Partindo da hipótese de que os contos de Primeiras estórias contenham as “Segundas estórias” jamais publicadas, este artigo propõe um método de leitura para o livro como um todo exemplificado com a análise de um deles, “Famigerado”.
O presente texto procurar proceder a uma aproximação entre as obras de Guimarães Rosa e Cornélio Penna. Para isto, procura demonstrar como um elemento não racional – a ligação dos personagens com a terra – é mobilizado de forma semelhante pelos dois autores. Em seguida, analisa como esse elemento permite constituir uma imagem dos impasses sociais no Brasil.
Por meio da análise de dois contos, “Banzo” (1913), de Coelho Neto, e “A Favela que eu vi” (1924), de Benjamim Costallat, este trabalho propõe uma discussão a respeito de um conceito corrente e fundamental na historiografia literária brasileira: o regionalismo. O objetivo é estabelecer que a literatura rural nem sempre está assim tão distante da urbana. Procura-se demonstrar que o problema central de representação literária do regionalismo, ou seja, a distância que existe entre o narrador urbano, letrado, e os personagens rurais, iletrados, também se manifesta claramente entre aquele narrador e os personagens pobres radicados em ambientes urbanos marginais.
Guimarães Rosa e Clarice Lispector têm sido vistos como fenômenos isolados em nossa história literária, como se eles inaugurassem caminhos de todo inéditos em nossa literatura. Este trabalho procura mostrar que essa sensação se deve menos à obra desses dois autores do que à visão pouco abrangente que se cristalizou acerca da geração que os antecedeu. De fato, um olhar cuidadoso sobre o romance de 30 demonstra que o sistema literário brasileiro estava pronto para o surgimento de Guimarães e Clarice nos anos 40.