São múltiplas as epidemias na obra de Gabriel García Márquez, de esquecimento, de insónia, de doenças reais e imaginárias. Uma delas, talvez a principal, é a guerra civil, como uma grande epidemia que arrasta personagens para delírios e famílias e povos para herdar o ódio eterno. Desde seus primeiros contos, no final da década de 1940, a morte é sem dúvida um dos eixos de sua grande obra narrativa que continuará em seus grandes romances e é, junto com o amor, um dos grandes temas de sua obra e de sua vida como pode ser visto em suas memórias, Vivir para contarla. Em nosso artigo abordaremos o tema da doença e da pandemia em Cem Anos de Solidão e em Amor em Tempos de Cólera. Para isso, dialogaremos com as teorias do filósofo e médico francês Georges Canguilhem e seu já clássico livro, O normal e o patológico.