Partindo da reiteração da figura materna em alguns textos rosianos, ainda que camuflada no significante “etimológico” de Famigerado, a ecoar o nome-da-mãe, o texto se deterá na Bigri, mãe de Riobaldo, em Grande sertão: veredas, relacionada, metonimicamente a Diadorim. Da associação mãe/ desejo se deslizará à associação mãe/pai, ordem subjacente à narrativa do romance. Será, então, examinada a categoria “nome-do-pai”, no sentido lacaniano, “invocação” constante de Riobaldo, errando pelo grande sertão. Essa marca da lei que institui o sujeito societário será também figurada, através de metáforas, metáforas paternas, que condensarão a ausência do pai “real”, representada na bastardia do narrador, o pai imaginário, personificado em Zé Bebelo e o pai simbólico, Joca Ramiro, que sofre o parricídio.
Este trabalho intenta refletir sobre a relação entre corpo e linguagem, a partir dos modos como ela é encenada em Nove noites, de Bernardo Carvalho, e “Meu tio o iauaretê, de Guimarães Rosa. No romance de Carvalho, narradores, agenciados pelo narrador-romancista, tentam esclarecer, a partir de múltiplos relatos, o suicídio de Buell Quain, que mutilou o próprio corpo, aniquilando-se, como resposta a um conflito entre seus desejos e o processo civilizatório que incide na existência de cada sujeito e a constitui. No conto de Rosa, por sua vez, o leitor depara com um narrador-escritor que, encenando o discurso oscilante do onceiro-jaguar, relata como o matou para salvar-se de ser devorado. Trata-se, portanto, de uma narrativa sobre a aniquilação de um corpo que, como último recurso à sobrevivência, volta-se à natureza animalesca, diante da incidência da linguagem impossível de realizar-se satisfatoriamente na língua (dominadora) do outro. Como recursos a essa reflexão, são agenciadas a concepção de linguagem de Benveniste (1989a, 1989b, 1976a, 1976b), a noção de ficção de Iser (2002) e a leitura do conto de Rosa feita por Wey (2005).
Partindo da reiteração da figura materna em alguns textos rosianos, ainda que camuflada no significante "etimológico" de "Famigerado", a ecoar o nome-da-mãe, o texto se deterá na Bigri, mãe de Riobaldo, em GSV, relacionada, metonimicamente a Diadorim. Da associação mãe/desejo se deslizará à associação mãe/pai, ordem subjacente à narrativa do romance. Será, então, examinada a categoria "nome-do-pai", no sentido lacaniano, "invocação" constante de Riobaldo, errando pelo grande sertão. Essa marca da lei que institui o sujeito societário será também figurada, através de metáforas, metáforas paternas, que condensarão a ausência do pai ?real?, representada na bastardia do narrador, o pai imaginário, personificado em Zé Bebelo e o pai simbólico, Joca Ramiro, que sofre o parricídio.
O objetivo deste texto é ler os três grandes encontros do narrador Riobaldo em sua narrativa do Grande sertão: veredas como representações da busca de sua ide ntidade, da busca de uma resposta ao sempre enigma do sujeito: "Quem sou eu?". Ao perscrutar-se como sujeito na triangulação dos encontros, Riobaldo também se encontra como narrador.
Cruzamento dos discursos da psicanálise e da literatura na leitura do romance de Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas. Partindo da ideia de que o sujeito só se revela pela linguagem, é natural que se estabeleçam os elos entre crítica literária, psicanálise e linguagem. Desse modo, sendo o texto lugar de subjetividade, o texto literário é visto aqui como lugar privilegiado de sua revelação, através dos recursos retóricos. Assim, o objetivo deste texto é apontar uma leitura do romance Grande Sertão: veredas, fazendo uso de instrumental psicanalítico.
O ensaio pretende apontar como a estratégia narrativa da obra-prima rosiana, ao se valer de um diálogo virtual/monólogo interior, propiciando a intersubjetividade entre quem fala - o narrador épico e quem escreve - o narrador do romance, dramatiza a própria escrita do romance como gênero e como "pacto" com a ficção.