O objetivo desta pesquisa é apresentar uma leitura sobre o conto “Sequência” e “Luas de mel” da obra Primeiras Estórias, do escritor João Guimarães Rosa, partindo de estudos teóricos sobre o caráter híbrido dos gêneros e da narrativa poética. Esta pesquisa está dividida em três partes: na primeira, presentamos o autor, bem como a sua obra, contextualizando-o no momento literário brasileiro. Também situamos o livro, objeto de estudo deste trabalho, no contexto de produção do autor. Na segunda parte, fazemos o levantamento teórico sobre os gêneros literários e sobre a narrativa poética, especificamente na obra Primeiras Estórias. Para tanto, utilizamos os escritos de Rosenfeld, que trata do hibridismo dos gêneros, de Rònai e Tadié, no que diz respeito às questões relacionadas ao estudo da narrativa poética em Primeiras Estórias. Finalmente, na terceira parte, apresentamos uma leitura do conto, pelo viés da teoria já anteriormente mencionada, trazendo tanto elementos do texto que evidenciam seu caráter mitopoético, quanto, elementos formais e temáticos que mostram o trabalho do autor com a linguagem, com a simbologia relacionada às personagens e ao espaço, além da estruturação do enredo na abordagem da temática amorosa que o conto contempla. Nessa fase utilizamos os escritos de Nunes, Machado, Galvão, entre outros.
No território corrediço e intervalar das teotopias, um encontro utópico entre paisagens simbólicas, verbo sagrado e poesia demiúrgica poderia abrir extensas linhas de mútua fecundação entre literatura e teologia. É o que se apresenta na hipótese que norteia este ensaio interpretativo do conto “Sequência” (1962), de João Guimarães Rosa (1908-1967). Partimos do pressuposto hermenêutico de que essa narrativa se ambienta no entrelugar de convergência de práticas culturais oriundas de diferentes tradições religiosas, sobretudo do judaísmo e cristianismo, para traçarmos possíveis linhas de interpretação, no que se refere às relações de seres humanos com suas divindades e o além, mas também com os demais entes da Natureza. O percurso dos signos religiosos espelha-se metaforicamente, em palimpsesto, por sob outro percurso — agora para dentro do sertão, do país e de suas conflitivas paisagens culturais. Por esses caminhos concomitantes e sobrepostos, o leitor é conduzido para muito além da escrita, é levado para a urgente necessidade de decidir no decurso da própria indecidibilidade dos signos, da própria indizibilidade de fenômenos como vida e morte, essa sutil matéria com que se levanta, feito uma esfinge, o irrecusável Mistério da existência, na figura de uma mistagógica “novilha pitanga”.
Neste trabalho, nos propomos analisar o conto Sequência, de João Guimarães Rosa (2005[1962]), a partir das contribuições da Ciência Cognitiva Moderna, como estudada por Clark, Nagel, e Dennett, e da Teoria da Mente na literatura, com base nos estudos de Zunshine. Buscaremos um novo olhar para a produção Roseana, um olhar crítico que se desenvolveu a partir do início do século XX, com o avanço da ciência da computação e dos estudos da inteligência artificial, e depois com os estudos de psicologia, filosofia e neurologia, e que deu origem a esse campo multidisciplinar por excelência que são as ciências cognitivas. E por meio desse caminho, queremos repensar a complexidade das relações sociais reais, como interagimos corporalmente com nosso entorno, enfim iremos discutir o fenômeno chamado vida desde a perspectiva de uma vaca literária.
PALAVRAS-CHAVE Guimarães Rosa. Teoria da Mente. Ciências Cognitivas. Crítica literária.
O ensaio “Literatura e subdesenvolvimento”, de Antonio Candido, estabelece a narrativa de João Guimarães Rosa como um ponto de mudança no paradigma de representação da ficção regionalista brasileira ao caracterizá-la como “super-regionalismo”, gerando a proposição de que a produção do autor superaria o dado local. Diante dessa constatação, o objetivo deste artigo é problematizar a ideia de superação do regionalismo em João Guimarães Rosa, observando o modo como o conto “Sequência” articula o sertão geográfico e material a um percurso de amadurecimento do personagem.
Tem este texto a intenção de discutir em que medida ocorre a representação dos monstros e das monstruosidades como construção discursiva no filme A Terceira Margem do Rio (1994), de Nelson Pereira dos Santos, que reúne, num só corpo, seis das Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, Sequência, Fatalidade, A menina de lá , As margens da alegria e Os Irmãos Dagobé.