Como os sonhos esfingéticos que acometem José, filho de Jacó, na passagembíblica, também Guimarães Rosa, em seu Grande sertão: veredas (1956), “instauraa completa desordem no coração de Riobaldo” (REINALDO, 2005) a partir deuma canção entoada por alguém sem rosto, quase ausente, uma voz imaterialque ecoa pela noite e passa a pulsar em Riobaldo durante toda a sua jornada.A canção de Siruiz trata da busca do conhecimento de si e do outro através dadecifração de um enigma que engloba o “redemunho” da própria existência deRiobaldo. Ao ouvi-la, ele tem sua “iniciação”, prova do fruto proibido, mergulhanos “remansos” do São Francisco, largando a pacata vida abastada ao lado dopadrinho Selorico Mendes para lançar-se ao seu destino, à aventura da vida dejagunço e do amor proibido por Diadorim, a “moça virgem”. Envereda-se, a partirde então, no grande sertão que é o mundo. O caminho do jovem Riobaldo estátraçado e nem ele mesmo sabe. Assim como não pode fugir da força arrebatadoradaquela canção, também é impossível fugir de seu destino.
O propósito desta investigação é analisar as unidades rítmicas (pés) dos versos da canção de Siruiz, de Grande Sertão: Veredas, determinar se há relação entre os ritmos dos versos e as imagens do poema e avaliar se há algum sentido a ser extraído do ritmo do poema e que complemente o sentido de suas imagens e de seus sons. Hipotetiza-se que o ritmo da canção de Siruiz contenha informações importantes que correspondam satisfatoriamente ao sentido expresso pelas imagens e pela sonoridade do poema, fato que contribuiria para uma maior compreensão desse importante poema presente em Grande
Sertão: Veredas.