A interpretação do sertão como símbolo do inconsciente, e da vereda como símbolo da consciência em Grande Sertão: Veredas foi formulada inicialmente por Paulo Rónai num ensaio da coletânea Encontros com o Brasil, de 1958. Partindo da definição junguiana de inconsciente como o ignoto do mundo interior, o romance nesse prisma se desvela e estrutura como rede sutil de comunicação (e conflito) entre polaridades: vida e morte, Bem e Mal, mundo interior e realidade social, norma interior e norma coletiva, consciente e inconsciente. O itinerário de Riobaldo pode ser lido como uma busca de conciliação entre opostos, e o pacto com o diabo como a opção pelo poder em detrimento do amor. Monólogo do Homem, do Brasil e do Mundo, o debate ético desencadeado pelo protagonista se torna escolha entre a vida e a morte, com repercussões que envolvem tanto o destino individual quanto o coletivo.