O presente artigo discute a posição do narrador diante da impossibilidade de apreensão total dos objetos do/no mundo. Para refletir sobre a problemática desafiadora que é a posição daquele que narra, buscaremos apoio teórico em Adorno (2013). Por meio desse teórico, nosso objetivo é refletir sobre uma possível experiência do narrar diante da pluralidade que é encoberta pelo (falso) aparente. Para compor o corpus de análise para este trabalho, selecionamos o conto O espelho, de Guimarães Rosa, presente no livro Primeiras Estórias, publicado em 1962. Trata-se de um livro em que o autor mineiro trabalha com pequenas “estórias”, permeadas por diversos tons: jocoso, erudito, lírico, sarcástico, místico e, principalmente, popular.