Esta dissertação se ocupa em analisar o dito pacto diabólico, bem como os pactos
entre as personagens, no romance Grande Sertão: Veredas (1956), de João
Guimarães Rosa. A pesquisa é empreendida com aporte nas contribuições e
discussões dos estudos de Agamben, Seligman-Silva, Suzi Sperber, Utéza e
Albergaria. A obra aqui estudada se configura como uma abertura ao múltiplo,
compreendendo elementos que fazem as noções de pactos remeterem a visões de
religiosidades, ocultismos e a vínculos entre os personagens cujas existências são
marcadas pelas incertezas de viver no sertão, contratos os quais se fazem e se
revelam na teia narrativa. A discussão é feita a partir da conjectura de que é menos
relevante responder se o instante do pacto nesta obra de Rosa efetivamente ocorreu
e mais plausível de ser interpretado como reflexão em torno da condição humana,
isto é, das vontades inerentes ao ser e do emaranhar das relações interpessoais. A
hipótese, então, é que à medida que o romance é analisado, ressalta-se que o pacto
de vida por Diadorim, o pacto de confissão com o narratário e os pactos de respeito
e lealdade com mestres jagunços na obra de Rosa são reverberações do pacto
diabólico, que tem tons tão peculiares na sua inventividade literária.