O objetivo deste trabalho foi mostrar a partir da metáfora do espelho caracterísicas pertinentes ao duplo em duas personagens literárias As personagens centrais que permitiram o exame das formas de manifestação do duplo perencem aos contos chamados O espelho um de Machado de Assis, autor do século XIX e outro de Guimarães Rosa, do século XX Para o estudo da questão do duplo apoiamos-nos nas idéias de vários teóricos A análise dos dois contos em relação á duplicidade baseou-se sobretudo nos princípios de polifonia e dialogia de Bakhtin Do ponto de vista da duplicidade na narrativa, a teoria de Piglia ofereceu especialmente elementos para o estudo do conto de Machado de Assis enquanto o de Guimarães Rosa foi analisado sob o olhar ensaístico tendo por base a teoria de Adorno a fim de relacionar o caráter prismático do ensaio com a questão do duplo. Esta pesquisa procurou desenvolver uma proposa de leitura nova para um tema ainda pouco esudado, portanto aberto a outras reflexões e aprofundamentos.
Os estudos sobre o sertão pelas escritas de João Guimarães Rosa e Oswaldo Lamartine de Faria nos levam para um plano não apenas de ambientes, tipos, costumes e histórias, mas para uma possibilidade de reconhecimento dos potenciais humanos em dois projetos estéticos construídos por gêneros textuais diferentes. Logo, para analisarmos suas semelhanças de criação, particularmente as experiências humanas processadas pelo recurso da memória e do tom narrativo enquanto ato vital, torna-se necessária a investigação de seus processos de escrita pelos caminhos do romance e do ensaio, como um modo de identificar diferentes abordagens da mesma temática. Dessa forma, pela comparação das características de gênero e estilo das obras Grande sertão: veredas (2011) e Sertões do Seridó (1980), identificamos contatos entre as ressignificações do sertão e, partindo disso, nosso estudo propõe uma perspectiva do plano de rememoração presente em ambas as obras enquanto fator comum de “enriquecimento” do espaço. Para tanto, analisamos nosso corpus pela perspectiva geral do ato de narrar por Walter Benjamin (1987) e das memórias e suas reconstruções por Eclea Bosi (1979) e Maurice Halbwachs (2006), tendo como primeiro plano o diálogo entre a escrita em prosa segundo Anatol Rosenfeld (2011) e a escrita ensaística segundo Theodor Adorno (2003). Com isso, alcançamos a visão das escritas Roseana e Lamartineana em nível de discussão ainda inédito.