O presente trabalho busca evidenciar aspectos do romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, como uma obra que está além do regionalismo, buscando ressaltar as características que apontam para um romance de formação social, ou seja, para algo além do olhar regionalista apontado por alguns críticos, mas sim como representação do mundo e não apenas do sertão. Logo, o que se quer evidenciar é a maneira como a realidade perpassa o romance, retratando a sociedade contemporânea, remontando a partir de um grupo de jagunços do sertão mineiro e construindo assim retratos do Brasil. Para isto, serão considerados os estudos de Willi Bolle – Grandessertão.br – Um romance de formação do Brasil – e a teoria do romance de formação social. Dessa maneira, os textos críticos aparecerão de forma a apontar esse aspecto da obra, como um romance social, considerando que o que se deseja é não restringir a obra de João Guimarães Rosa a um único espaço ou região.
O presente trabalho busca evidenciar aspectos do romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, como uma obra que está além do regionalismo, buscando ressaltar as características que apontam para um romance de formação social, ou seja, para algo além do olhar regionalista apontado por alguns críticos, mas sim como representação do mundo e não apenas do sertão. Logo, o que se quer evidenciar é a maneira como a realidade perpassa o romance, retratando a sociedade contemporânea, remontando a partir de um grupo de jagunços do sertão mineiro e construindo assim retratos do Brasil. Para isto, serão considerados os estudos de Willi Bolle – Grandessertão.br – Um romance de formação do Brasil – e a teoria do romance de formação social. Dessa maneira, os textos críticos aparecerão de forma a apontar esse aspecto da obra, como um romance social, considerando que o que se deseja é não restringir a obra de João Guimarães Rosa a um único espaço ou região.
Apresentam-se, aqui, breves considerações a respeito da correspondência entre dois universos épicos: o da Ilíada de Homero e o do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, a partir de comentários feitos por Antonio Candido sobre o romance do escritor mineiro.
Este artigo tem como objetivo principal analisar o perfil problemático do protagonista Riobaldo, no livro “Grande Sertão: veredas”, do escritor João Guimarães Rosa. A abordagem evidencia o caráter do herói romanesco, que vivencia um conflito de inadequação com o mundo, marcado por suas reflexões. O romance é analisado à luz do conceito do herói problemático ou demoníaco concebido por Georg Lukács, presente na obra “A Teoria do Romance” (2000). Esta produção caracteriza o romance como um gênero profundamente relacionado ao surgimento da burguesia. Além disso, é utilizado, quando necessário, os conceitos de Walter Benjamin em seu ensaio “O Narrador” (1994), nele o filósofo aborda a questão do indivíduo solitário, que é retratado no romance moderno. A análise, por conseguinte, se acerca do conceito da construção da identidade, a partir dos conflitos interiores de Riobaldo. A obra em estudo, ainda aborda o conflito entre o “eu” e o mundo, dando espaço às marcas individuais do sujeito, característica predominante no romance moderno. Desse modo, a travessia do personagem Riobaldo, impotente perante a realidade, também é compreendida com o auxílio teórico de Candido (2002) e Nunes (2013) que evidenciam a relevância da produção de Guimarães Rosa.DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v10i7.3706
"O baile rosiano: alguns nomes e outros recados" dialoga principalmente com a obra de Ana Maria Machado, Recado do nome. A partir de "Campo Geral", são analisados alguns nomes de Corpo de Baile, com o intuito de dar um pequeno, todavia importante, passo na compreensão do enigmático bailado. Este estudo abarca ainda a análise de algumas correspondências entre os personagens das diversas sagas, que acabam por revelar a mundividência rosiana. Pode-se verificar, enfim, que o destino dos seres conectados com a vida em si mesma, entusiastas da Arte e da Alegria, se contrapõe ao dos indivíduos imersos apenas em labor e pesar.
