Este trabalho pretende mostrar uma das possíveis leituras de “A escova e a dúvida”, um dos quatro prefácios da obra rosiana Tutaméia. Aqui, o escritor, munido de observações do seu cotidiano, de lembranças do passado e da infância, memórias das viagens pelo interior do sertão, deixa inferir inúmeras formas de entendimento e da função de um livro e do escritor, definindo o campo escritural como interação de inúmeros sentidos e identidades que se cruzam.
A imagem poética, graças a essa realidade nova que representa, permite ao leitor ver diferentemente, ver outras coisas que a palavra esconde e, nessa diferença, a imagem impõe um reconhecimento e uma representação de mundo mais ampla, exigindo uma disponibilidade e uma abertura que, em última análise, são compartilhadas pelo poeta e seu leitor. Nesse caso, partindo-se do texto “Partida do audaz navegante”, contido em Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, espera-se verificar as diferentes formas de representação poética na narrativa ficcional de Rosa, observando, para tanto, os elementos e estruturas literárias e discursivas. Com a contribuição bibliográfica de críticos e teóricos renomados, espera-se desenhar algumas linhas de força que fazem do texto de Rosa uma experiência de prosa e poesia.
Este trabalho conduz a uma visada literária e cultural, em que os olhares se voltam para as obras Pedro Páramo, de Rulfo e "Sarapalha", de G. Rosa, buscando compreender valor de duas produções distanciadas pelo espaço de uma realidade geográfica mas, entretanto, próximas por interações e diálogos.
Este trabalho conduz a uma visada literária e cultural, em que os olhares se voltam para as obras Pedro Páramo, de Juan Rulfo e “Sarapalha”, de Guimarães Rosa, buscando compreender valor de duas produções distanciadas pelo espaço de uma realidade geográfica mas, entretanto, próximas por interações e diálogos.
Análise de Páramo, de G. Rosa, para possíveis leituras dos mitos modernos e o valor da produção literária distanciada pela realidade temporal e cosmologia míticas, mas próxima do ponto de vista interativo e dialógico; a literatura apreendendo as possibilidades do real, substituindo a cosmovisão coerente e organizada por um locus mítico, de reatualizações modernas, com um olhar antecipatório de universos significativos, transculturais.
Análise de “Páramo”, de G. Rosa, buscando compreender as possíveis leituras interpretadas pelos mitos do mundo moderno, e o valor de uma produção literária distanciada pelo espaço de uma realidade temporal e cosmologia míticas, mas muito próxima do ponto de vista de interações e diálogos, permitindo inferir que a literatura deva apreender as possibilidades do real, substituindo a cosmovisão anterior, tradicionalmente coerente e organizada em um locus mítico, povoado de reatualizações modernas, por um outro olhar antecipatório de universos significativos, transculturais.
Este artigo analisa a constituição do tempo da narrativa de Guimarães Rosa em "Um moço muito branco", conto de Primeiras estórias. Parte da hipótese de que esse tempo funciona reatualizando um tempo mítico em que significam ritos de passagem, modelos místicos e diferentes arquétipos simbólicos. A análise explicita que a construção temporal em "Um moço muito branco" ressalta ali uma trama ficcional que guarda relações temático-semânticas e discursivas tanto com o mito quanto com o conto maravilhoso, o que, em consequência, constitui e faz ressoar a força da polissemia da palavra e da escritura rosiana.
O objetivo desta comunicação é elucidar elementos composicionais de textos selecionados da obra do escritor João Guimarães Rosa em que a temática bestiário, principalmente, inserida em um contexto moderno pode ser discutida. Para isto, primeiramente, para orientar essa discussão, trataremos de privilegiar uma ótica que almeja pensar a presença dos animais na trajetória literária rosiana. Na sequência, apresentar e culminar em sua última obra, Ave, palavra, cujos textos trabalham com a temática sobre os animais de forma intensa. Mais do que isso, ampliar nosso olhar para relação existente entre Homem e animal em uma perspectiva moderna, uma vez que os textos rosianos permitem
reflexões, por esses vieses, devido aos conteúdos cujos procedimentos estéticos dialogam
diretamente com as características da construção literária moderna. Utilizaremos embasamento teórico em estudiosos que pesquisam a referida temática, como a professora Maria Esther Maciel. Assim, trabalharemos a complexidade da escritura de João Guimarães Rosa com relação aos bestiários, tendo como lastro questões suscitadas em textos de sua carreira literária e, sobretudo, de sua obra póstuma, Ave, Palavra, refletindo sobre a fronteira entre humano e inumano, a qual oportuniza olhares interpretativos sob a figura do homem moderno.
Este trabalho discute aspectos da constituição e dos efeitos do discurso literário sobre a literatura, a arte ficcional, dando visibilidade ao modo como o próprio artista, no caso, Guimarães Rosa, reflete sobre a literatura que inventa e o processo que a torna material e socialmente presentificada, procedimento que indicia o modo como esse autor interroga a própria arte. Esse procedimento, no caso de Guimarães Rosa, permite dizer que sua arte não corresponde jamais à expressão contida e ordenadora de uma realidade exterior, mas à expressão de uma interrogação da relação entre essa realidade e o sujeito no mundo. Essa discussão ganha corpo ao longo de um exercício analítico do conto "Pirlimpsiquice", integrante da obra Primeiras estórias.