O presente tem a finalidade de apresentar um estudo sobre o universo que compõe as necessidade existentes e devem embasar os livros que são disponibilizados à leitura dos alunos deficientes. Essa investigação se justifica pela importância que o professor-mediador de língua materna, da educação básica, seja pública ou privada, desempenha no processo ensino-aprendizagem dos deficientes, no Brasil (dificuldades, incompreensões, estereótipos e desafios) e relacionar tais considerações a alguns personagens que fazem parte da Literatura Brasileira. Nesse contexto, procura-se descortinar impressões, discursos dominantes e valores intrínsecos da sociedade, sobretudo, no século XIX. Para isso, faz-se uma analogia com algumas obras europeias que foram veiculadas antes da Primeira Guerra Mundial e o que foi mudando nos contextos subsequentes, quanto â maneira de se abordar os deficientes. O estudo baseia-se nos estudos de Dowker, Figueira, Dalcastagnè e Barros, quanto à parte específica; nas produções de Assis, Guimarães e Rosa, quanto às obras literárias utilizadas e, ainda, nos estudos de Heidegger, quanto ao poder da leitura. Esta empreitada se deu, primeiramente, pela curiosidade de ler as obras com um olhar específico: a forma que os deficientes são apresentados no meio literário e, depois, pelos milhares de brasileiros nessas circunstâncias, sejam crianças, jovens e adultos.
Este trabalho dissertativo objetiva a análise das obras História de Roberto do Diabo, de Leandro Gomes de Barros, O Ermitão de Muquém, de Bernardo Guimarães, e “A hora e vez de Augusto Matraga”, de João Guimarães Rosa. Evidencia a estreita ligação entre elas, através dos elementos temáticos e formais que as compõem. Assim, num primeiro momento, dedica-se á constituição do referencial teórico e histórico, onde trata das características gerais das obras em questão e das respectivas fortunas críticas. Num segundo momento, traça a ascendência histórica de História de Roberto do Diabo. Em seguida, analisa a versão brasileira desta narrativa, folheto escrito por Leandro Gomes de Barros. Prosseguindo, o mesmo processo de análise se aplica ao primeiro romance de Bernardo Guimarães, O Ermitão de Muquém. Assim, destacados os elementos formais relevantes, é feita uma análise comparativa entre romance e a versão portuguesa da narrativa, em prosa. O mesmo processo de análise se repete com “A hora e vez de Augusto Matraga”, a fim de compará-lo com o texto de referência. Por fim, as análises comparativas apresentam os pontos de contato e distanciamento entre as obras em questão e direcionam para um diálogo entre elas. Conclui-se que, apesar das notórias evidências, não há como afirmar um parentesco direto entre elas. Contudo, noutro sentido, o nível de verossimilhança observado em cada uma delas indica uma atualização de sentidos para uma mesma linha narrativa geral, capaz de interligá-las, criando um diálogo literário que ultrapassa séculos, gêneros e estilos.