Este trabalho é um estudo das novelas Campo geral e Uma estória de amor (Festa de Manuelzão), de Guimarães Rosa, que compõem o livro Manuelzão e Miguilim, um dos três volumes da obra Corpo de baile, desmembrada pelo autor na terceira edição. O intento aqui é articular aspectos da teoria psicanalítica, especialmente a partir dos estudos de Freud e Lacan, à análise estilística das novelas, na tentativa de desvendar as marcas que indicam a constituição do sujeito das personagens Miguilim e Manuelzão. Tais personagens, que desenham um percurso de começo e de fim de vida, são observadas não só em rituais de iniciação que marcam a passagem da infância para a vida adulta, em Miguilim, e da vida adulta para a velhice, em Manuelzão , mas também em pistas deixadas, literariamente, sobre o processo de constituição do sujeito estudado pela psicanálise. Em ambas as histórias, são observados os processos identificatórios, fundamentais para a constituição de um eu, articulados ao processo de descoberta dos sentidos da existência, um dos temas centrais na obra do autor. Nesse recorte, as relações familiares, as figuras da mãe e do pai, as marcas da infância carregadas ao longo da vida, as relações entre o mundo interno e externo, os sentidos que se aprendem tanto na infância quanto na velhice são aspectos centrais no estudo. Os conceitos de sujeito, identificação, desejo, ordem simbólica, condensação e deslocamento, memória e imaginário, tão caros à psicanálise, são instrumentos teóricos importantes para a compreensão desses jogos do inconsciente e das sutilezas do discurso do sujeito e seus desejos. Aponta-se, por fim, a força das estruturas psíquicas que, nascidas na infância, se reeditam na vida adulta, a exemplo dos ecos da vivência da trama edípica. A escolha deste viés metodológico não se constitui como psicanálise da obra ou do autor, nem migra conceitos indevidamente do campo psicanalítico ao campo literário e vice-versa, mas busca centrar-se no entroncamento entre as disci
O objetivo desta pesquisa é mostrar como se constrói o espaço nas narrativas: Os Sertões, de Euclides da Cunha e Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Intenta-se refletir sobre os seguintes problemas: Que elementos compõem o espaço em Os Sertões e Grande Sertão: Veredas? Como os múltiplos espaços influenciam nos elementos componenciais da narrativa e vice-versa? De que forma o SERTÃO pode se tornar o elemento aglutinante da espacialidade em Os Sertões e Grande Sertão: Veredas? Consideram-se basilares para esta pesquisa o estudo de Gaston Bachelard, o de Antonio Dimas e, o de um terceiro, Milton Santos, tomado de empréstimo à Geografia. Do último, serão extraídos conceitos-chave como a concepção de espaço, lugar e paisagem. O capítulo I trata dos elementos espaciais que compõem Os Sertões; o capítulo II aborda os elementos espaciais relativos à Grande Sertão: Veredas e, em seguida, no capítulo III, propõe-se uma avaliação dos elementos espaciais comuns a ambas as narrativas, também busca-se apreender como o SERTÃO se torna o elemento aglutinante dessas espacialidades. O sertão é destacado, nesse trabalho, como macro-espaço, dividido em micro-espaços representados por elementos naturais formados pelo aquático, pela flora e pela fauna. Quanto aos espaços artificiais, salientam-se as construções que envolvem a fazenda, o sítio, a casa, o sobrado, a choupana, a igreja, o cemitério, a cadeia, seja do ponto-de-vista interior, seja do exterior. Assim, procurou-se resgatar traços da criação espacial, envoltos em um discurso híbrido de jornalismo, geologia, ciências, história, sociologia e literatura, em Os Sertões, assim como manifestações latentes da criação espacial em Grande Sertão: Veredas
Esta dissertação apresenta o estudo de aspectos analisados em três contos de Guimarães Rosa protagonizados por crianças, são eles: Campo Geral (da Obra Manuelzão e Miguilim), As margens da alegria e A menina de lá (contidos em Primeiras Estórias). A investigação toma como ponto de partida a construção da personagem-criança na obra rosiana a partir de um amadurecimento incomum e precoce que pode gerar estranheza ou confusão pela inevitável associação ao fantástico e ao sobrenatural, razão para um exame neutro e imparcial. Inicialmente, estabelece-se a diferença entre ver e enxergar, o que favorece a análise mais detida da personagem alvo: Miguilim. Esta distinção possibilita a visão do amadurecimento do menino, ao longo da narrativa, o qual passa do simples observar o mundo para a compreensão dele. Nessa tarefa de amadurecimento tem função primordial o irmão Dito, que auxilia Miguilim em sua jornada. Estuda-se o comportamento, a origem etimológica dos nomes de batismo das personagens Miguilim e Dito, já que eles sugerem uma escolha não aleatória do autor. Duas outras personagens-crianças da ficção rosiana também.São analisadas: o menino de As margens da alegria e Nhinhinha de A Menina de lá, pois também são personagens do universo infantil que apresentam características extraordinárias, como sabedoria, maturidade precoce, poderes inexplicáveis para o mundo convencional. Chega-se, assim, às estratégias que favorecem a difusão do efeito de verossimilhança a partir de aparentes coincidências e até mesmo de incongruência que corroboram no processo de autonomia das personagens na narrativa. As análises foram feitas, principalmente, a partir da teoria de Mikhail Bakhtin, Gérard Genette, Paul Ricoeur, Beth Brait, Tzvetan Todorov e Norman Friedmann
