Diferenças socioeconômicas das
populações negra e branca são ignoradas na
cobertura da imprensa brasileira
A Agência de
Notícias dos Direitos da Infância (ANDI), uma das
organizações apoiadoras do Encontro Internacional
África-Brasil Igualdade racial: um desafio para a mídia,
a realizar-se, em São Paulo, no próximo mês de
outubro, prepara-se para apresentar sua mais recente pesquisa,
intitulada O recorte étnico-racial na cobertura social
brasileira: uma ausência flagrante.
As discussões étnico-raciais
não estão na cobertura noticiosa da mídia
brasileira. É o que mostra uma pesquisa recente realizada pela
Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI)
e que será apresentada no Encontro Internacional
África-Brasil Igualdade racial: um desafio para a mídia.
A ANDI é uma das organizações apoiadoras desse
evento pioneiro no país, uma iniciativa conjunta da Universidade
de São Paulo, por meio de seu Núcleo de
Comunicação e Educação (NCE-USP), Instituto
Internacional de Jornalismo e Comunicação (IIJC) de
Genebra e SESC-SP, que acontecerá no espaço do SESC-Vila
Mariana, entre os dias 10 e 14 de outubro próximo, na capital
paulista.
“A imprensa tem, sucessivamente,
desconsiderado a relevância de uma cobertura que atente para as
gritantes diferenças entre os indicadores sociais da
população branca e da população
negra”, afirma Guilherme Canela, coordenador de
Relações Acadêmicas da ANDI e um dos expositores da
tarde do dia 13/10, do painel sobre Mídia, Etnia e
Questões Raciais, oportunidade em que vai apresentar o estudo O
recorte étnico-racial na cobertura social brasileira: uma
ausência flagrante. “Via de regra, a louvável
evolução verificada pela mídia impressa brasileira
na construção da pauta social não contou com um
paralelo, nas mesmas proporções, no que diz respeito a
temas transversais como raça e etnia. Nesse sentido, a imprensa
confere forte espaço à divulgação e
análise das mazelas da educação nacional,
entretanto, muito raramente informa ao leitor que estas mazelas
atingem, sobretudo, a população negra”, exemplifica
o coordenador da ANDI.
Canela comenta alguns dados da pesquisa,
disponível em sua íntegra no site do Encontro
África-Brasil www.usp.br/nce. “Em relação
à agenda infanto-juvenil, em 2003, em um universo de cerca de
100.000 textos jornalísticos, pouco mais de 3% abordavam
questões de raça e etnia. Em 2004, esse percentual
também não ultrapassou os 4%. Esses números, ainda
reduzidos, revelam o pequeno crescimento no tratamento
étnico-racial na mídia noticiosa que, no período
estudado, esteve concentrada na discussão de políticas de
cotas e no lançamento de pesquisas quantitativas de
órgãos federais. Isso ratifica a importância de
iniciativas como o Encontro África-Brasil, que busca a um
só tempo compreender porque os meios de
comunicação noticiosos estão perdendo o bonde da
história na relação entre a agenda social
brasileira e o recorte de raça e etnia, além de apontar
potenciais caminhos para o profissional de imprensa e as fontes de
informação mudarem essa realidade”, destaca Godoi.
Personalidades confirmadas - O Encontro
Internacional África-Brasil Igualdade racial: um desafio para a
mídia divide-se em duas partes: a primeira restrita a 27
jornalistas africanos e convidados especiais, prevista para os dias 10
e 11 de outubro, com atividades na USP e no Museu Afro-Brasil.
Já a segunda parte, aberta ao público, será
realizada entre os dias 12 a 14/10 no auditório do SESC Vila
Mariana (rua Pelotas, no. 141). As inscrições podem ser
feitas pelo site www.sescsp.org.br/africabrasil
Entre as personalidades brasileiras
engajadas no movimento negro estão confirmadas as
presenças da cantora Leci Brandão, Ubiratan Castro,
presidente da Fundação Cultural Palmares, Elisa Lucas
Rodrigues, presidente do Conselho de Participação e
Desenvolvimento da Comunidade Negra da Casa Civil do Governo do Estado
de São Paulo, Emanoel Araújo, do Museu Afro-Brasil e o
cineasta Joelzito Araújo. Também está programada
uma mostra de filmes e documentários afro-brasileiros e a
apresentação do Grupo Okun.
Cobertura jornalística por grupo de
adolescentes – Um dos destaques da programação do
Encontro Internacional África Brasil será a cobertura do
evento a ser realizada por um grupo de “jovens
educomunicadores”. Uma equipe de 60 adolescentes de escolas
públicas do município de São Paulo, bem como do
Colégio São Luis, todos integrantes do Projeto
Educom.rádio do NCE/USP, está sendo preparada para
realizar uma cobertura completa do evento através da linguagem
radiofônica e da produção de notas e
comentários a serem distribuídos via Internet. Segundo o
Prof. Ismar de Oliveira Soares, coordenador geral do NCE/USP e
sistematizador do conceito da educomunicação, esta
será primeira vez em que os profissionais da mídia
serão convidados a discutir e a refletir sobre sua
profissão, entregando a cobertura jornalística a jovens e
adolescentes, em sua maioria afro-descendentes. Guilherme Canela
será um dos entrevistados pelos repórteres-mirins do
Educom.
Saiba mais:
Informações sobre o
evento: www.usp.br/nce
ou www.sescsp.com.br
Inscrições: www.sescsp.com.br
Para falar com a Comissão Organizadora envie
mensagem para o e-mail: africabrasil@usp.br