Em Dão-lalalão, Soropita apresenta-se mergulhado em
devaneios. As vozes deste e as do narrador alternam-se, assim como
o espaço ficcional e o espaço psicológico, fruto da imaginação do
protagonista. Desenrolam-se, pois, duas ações: no plano ficcional e
no plano psicológico, isto é, nos devaneios e lembranças de Soropita.
O devaneio é um estado psíquico entre o sono e a vigília que apresenta
as mesmas características do sonho. O exame desses elementos
psicanalíticos – os devaneios e as lembranças –, segundo os estudos
de Freud e Lacan, conduzirá o leitor a camadas mais profundas da
compreensão do texto roseano.