O presente trabalho faz uma aproximação entre as obras de Guimarães Rosa e Ricardo Guilherme Dicke utilizando como objeto de análise o conto Banzo, de Guilherme Dicke, publicado no livro Fragmentos da alma mato-grossense (2004) e a novela Meu tio o Iauaretê de Guimarães Rosa, publicado postumamente em Estas estórias (1985). As obras são analisadas a partir dos conceitos de construções imaginárias, formulados inicialmente por Gilbert Durand, e natureza e cultura, abordados por Levy Strauss. Embora distintos do ponto de vista estético e narrativo, o conto e a novela abordados trazem em comum a fabulação zoomórfica de personagens, fato que provoca o desnudamento das instâncias imaginárias simbólicas e arquetípicas que desvendam a natureza e a condição humana quando confrontadas com questões fundamentais como a vida e morte, o mal e o bem, o logos e mithos.
Este trabalho propõe fazer um estudo comparatista com duas obras: Grande sertão: veredas (2001) e Madona dos Páramos (2008), do sistema literário brasileiro, cujos escritores são: João Guimarães Rosa, da primeira, e Ricardo Guilherme Dicke, da segunda obra. O objetivo é mostrar as divergências e convergências que ambas as obras tem ao tocarem nas questões do homem no aprendizado da vida. Assim, os elementos a serem analisados estão na relação estabelecida entre personagens e o espaço, que são figuras centrais dessa análise. Desse modo, averiguaremos como os escritores manipulam esses elementos, a fim de mostrar sua importância na construção de significados. Portanto, o que se busca é compreender a força de significação da relação entre o homem e o seu espaço, através da linguagem.