Épico de Brecht em Carrocerias de Caminhões”.
A primeira parte da disciplina “Paradigmas do Teatro na Antropologia” consiste de um exercício de repensar os usos das metáforas do teatro na antropologia, com destaque aos estudos de Marcel Mauss, Erving Goffman, Victor Turner, Clifford Geertz, e Michael Taussig. Se nesta parte da disciplina tende-se a focar os modos como metáforas do teatro são elaboradas para fins de se pensar a vida social, na segunda parte procura-se focar a própria elaboração de uma antropologia da performance. O exercício de se pensar os modos como o teatro se apresenta na antropologia transforma-se num esforço de analisar a formação de um campo de estudos que inclui também a inserção da antropologia no pensamento teatral. O esboço de uma antropologia inspirada por Brecht, no trabalho de Taussig, apresenta-se como uma
inflexão significativa no percurso da disciplina, na medida em que sugere um desafio: repensar o paradigma do teatro dramático na antropologia, que se revela com força, particularmente, na obra de Victor Turner e Clifford Geertz. Enfim, a análise dos usos do teatro na antropologia requer, por sua vez, uma antropologia do teatro, ou, de forma mais ampla, dos gêneros de performance. Na segunda parte da disciplina procura-se focar a formação da antropologia da performance, ressaltando-se, nesse campo, os estudos posteriores de Victor Turner e os de Richard Schechner. Discute-se, ainda, alguns dos tópicos especiais que se configuram nesse campo: corpo, dança, música, rituais, e narrativas orais.
Os encontros do Napedra vêm ocorrendo, quinzenalmente, desde 2001, alternando-se entre estudos de textos relevantes para a antropologia da performance e idas em grupo ao campo para a observação participante de eventos performáticos. Durante o primeiro ano centramos atenções sobre textos clássicos da antropologia da performance de Victor Turner e Richard Schechner, e a antropologia da experiência de Victor Turner (lembrando que, para Turner, a antropologia da performance é uma parte da antropologia da experiência). As discussões ampliaram-se gradativamente para contemplar textos referentes à etnocenologia (Jean-Marie Pradier), cultura oral (Paul Zumthor e Walter Ong), rituais (Mary Douglas e Peter McLaren), teatro (Antonin Artaud, Jerzy Grotowski, Eugenio Barba, Peter Brook, Bertolt Brecht), dança (Judith Hanna, Anya Royce), música (Anthony Seeger), corpo (John Blacking, Mary Douglas, Marcel Mauss), turismo (Edward Bruner), e imagem e mimesis (Michael Taussig, Walter Benjamin). Vários autores apresentam-se no horizonte de leituras do grupo, com destaque aos seguintes: Richard Bauman (narrativas orais), Stanley Tambiah (rituais), Marilyn Strathern e Judith Butler (gênero e performance), e Alfred Gell (arte e agência).
Durante esses anos, como já se disse, o grupo também fez observações em campo de diversos gêneros performáticos. Entre essas idas ao campo, merecem destaque as experiências com grupos de congada, bumba-meu-boi, sei-tai-ho, tribunais de júri, e teatro. Ainda assistimos e analisamos, em grupo, a filmes etnográficos de Jean Rouch e vídeos produzidos por membros do Napedra focando gêneros de performance.
Os encontros do Napedra vêm ocorrendo, quinzenalmente, desde 2001, alternando-se entre estudos de textos relevantes para a antropologia da performance e idas em grupo ao campo para a observação participante de eventos performáticos. Durante o primeiro ano centramos atenções sobre textos clássicos da antropologia da performance de Victor Turner e Richard Schechner, e a antropologia da experiência de Victor Turner (lembrando que, para Turner, a antropologia da performance é uma parte da antropologia da experiência). As discussões ampliaram-se gradativamente para contemplar textos referentes à etnocenologia (Jean-Marie Pradier), cultura oral (Paul Zumthor e Walter Ong), rituais (Mary Douglas e Peter McLaren), teatro (Antonin Artaud, Jerzy Grotowski, Eugenio Barba, Peter Brook, Bertolt Brecht), dança (Judith Hanna, Anya Royce), música (Anthony Seeger), corpo (John Blacking, Mary Douglas, Marcel Mauss), turismo (Edward Bruner), e imagem e mimesis (Michael Taussig, Walter Benjamin). Vários autores apresentam-se no horizonte de leituras do grupo, com destaque aos seguintes: Richard Bauman (narrativas orais), Stanley Tambiah (rituais), Marilyn Strathern e Judith Butler (gênero e performance), e Alfred Gell (arte e agência).
Durante esses anos, como já se disse, o grupo também fez observações em campo de diversos gêneros performáticos. Entre essas idas ao campo, merecem destaque as experiências com grupos de congada, bumba-meu-boi, sei-tai-ho, tribunais de júri, e teatro. Ainda assistimos e analisamos, em grupo, a filmes etnográficos de Jean Rouch e vídeos produzidos por membros do Napedra focando gêneros de performance.