O artigo problematiza códigos de masculinidades para entender o homem da literatura atual. Objetivou-se analisar comportamentos adotados pelos homens dessa literatura. Comparou-se protagonistas de dois romances contemporâneos – Por enquanto... Outra Estação (PÁDUA, 2014), Barba Ensopada de Sangue (GALERA, 2012) – a três narrativas clássicas – São Bernardo (RAMOS, 2012), Dom Casmurro (ASSIS, 2019) e Grande Sertão: Veredas (ROSA, 2019). Trabalhou-se com teorias comportamentais e sociológicas, a partir de Cuschnir, Mardegan Jr. (2001); Nolasco (1995, 1997) e Albuquerque Junior (2003). Percebeu-se que protagonistas da literatura atual incorporaram condutas antes consideradas não masculinas, negando a afirmação da virilidade pela violência.
Machado de Assis e Guimarães Rosa, autores prestigiados no patrimônio brasileiro da memória literária e cultural, continuam a reafirmar suas produções no centro do cânone, também no século XXI. Em suas trajetórias, o romance ocupa um espaço reconhecido, no entanto cabe considerar que o notável contista Guimarães Rosa escreveu somente um romance e o romancista Machado de Assis, além de ser um dos precursores do conto literário no Brasil, produziu cerca de duas centenas do gênero, o que nos leva a reflexão sobre a importância dessas duas formas literárias como fator da consagração de ambos.
Este estudo busca evidenciar como a representação do feminino e masculino é desconstruída a partir da/do personagem Diadorim na obra Grande Sertão: Veredas (2001), de João Guimarães Rosa. Realizou-se inicialmente pesquisa bibliográfica sobre Desconstrução em Jacques Derrida (2008) e a concepção de gênero em Judith Butler (2008). Em função do contexto exposto pela pesquisa bibliográfica, foram selecionados trechos da obra de estudo, para averiguar de que maneira o feminino e o masculino são representados na/no personagem. A partir desse estudo, espera-se contribuir com a pesquisa na área, abrindo a perspectiva para aprofundarmos e complementarmos as discussões em relação aos conceitos mobilizados por Derrida, na perspectiva dos estudos da Desconstrução juntamente com a concepção de gênero exposta por Judith Butler. Espera-se contribuir para uma maior reflexão sobre a desconstrução, gênero e representação, levando em conta os espaços produzidos pela língua e as diferenças que as norteiam.
O presente artigo trata a respeito do campo simbólico e o modo como se estrutura no social a naturalização do que se concebe das categorias de gênero. Tendo como corpus a personagem Diadorim da narrativa roseana, compreendendo a representação de gênero em sua ação estratégica, rumo ao empoderamento de direitos, na luta por conquistas e empreendimentos no sociocultural. Para este trabalho, utilizou-se o arcabouço teórico dos seguintes autores: Sobre representação social: Denise Jodelet (2012), Serge Moscovici (2012); No que tange à desconstrução do gênero e demais discussões acerca dos estudos de gênero e feministas: Judith Butler (2014), Pierre Bourdieu (2014), Simone de Beauvoir (2001), entre outros.
Neste trabalho, pretende-se analisar a representação da masculinidade no conto “Uma estória de amor”, de João Guimarães Rosa, a partir de uma discussão sobre o personagem Manuelzão, um homem que, na narrativa, aparece como forte, destemido, corajoso, mas que dissimula suas angústias e inseguranças, para obter respeito e reconhecimento e por medo de ter a sua virilidade questionada. Fruto de uma sociedade machista e patriarcal, Manuelzão passa a vida toda dando provas de macheza e virilidade, agradando aos outros, mas violentando a si próprio. Para tal debate, lançaremos mão das teorizações sobre as masculinidades, especificamente os estudos de Badinter e Nolasco.