O texto pretende apresentar o esboço de uma proposta de avaliação de resultados de tradução literária, em certa medida nos moldes da proposta de Paulo Henriques Britto (2002) para a poesia. A partir disso, o objetivo é ressaltar a diferença entre duas traduções para o inglês de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa (Taylor & Onís, 1963; Entrekin, em curso) a partir de uma breve exposição das “singularidades” do original: daquilo que Meschonnic (2010) poderia chamar de “marcado”.
A partir da situação de obras-limite como Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa (e o Finnegans Wake, de James Joyce, por exemplo) o texto apresenta um argumento em favor da traduzibilidade da literatura como tal e, especialmente, das obras literárias mais radicais, propondo inclusive que essa sua radicalidade torna ainda mais central sua condição de “traduzíveis”. Ao longo de uma comparação entre obras literárias, musicais e pictóricas, e seus diferentes conceitos de original e reprodução, o texto sustenta que a reprodutibilidade é por necessidade corolário da base linguística da literatura, o que acarreta a traduzibilidade necessária como premissa menor, derivada, e, portanto, quase inquestionável.