Este trabalho tem como objeto de estudo os contos de Sagarana. primeiro livro de Guimarães Rosa, publicado em 1946, que marcaria definitivamente a literatura brasileira, uma vez que nos deparamos com a construção de uma nova linguagem, em que a Língua Portuguesa surge recriada através da associação de uma linguagem culta ao falar sertanejo, sempre com uma sensibi1idade que funde num conjunto inédito: arcaísmos, neologismos, expressões regionais e a linguagem literária propriamente dita. Dentre os nove contos que compõem a obra, selecionaremos os seguintes, para serem analisados: "O Burrinho Pedrês" , Traços Biográficos de Lalino Salãthiel ou A volta do marido pródigo , São Marcos" e A hora e vez de Augusto Matraga". Entre as hipóteses que organizam e fundamentam o fio condutor deste trabalho, abordaremos a estética das narrativas, o processo criador e a oralidade, ou seja, como Rosa traduz esse mundo da oralidade, recuperando a fala arcaizante na construção de sua narrativa escrita. Utilizaremos no desenvolvimento das questões propostas e desenvolvidas nesta pesquisa, o raio de abrangência vinculado ao suporte teórico da Paul Zumthor, Câmara Cascudo, Sílvio Romero; Antonio Candido e Alfredo Bosi, entra outros. Veremos, portanto, no decorrer das narrativas, como são empregadas as expressões populares que lhe dão origem. Serão destacadas, nesse processo, citações que demonstram a presença dos costumes do povo, traduzidos por intermédio de quadrinhas, cantigas, lendas, mitos, anedotas e provérbios. Dessa forma, veremos que as manifestações da cultura popular falarão por si, e o pensamento rosiano se fará conhecer através da arte da linguagem utilizada para o leitor do texto. Veremos a vivência do povo transmudada para a arte.