Segundo Guimarães Rosa “a língua é a única porta para a eternidade, mas infelizmente ela está oculta debaixo da montanha de cinza”. Minha intenção, nesta abordagem, é aproximar essa concepção rosiana ao trabalho de Mia Couto, estudando comparativamente o discurso ficcional desses fabulistas singulares, para estabelecer os elementos que fazem da linguagem exercida por cada um deles uma língua metafísica. Meu procedimento de análise será circunscrito às seguintes obras respectivamente: Tutaméia (Terceiras estórias), do autor brasileiro e Estórias abensonhadas, do autor de literatura africana, a fim de mostrar que em ambos a língua portuguesa inventa uma metafísica própria.