Em 1956 e 1964, o artista plástico Poty Lazzarotto ilustra as capas Corpo de baile, obra do escritor mineiro João Guimarães Rosa. A articulação entre palavra e imagem, ou melhor, entre o texto rosiano e o desenho de Poty é a questão central desta pesquisa. A partir do conceito de tradução intersemiótica, cunhado por Roman Jakobson e discutido no âmbito da arte contemporânea por Júlio Plaza, é possível pensar a tradução para além dos limites da língua, alcançando outros horizontes de linguagens. O conceito de tradução intersemiótica refere-se ao processo de interpretação de um sistema sígnico em outro, ou seja, a tradução criativa de um sistema de linguagem para outra. Neste estudo, debruçamo-nos sobre a obra Corpo de baile, produzida pela Livraria José Olympio Editora, sobretudo a primeira edição, publicada em 1956, inicialmente em dois volumes; e a terceira edição, em 1964, dividindo a obra desde então em Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém; e Noites do sertão. Sublinhamos as aproximações e afastamentos entre a palavra e a imagem a fim de discutirmos os aspectos plásticos e textuais nessas duas narrativas, tanto escrita quanto imagética. Corpo de baile é composto por sete novelas que convergem entre si, estórias que contam estórias. A partir do deslocamento de personagens e estórias que se cruzam, alguns autores percebem unidade nesta narrativa. Entendemos que a unidade neste texto rosiano ganha dimensão plástica nas imagens de Poty, que propõem novas formas de interpretação e diálogo.