In his only novel, Grande sertão: veredas (1956), João Guimarães Rosa combines a detailed, complex exploration of the physical characteristics, fauna, and flora of the region where the novel is set with a keen concern about the acts of narrating and reading. As this article argues, both preoccupations find points of intersection in the very materiality of the book: in its long length, lack of internal subdivisions, and labyrinthine narration. At the same time, elements of this landscape, most notably its rivers and birds, metaphorically shape the novel’s approach to narration and the modalities of reading it encourages. By bringing together ecocriticism and narrative theory, this article proposes that Grande sertão: veredas explores a material facet of mimesis, through which the materiality of the book, the problems of narration and reading, and the natural elements of the sertão mirror each other and multiply the mimetic density of the work.
A proposta primeira da dissertação Contra a Luz: insônia, prosa de ficção e Graciliano Ramos é a de investigar desdobramentos narrativos do tema da insônia na prosa de ficção da primeira metade do século XX. O primeiro capítulo, de um lado, traça um panorama histórico-literário da insônia da Idade Média ao século passado e, de outro lado, propõe algumas considerações de cunho psicanalítico sobre o tema. Pretende-se, assim, estabelecer alguns argumentos-chave que se desenvolverão ao longo dos capítulos subseqüentes, a saber: o de que a escuridão e o vazio noturno são altamente propícios à concentração na reflexão em detrimento da ação e que, portanto, possibilitam uma excepcional exploração da subjetividade dos personagens em questão. O segundo capítulo pensará tal situação no contexto da prosa de ficção moderna, a partir de breves estudos das obras Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust; Livro do desassossego, de Fernando Pessoa (sob o heterônimo Bernardo Soares); “Funes, o memorioso”, de Jorge Luis Borges; e “Buriti”, de João Guimarães Rosa. Assim, serão expostas as maneiras pelas quais, nessas obras, as cenas de insônia mostram-se essenciais tanto à proposição de uma reflexão sobre a própria construção da narrativa, quanto permitem o aprofundamento psicológico dos personagens e o experimentalismo formal. Estes dois eixos permearão a Parte II da dissertação, que terá por foco a obra de Graciliano Ramos. O terceiro capítulo analisará a insônia do personagem Paulo Honório, no romance S.Bernardo, em relação à composição da narrativa feita por ele em suas noites em claro. O quarto capítulo, dedicado ao romance Angústia, investigará a instalação de um clima angustiado e de experimentações narrativas a partir das noites insones de Luís da Silva. Por fim, o quinto capítulo, abordando os contos “Insônia” e “O relógio do hospital”, traçará algumas conclusões sobre a função da insônia no estilo de Graciliano Ramos, e proporá também algumas considerações finais acerca de toda a dissertação.