O objetivo deste trabalho foi mostrar a partir da metáfora do espelho caracterísicas pertinentes ao duplo em duas personagens literárias As personagens centrais que permitiram o exame das formas de manifestação do duplo perencem aos contos chamados O espelho um de Machado de Assis, autor do século XIX e outro de Guimarães Rosa, do século XX Para o estudo da questão do duplo apoiamos-nos nas idéias de vários teóricos A análise dos dois contos em relação á duplicidade baseou-se sobretudo nos princípios de polifonia e dialogia de Bakhtin Do ponto de vista da duplicidade na narrativa, a teoria de Piglia ofereceu especialmente elementos para o estudo do conto de Machado de Assis enquanto o de Guimarães Rosa foi analisado sob o olhar ensaístico tendo por base a teoria de Adorno a fim de relacionar o caráter prismático do ensaio com a questão do duplo. Esta pesquisa procurou desenvolver uma proposa de leitura nova para um tema ainda pouco esudado, portanto aberto a outras reflexões e aprofundamentos.
O objetivo deste trabalho é analisar como João Guimarães Rosa reinterpreta o mito clássico de Dionísio em "A hora e vez de Augusto Matraga"; última novela de Sagarana. A estrutura mítica que possui a novela confirma-se não só pela trajetória de queda e ascensão de Matraga que a identifica com o mito clássico grego (além de outras narrativas como a biografia de São Francisco de Assis), como também pelos elementos míticos intrínsecos na narrativa. Nessa reinterpretação mítica também podemos reconhecer, na nova postura de Matraga, um comportamento histórico do Brasil dos anos 30 e 40. Assim, temos, na atualização do mito dionisíaco, a racionalização do mesmo quando podemos enxergar nele uma discussão histórica em torno do Coronelismo vigente da época. Matraga, ao regenerar-se, deixa exemplo de comportamento para cada indivíduo de seu povoado na sua trajetória de renascimento (viés mítico) e, nesse novo comportamento, traz um início de nova ordem para o coronelismo local (viés histórico).
O boom latino-americano, fenômeno editorial e literário dos anos 1960 e 1970 que chamou a atenção
da Europa e dos Estados Unidos da América para a literatura produzida na periferia, não incluiu autores brasileiros como pertencentes ao movimento. Diversas questões podem ser discutidas para entender essa exclusão: a diferença linguística entre Brasil e demais países latino-americanos e o fato de que o português, ao contrário do espanhol, não possui status de língua de cultura no ocidente; os diferentes contextos políticos e econômicos; o histórico muito diverso de escolarização e acesso à cultura letrada da América espanhola e da portuguesa. Ainda assim, mesmo que nenhum autor brasileiro tenha alcançado a projeção internacional de autores como Gabriel García Márquez e Vargas Llosa no período, o boom acabou por abrir portas no mercado internacional para alguns autores brasileiros, como Jorge Amado e Guimarães Rosa. Alguns estudos propõem análises comparativas entre autores do boom e brasileiros. Nova narrativa épica no Brasil, de José Hildebrando Dacanal, apresenta uma leitura de algumas obras brasileiras (Grande sertão: veredas; O coronel e o lobisomem;
Sargento Getúlio; Os Guaianãs) como pertencentes a um fenômeno mais amplo da literatura da periferia do ocidente, que incluiria também obras como Cem anos de solidão, de García Márquez. A teoria de Dacanal é de que há uma espécie de corte na ficção romanesca do ocidente no caso destes romances, por se afastarem do princípio fundamental da narrativa real naturalista, a verossimilhança, que funciona como uma exigência básica do pensamento lógico-racionalista constitutivo da civilização europeia e tornou-se a régua da ficção em todo ocidente. Mesmo quando há elementos mágicos ou fantásticos nas narrativas, estes são trabalhados sob uma perspectiva racional, que deixa claro que o acontecimento é incomum. A proposta deste artigo é apresentar possibilidades de diálogo entre Grande sertão: veredas e Cem anos de solidão, tendo como ponto de partida as análises de Dacanal, mas ponderando algumas questões.