Neste artigo é feito um estudo do conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, de modo a se observar como o trágico manifesta-se nessa obra e como ele pode representar um sinal de salvação para a personagem principal. Tal estudo está ancorado na concepção de trágico nietzschiana, segundo a qual a tragédia se constitui a partir da fusão de duas forças opostas, referentes aos espíritos de Apolo e Dioniso, representantes da aparência e da essência, respectivamente.
Estudo da correspondência de João Guimarães Rosa com os tradutores Edoardo Bizzarri, Curt Meyer-Clason e Harriet de Onís. Observase a importância da correspondência para o trabalho da tradução, no sentido de resolver determinados impasses suscitados pela originalidade do material lingüístico a ser traduzido, e para a compreensão do processo criador. Explicita-se como, para Guimarães Rosa, o diálogo epistolar ? o pacto de colaboração ? que se estabelece entre ele e os tradutores é uma oportunidade para a reflexão a posteriori de seu processo, é o momento propício para assumir os erros e para revelar sua ânsia de perfectibilidade.
Este artigo visa apresentar algumas considerações sobre o mito do pacto em Grande Sertão: Veredas. Percorrendo desde a origem do mito fáustico, procuro analisar alguns elementos que revelam o caráter mágico do texto, tais como as ilustrações cabalísticas, os símbolos astrológicos, e algumas das leis do ocultismo, tendo como referência a Filosofia Hermética e a Síntese da Doutrina Secreta,
de Helena Blavatsky.
A correspondência entre Curt Meyer-Clason, um dos tradutores de literatura brasileira em língua alemã mais premiados em nosso país, e João Guimarães Rosa lança luz sobre os aspectos do ofício e da missão do tradutor, no qual “cada palavra está por fio”. Nessa convivência intensa debatem-se as possibilidades e impossibilidades da tradução, sempre com muita paixão pela arte literária e zelo pelo leitor.
Considerando em paralelo os índices de Corpo de baile e de Tutaméia, o presente trabalho pretende colocar o problema da construção do livro na obra de Gu imarães Rosa. A reflexão sobre a relação entre livro, leitor e releitura proposta em Tutaméia através do desdo bramento dos índices e do trabalho sobre as epígrafes de Schopenhauer prolonga e desenvolve o questionamento que estava patente, de forma menos objetivada, em Corpo de baile. Ao mesmo tempo, o investimento na noção de "parábase" em Corpo de baile é transportado para o jogo com os "Prefácios" de Tutaméia. Coloca-se, nessas classificações, o problema da relação do limiar do livro com o livro, mas também a questão do investimento autoral de que esse espaço se reveste. Trata-se de indicações de (re)leitura que prescrevem e refletem os movimentos do leitor como elemento que possibilita a obra, espelhando a estrutura da relação narrador/ interlocutor encenada em vá rios textos de Guimarães Rosa. Através de uma comparação dos dois casos em análise, tentar-se-á delinear uma cartografia da releitura em Guimarães Rosa como forma de tornar "orgânica" (e viva) a forma do livro (e da escrita) enquanto representação de uma realidade perenemente "movente" e não concluída.
Discute-se o uso da fórmula mire (e) veja em Grande sertão: veredas, em particular, sua ressonância temática e seus usos pragmáticos, e conclui-se que ela é central para a forma como o narrador Riobaldo comunica sua experiência passada. Em um segundo momento, sua dinâmica é comparada àquela da linguagem formular da poesia oral homérica.
Buscando problematizar a separação histórica entre língua e literatura na esfera educacional, faremos neste trabalho reflexões a partir do fio condutor da tradução interlingual como possibilidade de superação dessa dicotomia. Argumentamos que a naturalização da cisão entre língua e literatura tem sedimentado processos educacionais comprometidos com o tecnicismo e, assim, subtraído da pedagogia de língua adicional sua dimensão humanista, através da ênfase exclusiva na cognição e no texto como materialidade referencial. Nesse cenário, a tradução de textos literários e referenciais entre línguas distintas se apresenta como espaço de confluência de práticas que solicitam das tradutoras i. a ruptura com o representacionismo na concepção de língua/linguagem; ii. a ressignificação da língua em face das potencialidades linguísticas que o texto literário inscreve ; iii. a constante reformulação e expansão do repertório de estratégias tradutórias e iv. a assunção de seu papel como agente/interventora na produção e circulação de textos.